Capítulo 11 Retorno

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Ravel

Ravel acordou na manhã do segundo dia, agora estava realmente bem, praticamente não havia sinais do veneno em seu corpo, apenas restara a ferida em seu pescoço ganhada no combate, ainda vermelha e dolorida. Ela estava deitada sobre o grande dragão, encostada à barriga dele, que a aninhava como se fosse um filhote desprotegido. Era estranho, pois sentia-se sendo ela própria ao mesmo tempo que o dragão, e o que compartilhavam era único, diferente de tudo que já lera em livros sobre essa ligação. Desde que ela chegara ali parecia que nada mais importava, afinal eles estavam juntos, ela poderia viver toda a vida naquela caverna sem pensar duas vezes, mas não podia.

- Eu preciso voltar para casa. - disse ela em voz alta, mas não precisava, mesmo que apenas pensasse ele a ouviria.

- Você tem certeza que quer isso?

- Sim.

- Então eu irei com você, agora somos um.

Ela estava tão feliz que Mehnir a tinha aceitado, ele era tão poderoso e selvagem, e com a idade que tinha certamente nunca pertenceria a ninguém, ele mesmo garantiria isso matando todos que tentasse o domar como fizera por tanto tempo, mas ele próprio escolhera se unir a ela.

Mehnir levantou, o corpo robusto se elevando acima dela, ele era tão grande que suas costas roçava o teto de pedra da caverna que tinha mais de dois metros de altura. Ele abaixou o tronco em direção a Ravel.

- Suba. - Ela já havia voado nas costas dele, mas quando o fizera estava praticamente inconsciente e nem se lembrava. Dessa vez fora muito diferente, ela estava bem acordada, Ravel voara uma vez em um balão de ar quente, mas isso era muito diferente. Mehnir era muito rápido e voava alto, acima das nuvens mais baixas, passando de algumas cúmulos nimbos, ele atravessou uma nuvem e quando saíram estavam molhados com as gotículas de água. O vento assobiava em seus ouvidos com a velocidade que viajavam.

No caminho Ravel viu do alto a cicatriz deixada na floresta pelo incêndio que Mehnir havia iniciado ao resgatá-la e lembrou-se de ter sido salva por ele. Ela sabia que o que tinha se iniciado naquele dia duraria para sempre, assim como você sabe que sempre amará seu filho, não importa o quão monstro ele seja sempre parecerá um anjo.

Logo após a floresta de cinzas havia um exército marchando em direção à casa dela. Não era um exército tão numeroso e nem tão forte ou bem armado e tinha apenas três dragões, mas algo no pequeno grupo que o liderava fazia Ravel temer um confronto que era cada vez mais inevitável.

Repentinamente uma tropa parou ao notá-los e atiraram projéteis contra os dois, Ravel deu um comando e Mehnir aumentou a altitude, ficando inalcançável.

Os paladinos montaram seus dragões e alçaram voo para alcançar Ravel, mas Mehnir era mais forte e mais rápido do que eles, sendo assim não teve dificuldade de se ver livre dos seus perseguidores que ficavam cada vez mais distantes.

Mehnir logo chegou próximo aos portões da cidade e para a surpresa de Ravel eles foram recebidos com a escolta de dois dragões e seus paladinos.

Um deles mandou Mehnir pousar, como ele era teimoso e brigão queria lutar, mas Ravel interveio antes que ele os atacasse.

- Você não pode lutar, eles são meus compatriotas, não são nossos inimigos.

- Se é assim que deseja. - Ele não conseguia entendê-la, como podia não serem inimigos se eles estavam os seguindo e ameaçando, mas ele fez o que ela pediu, mergulhou como um projétil e em segundos estavam no chão.

Os dois paladinos pousaram aos lados de Mehnir, prontos para reagir à um possível ataque. Eles usavam as cores e o emblema de Soren, mas não a reconheceram.

Erin, A Chave Dos MundosWhere stories live. Discover now