Capítulo 63: Medo

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Erin pegou todos os desenhos que fazia parte do ritual de troca de vida e copiou aqueles que tinham sido feitos na parede ou no teto.

- Carter!... - um chamado carregado de esperança ecoou do corredor, não parecia que esperava resposta, era como um pedido, um de muitos que não seria respondido e que chamava não esperava que essa vez fosse diferente, mesmo que ainda sentia a necessidade de correr para o quarto de Carter à cada ruído que ouvia, mesmo que aos olhos de todos isso parecia loucura.

Mas dessa vez os olhos marejados de Kaddy encontraram os de Carter, um sorriso incrédulo se estampou em seu rosto, antes dela correr para os braços do filho sem ver ninguém mais ao redor, mesmo Ravel ainda estando ao seu lado, ambos de mãos dadas.

Kaddy o abraçou ainda sem acreditar que seu filho estava ali, as lágrimas que rolaram por seu rosto por três anos pareciam renovadas, pois elas continuavam a cair.

Kaddy chamou com urgência por seu marido. Whit subiu as escadas para o andar superior sabendo que sua esposa havia entrado no quarto do filho e se descontrolado novamente, precisava acalmá-la mais uma vez, mas ficou estático na porta ao deparar-se com a esposa nos braços do filho que havia sumido à tanto tempo e não era apenas um fantasma de um sonho criado por algum deus impetuoso para fazê-lo sofrer, Carter estava vivo.

Whit não acreditava totalmente na mulher, era ilógico demais para acreditar sem provas irrefutáveis, mas ele conseguira uma licença no jornal em que trabalha para cuidar da esposa e desde então escrevia a matéria de casa. Kaddy estava obcecada pelo trabalho, ela acreditava que seu filho havia entrado no seu experimento e migrado para outro mundo, descobrira isso por si mesma, mas ninguém acreditava que seu portal havia funcionado antes de ser destruído pelo fogo, a polícia desistira de procurar por ele quando completou um ano de seu desaparecimento e inventavam muitos boatos do paradeiro dele, mas ela sabia a verdade e fez todo o possível para reconstruir o portal e assim abrir um caminho até seu filho, mas agora não precisava mais, pois ele havia voltado.

Erin terminou antes que Carter chegasse à metade de sua história que descrevia com mais detalhes do que ela havia dito aos seus pais. Carter apresentou Ravel à eles e por um momento aquele parecia ser um dia bom, idealizado por muitos, onde eles conversariam sobre os planos para o futuro em um almoço espacial para comemorar o reencontro tão esperado e apresentar a namorada, talvez noiva aos seus pais e não o dia decisivo que era, ele marcaria o fim de Desmontt ou o início de seu reinado.

Eles ainda tinham algumas horas antes da batalha final se iniciar. Desde que Erin regenerou Desmontt por completo ele não podia mais ser morto por causas naturais ou por ferimentos, apenas a magia que deu à ele uma nova vida poderia a tirar e para isso era necessário que o eclipse estivesse em seu auge, o que ainda demoraria um pouco, então dava para eles fingirem que tudo estava bem e caso falhassem, ao menos haviam tido esse momento.

Erin abriu uma fenda até a cripta de Levi e atravessou sozinha, deixando os amigos terem um último momento de paz e ela também o teria.

Erin terminou a parte do ritual que cabia a Levi, desenhou no peito e braços do garoto os símbolos que formavam uma espiral, a tinta da caneta simples se tornava marcas eternas na pele e quando ela desenhou o último cravou o punhal no peito.

Ahri estava ajoelhado no chão ao lado do irmão, o encarava com expectativa, esperando ansioso para vê-lo abrir os olhos, mas isso não aconteceu e ele quebrou o silêncio.

- E agora? - perguntou ahri um tanto cético ao não acontecer nada.

- Esperamos, os punhais servem como um canal por onde a vida de Desmontt irá fluir para Levi e o teremos de volta.

- Então basta que o outro punhal seja enterrado no corpo de Desmontt?

- E que você retire o punhal de Levi quando ele der seu primeiro suspiro.

Erin, A Chave Dos MundosWhere stories live. Discover now