Capítulo 44: Escalada de Tensão

773 127 47
                                    

Ravel

Uma serviçal dos Draien ouviu muito barulho quando passava pelo quarto de Ravel, ela sabia de tudo que estava acontecendo nos últimos dias e os Draien estavam inteiramente envolvidos nisso, a guerra contra Desmontt e a ameaça de guerra com os Mattel, talvez a jovem Ravel estava sendo atacada pelo inimigo em sua própria casa ou fosse outro ataque dos Mattel, como o de Doriah à vida de Kahri.

Ela largou os utensílios de limpeza pelo chão e correu para alertar algum vigia. Para sua sorte ao virar pelo segundo corredor em direção ao pátio viu Ariel vindo em sua direção e tratou de avisá-lo.

Quando Ariel chegou para acudir a sobrinha, ela não precisava mais de ajuda, a mulher estava imóvel em suas mãos, imobilizada com um movimento preciso, fazia força para se libertar, mas Ravel a prendia sem chance de fuga. Ariel agiu rápido, usou uma de suas porções artesanais para paralisar Easi, pingou apenas duas gotas na testa dela e a magia fez o resto.

O corpo amoleceu, o braço relaxou e soltou a adaga que caiu tilintando, por alguns segundos foi todo o som do local.

Ariel foi até Ravel, vê se ela não estava ferida e a serviçal chamou pelos vigias para carregar Easi até uma cela.

Ravel explicou tudo que sabia e o que aconteceu, contou sobre o que suspeitava e o aparecimento de Easi era uma prova que estava certa, Desmontt havia tentado destruir a coalizão colocando a Casa Draien contra os Mattel, só precisavam de uma confissão.

Ariel foi resistente em aceitar a presença de Ravel na tortura de Easi, mas cedeu à insistência dela. Quando Ravel entrou na cela de Easi ela estava molhada de suor, se debadia e gritava como se a pele de seu rosto estivesse sendo arrancada à força, mas ninguém tocava nela.

Easi se manteve calada enquanto Ariel se aproximou dela e ameaçava intensificar sua dor, ele tinha experiência em torturar pessoas e devido a sua habilidade de infligir dor sem causar lesões poderia estender aquilo por meses sem esforço algum e sem risco algum à vida de sua vítima.

Ariel não gostava disso, ter a habilidade de infligir dor, era tão mais bonito o de Erin, salvar vidas, mas algumas vezes como agora era útil e nem mesmo a pessoa mais forte resistiria a ele por muito tempo.

Easi não disse nada na pausa que ele fez para persuadi-la a revelar tudo o que sabia, mas vendo que ela ainda não diria nada caminhou até uma mesa posta no centro da cela, havia muito pequenos potes coloridos, em cada um não cabia mais que algumas gotas do que estivesse dentro e só Ariel podia os manipular com segurança.

Ele pegou um de cor verde claro, o líquido dentro era escuro e mudava a tonalidade do vidro, Ariel o segurou entre dois dedos e o elevou contra a luz que vinha do canto da cela.

- Sabe o que é isso? - perguntou e esperou por alguns segundos antes de voltar a falar, como se esperasse uma resposta que obviamente não chegou - Isso são lágrimas de um dragão, é muito difícil de os adquirir, quanto mais velhos os dragões são mais escuras são suas lágrimas e esse é especial para mim, o dragão mais velho que eu já vi, era de meu avô e eu colhi essas lágrimas do dragão já sem vida quando meu avô morreu, mas sabe, em um organismo como o nosso, o sangue de um dragão tem muito poder e pode salvar sua vida, mas as lágrimas são terríveis, uma única gota e você irá chorar de dor por semanas... Tem certeza que quer sentir isso?

Easi continuou calada, todos sabiam que a lágrima de um dragão era terrível, mas ela sabia que seria morta de qualquer jeito, então não trairia Desmontt, mesmo ele a abandonando caso ela falhasse, mesmo que ele tenha visto ela apenas como um meio de atingir seus mais ambiciosos desejos. Ela não trairia o homem que ama, mesmo ele ainda só pensando em Kazzandre.

Erin, A Chave Dos MundosWhere stories live. Discover now