Capítulo 26 Aliança Dissolvida

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Ravel

Ravel acordou cedo na manhã em que Erin abriu a passagem para o terceiro mundo, ela ficou a noite toda planejando seu dia seguinte e agora já tinha tudo em mente, cada passo que daria, mas hesitava em por em prática.

Ela pegou a aljava de flechas no arsenal e se dirigiu ao estábulo onde estava Mehnir. Nascido para dominar os céus seu dragão não estava feliz no local e Ravel sentia isso em seu próprio humor.

Servos estavam terminando de vestir Mehnir com uma armadura de dragões. O metal tilintava quando ele se movia incomodado com as chapas de aço temperado.

- Sabe que não preciso de nada disso. - disse Mehnir sem expressar som algum, mas que para Ravel se assemelhava à um trovão.

- Eu sei... Mas isso irá te proteger.

- Irá me deixar mais lento. - reclamou.

Ravel se aproximou de seu dragão e acariciou o pescoço do enorme animal que tanto estimava. Encostou a cabeça na dele e mesmo através da pele gelada sentiu o calor dos sentimentos que os unia.

- Eu não sei o que fazer...

- Seu coração nos trouxe aqui e irá nos tirar daqui.

Mehnir virou a cabeça em direção à porta e mostrou as presas em sinal de que estava pronto para atacar, ele estava visivelmente alterado por causa da pessoa que entrou no local.

Ravel olhou para quem o incomodava e viu Easi, a acólito que já fora Sarcedotisa e agora servia Desmontt.

- O que você quer aqui? - perguntou Ravel usando um tom agressivo para mostrar que ela não era bem vinda. Se Mehnir se incomodava com ela, Ravel também se incomodaria.

- Só vim lhe dar um aviso, cuidado com o que você irá fazer, Desmontt não é ignorante e apenas Mehnir tem real valor à ele...

- O que quer dizer? - perguntou ela, mas foi inútil, Easi a ignorou e caminhou devolta à porta.

Desmontt estava invadindo mais uma casa, os Verdah, a casa que melhor domina a magia. Eram o alvo nesse momento por estarem usando sua magia para ocultar a presença da passagem para o outro mundo. Ninguém sabia as intenções de Desmontt, mas ele tinha real interesse nesse mundo e já que nenhuma casa é capaz de enfrentá-lo em campo de batalha, atrasar seus planos já era uma grande vitória.

Ravel desceu de Mehnir no meio da praça central da cidade inimiga e se juntou à batalha, esta casa não possuía vantagem em números de soldados, mas cada um deles, mesmo cidadãos e crianças possuíam conhecimento avançado em magia e matar cada um deles era demorado e trabalhoso. Com uma espada dada pelo quarto acólito Lender, o forjador Levi se destacava na batalha, saindo vencedor de cada luta que travava de uma maneira que Ravel nunca imaginou ver seu irmão ser capaz.

Levi jamais seria um bom guerreiro, todos sabiam disso e estavam conformados, ele era o casula da casa Draien, não precisava ser, outros lutariam suas batalhas e após a morte de Kahri, Ahri garantiria sua segurança, no entanto agora lutava como um guerreiro que fora treinado para a guerra durante toda a vida, suas mãos que um dia foram puras e imaculadas agora estavam sujas de sangue e morte, e a culpa disso era de Ravel.

Ver Levi agir assim machucava Ravel mais que qualquer outra coisa, mas o que poderia ter feito de diferente, aceitar sua morte era doloroso demais para suportar. Já bastava a morte de sua mãe, fato que sua família ainda não se recuperou e não permitiria que a família fosse completamente feliz novamente.

Ravel era uma das melhores guerreiras de sua geração, sempre mostrara aptidão para lutar e era melhor ainda lançando flechas, jamais errara um alvo, mas nessa batalha havia errado três. Sua concentração estava em Levi e suas flechas acertavam mais os inimigos do irmão que os seus próprios, ela não permitiria que ele fosse ferido novamente, naquele dia ela não pode proteger ela, mas jamais falharia novamente.

Erin, A Chave Dos MundosWhere stories live. Discover now