Capítulo 17 Aliança com o Mal

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Para Ravel não havia passado nenhum segundo desde Erin partira daquele mundo e voltara, para ela o mundo havia acabado, desmoronado em cima dela esmagando-a com uma dor mil vez pior que a morte.

Ela levantou-se decidida, chorar era para as garotinhas assustadas e ela não era uma garotinha assustada, ela iria agir. Conhecia maneiras de trazer os mortos de volta à vida, não dominava essas técnicas, mas sabia que era possível e sabia que isso a modificaria, modificaria Levi, no entanto ele voltaria e não importava o preço valia a pena ser pago.

Primeiramente levantou-se, a dor se tornando ódio. Encaminhou-se até Erin e lhe deu um soco, o golpe fora tão forte que a garota magra foi atirada ao chão no mesmo instante. Erin ficou aturdida por um instante e então encarou o corpo inerte de Levi sem se importar de levantar ou revidar o golpe. Ela nem sentia a dor no rosto, estava entorarecia que nada mais no mundo existia, apenas a sua promessa ainda dita em sussurros.

- Não sei quem você é! - disse Ravel com raiva, estava fora de si. - Mas desde que chegou aqui tenho a impressão que não é nada bom. Eu sei que aquela mulher na batalha de ontem estava atrás de você e por isso nos atacou, ficou óbvio que você era o alvo dela.

Ela parou por um instante esperando a reação de Erin que não veio e então continuou.

- O Ahri se feriu e Levi está morto por sua culpa! Eu ouvi você incentivando ele a fazer o ritual de troca com o dragão moribundo, você matou! - gritou ela, Erin não era totalmente culpada, Levi havia feito sua escolha, a culpa de sua morte não recaía sobre os ombros de ninguém e Ravel sabia disso, mas não conseguia ver desse jeito, seu coração culpava Erin e o coração de Erin se culpava por isso, então não se defendeu.

Erin parecia nem está ali, estava absorta em sua própria dor, fechando como dentro de uma carapaça e Ravel precisava extravasar seus sentimentos ou eles a consumiria por dentro.

O pai de Ravel tentou controlar ela, tentou fazê-la recobrar o comando racional de suas ações, contudo não houve jeito. Ravel partiu em disparada, correu dali como se sua vida dependesse disso e parecia depender. Ela precisava ficar sozinha, precisava se afastar de tudo e de todos e quando estivesse pronta partiria em sua nova jornada, a que escolhera tomar para si, dominaria a magia proibida da morte e traria seu irmão de volta.

***

Se passaram três dias desde o sumiço de Ravel, alguns homens se reuniram para procurar por ela quando a noite caiu, mas nada encontraram, mesmo seu dragão sendo imenso e o mesmo se repetiu nos dias seguintes. Ravel parecia ter sumido do mundo como se nunca tivesse existido.

Assim que Ravel deixara o local às pressas ela se refugiou em uma clareira que costumava brincar com os irmãos. Tudo a fazia se lembrar de Levi, de seu sorriso enquanto ela o empurrava no rio ou quando ele se encolhia de medo dos sons da floresta ao passarem a noite ao relento após acamparem e como ele a procurava quando estava com medo.

Também lembrava de momentos felizes, mas agora eles doíam tanto, era insuportável, sufocante e ela queria fazer qualquer coisa para essa sensação passar, sentia vontade de abrir o peito e tirar o coração fora e faria se isso fosse diminuir um pouquinho sua dor.

Dor que se transformava em sentimentos ruins, ódio principalmente, ódio da Erin, de seu pai, de Ahri e dela por não ter o impedido, ódio daquele teste idiota, daquela cidade e de todos que viviam nela. Ela sentia vontade de agir como deus, destruir tudo e recomeçar o mundo do zero, um mundo melhor do que este.

Ela precisava fazer algo, precisava agir ou enlouqueceria e então se decidira deixando o ódio e a força a dominar em vez da dor. Ela levantou-se decidida e chamou por Mehnir, ele demorou alguns segundos para responder e ela pensou que ele não o faria, mas assim que pediu para ele encontrá-la Mehnir levantou vôo e foi para o meio à floresta, onde ela se encontrava.

Ravel subiu nas costas de Mehnir e eles voaram pelos céus, mas dessa vez não houve espaço para diversão ou admiração, havia apenas um vazio se preenchendo por um sentimento negro que ela desconhecia e jamais imaginara ser possível sentir.

Ela sabia quem possuía poder para trazer uma pessoa do mundo dos mortos e sabia onde encontrá-los. Havia boatos que haviam trazido Desmontt dos mortos após mil anos que ele deixara este mundo, se tivessem sido capazes de trazer ele de volta à vida seria fácil trazer Levi e se fossem só boatos ela mataria todos para acabar logo com a guerra que se mostrava cada vez mais iminente.

Ravel precisava apenas de uma moeda de troca para consegui que fizessem seu desejo e já sabia o que seria. Agora era só colocar em prática.

Duas horas depois Ravel estava ajoelhada aos pés de Desmontt, seus acólitos estavam à procura de Mehnir e jamais imaginariam que ele viria até eles e sem intenção de lutar. Ele sentando em seu novo trono do país recém-tomado, imponente e pomposo como um rei de verdade, como fora criado para ser, mas que lhe roubaram, agora sua cidade natal lhe pertencia assim como era para ter sido mil anos atrás e logo o mundo seria seu, não apenas este mundo, todos os mundos, precisava apenas encontrar a chave que abriria suas portas.

Ravel olhou para a frente e sentou-se sobre os calcanhares encarando Desmontt frente à frente, não sabia de onde vinha esse sentimento novo, mas admirava Desmontt, queria ser como ele, ter o que ele tinha, principalmente seu poder.

Os guardas de Desmontt se alarmaram quando ela tirou um punhal da cintura e apontaram suas lanças para ela, idiotas. Se quisesse Mehnir se libertária das correntes que o prendiam voluntariamente enquanto a reunião se desenrolava e mataria todos presente ali e Desmontt sabia que ele tinha poder para isso.

- Eu Ravel da casa Draien, filha de Kahri, juro fidelidade eterna a você Desmontt, o do imperador dos mundos e à sua causa, dando minha vida se assim necessário. - disse ela cortando a própria palma e deixando o sangue escorrer pelo piso liso de mármore branco, mas a maioria caindo em uma de taça de cristal.

- Um juramento de sangue só pode ser desfeito com a morte. - disse Desmontt como se quisesse persuadi-la a desistir ou testar se ela hesitaria, mas Ravel não o fez, pegou a taça dada por um serviçal de Desmontt e bebeu o conteúdo até o último gole, o sangue do mesmo.

Ele pegou a taça entre os dedos e bebeu o sangue de Ravel com um sorriso nos lábios.

No mesmo instante os olhos de Levi se abriram de volta para a vida.

¥ Notas ¥

Desculpem pela demora, espero que tenham gostado, dois capítulos dessa vez. Um bônus pela demora do capítulo. A partir de agora postarei um capítulo por semana devido à falta de tempo.
Estou muito grato que já tenha chegado à seiscentas visualizações e mais de duzentos votos sem eu divulgar ela como divulgo Walking for Silence
Bom é isso, ahh gostaria de acrescentar que estou muito feliz que tenham me acompanhado até aqui
Votem e comentem, amo quando vejo a notificação de que o fizeram.
Deleitem-se com esse mundo que criei, até a próxima

Erin, A Chave Dos MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora