Capítulo 48: Lágrimas de Um Anjo

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Carter acordou de seu transe já estando no outro mundo, estava preso e suas mãos amarradas, o aperto machucava seus pulsos e onde a corda tocava sua pele haviam cortes com manchas de sangue já seco.

O quarto que acordara não tinha nenhum dos luxuosos móveis que os antigos proprietários do imóvel gostava de ostentar, era apenas um grande espaço vazio com grossas paredes ornamentada em relevo, o que indicava que o quarto em que era cativo já pertencera à uma criança.

Devia estar no térreo já que havia duas enormes janelas em um canto, mas alguém levantara paredes de bloco do parapeito ao teto garantindo assim que jamais fossem usadas novamente.

Carter tentou planejar uma fuga, porém não havia muito o que podia tentar, sentia-se debilitado, estivera por dias inconsciente, sem se alimentar e essa privação judiava de seu corpo, a barriga vazia domia como Carter jamais imaginou ser possível.

Carter ouviu o som de chaves enferrujadas abrindo uma fechadura velha e se abriu a porta de metal que substituía a delicada porta daquele quarto, algumas mudanças haviam sido feitas para tornar aquele lugar uma prisão e Carter era atormentado por isso, ele sonhara com aquele lugar incontáveis noites.

O homem que surgiu pela porta não era humano e qualquer um teria medo dele, principalmente Carter, era o antigo general Traso que Easi havia trazido de volta à vida, todos os Acólitos estavam reunidos e logo trariam seu líder.

Traso pegou Carter pelos cabelos e o puxou com força, o garoto se arrependeu de o ter deixado tão grande. Carter foi puxado do bolo de cabertores que tinha como cama e foi arrastado por dois metros, então Traso o pegou pelo pescoço como um animal e o puxou de qualquer jeito, suas pernas eram arrastadas pelo piso que arranhava sua pele, mesmo estando protegida pela calça jeans.

Com as mãos amarradas Carter não conseguia reagir, apenas podia tentar ficar em pé e caminhar para não ser arrastado e diminuir o aperto no pescoço.

O corredor até a incubadora não era comprido, mas Carter sentiu que era uma distância dez vezes maior que a real, lá ele foi atirado no centro do salão onde Easi o esperava.

- Ele está pronto! - anunciou com entusiasmo, havia uma vibração sombria em suas palavras tão comuns.

Easi pegou Enkner de uma incubadora hospitalar que ela havia roubado duas semanas antes para chocar o ovo. Carter olhou para Easi e viu Enkner em suas mãos, o ovo tinha um brilho interno que tornava a escamosa casca em uma pele final e transparente que mostrava o que escondera por tanto tempo, a silhueta do dragão enrolado, o mesmo dragão que era uma das chaves para o fim do mundo.

O reino de caos havia recomeçado após mil anos de paz.

Easi aproximou Enkner de Carter, mandou que Traso cortasse as cordas que prendia suas mãos e entregou o ovo em suas mãos.

Carter não sabia por que ela estava fazendo isso, se o Enkner era tão importante para ela por que entregaria para ele, não fazia sentido para ele, mas o que Carter não sabia é que um dragão escolhe sua outra metade e nasce apenas de duas forma, a primeira e mais comum é o ovo eclodir poucos meses depois de ser desovado e o dragão procurar por seu paladino através dos séculos e dos nundos assim como Mehnir, mas alguns como Eme e o próprio Enkner nasce apenas nas mãos da pessoa que possui a outra metade se sua alma.

O ovo trincou, a casca dura se desmanchando e caindo para dentro do ovo ou fora dele, dois dedos reptilianos com garras de três centímetros rasgou uma abertura e a pata do dragãozinho saiu, tentando se firmar e quebrar mais o ovo, Carter o ajudou.

A casca era dura demais para ele tirar uma grande porção, mas conseguia tirar pequenos pedaços, Carter viu o perfil do que parecia ser um lagarto, havia grandes espinhos ao longo da vertebra, espinhos ósseos que saiam da pele e percorriam toda sua costa afinando e diminuindo de tamanho, provavelmente até a calda, ele abriu uma asa, esta tinha uma envergadura impressionante, era fina e uma estrutura complexa e musculosa a tornava poderosa, espinhos em forma de garras saiam pelas pontas das asas como se fossem dedos.

Erin, A Chave Dos MundosWhere stories live. Discover now