Capítulo 69: Justiça

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Erin fechou os olhos para nunca mais os abrir.

O engraçado desta história é que mesmo parecendo o contrário, o destino estava à favor da garotinha mimada que encontrou em uma loja antiga, ali, o destino já a tinha escolhido como a próxima sucessora de Liberten. Todos os cinco dragões haviam sido incorporados à Desmontt e quando ele, em um ato de desespero tentou incorporar Erin em si, deu à ela o que havia sido planejado muito antes de seu nascimento.

Os cinco dragões ancestrais fariam parte de Erin ou de Desmontt, mas como o usurpador morrera, ela os recebeu.

Então Erin acordou no mundo dos mortos, dessa vez estava inteiramente nesse mundo, não apenas sua alma, mas também seu corpo físico.

O mundo dos mortos estava se desfazendo, o chão e o teto, ambos infinitos e sem fronteiras se desfaziam, o teto caindo na forma de poeira e o piso encolhendo, além de ambos surgia o nada, era diferente do vazio, pois este ainda é espacial, mas agora o mundo dos mortos estava simplesmente deixando de existir como Desmontt desejava, ele havia destruído o equilíbrio que há entre a vida e a morte.

Sem um equilíbrio Erin podia fazer tudo que desejasse, não havia mais as leis que a regiam e determinava se uma morte havia sido natural ou não.

Liberten a alertara para jamais trazer de volta uma vida que se perdera de forma natural, mas agora isso não importava mais, ela sabia disso

Erin olhou à sua volta, caminhou entre as centenas de pessoas que haviam morrido recentemente, todas estavam perdidas dentro de si mesmas, aqueles que se desapegavam do mund não tinham mais o caminho dos mortos para seguir, aqueles que estavam insatisfeitos com sua morte ou não mereciam o que viria depois não tinham o Devorador de almas para consumir elas e suas maldades, então jamais se libertariam para seguir em frente.

Desmontt havia conseguido não apenas arruinar o mundo dos vivos, mas também fizera o mesmo com o mundo dos mortos e Erin não podia deixar como estava.

Seu primeiro ato foi parar a deterioração do mundo, para isso bastou desejar, então elevou o solo abaixo de si e encarou todos os rostos que olharam para ela sem perspectivas e entre eles Erin viu Ravel, queria ir até ela e guiá-la ao mundo dos vivos, não fez isso.

Erin modelou duas passagens em sua mente e elas surgiram assim como ela havia imaginado.

- Dentre todos que morreram no dia de hoje de modo natural sigam pela passagem à direita para encontrar a paz que suas almas merecem, à esquerda sigam todos que morreram por Desmontt ou suas ações deste que ele retornou à esse mundo. - disse Erin com determinação, o preço de trazer uma alma morta de modo limpo à vida era pago com a vida de quem o fez, este jamais encontraria paz para sua alma, mas se isso trouxesse justiça e paz para inocentes valeria a pena.

- Mas apenas poderá atravessar de volta à vida aqueles que a marecem.

As centenas de pessoas começaram a escolher, alguns não tinham esse direito, já que morreram de forma limpa, mesmo que doente ou vítima da violência, estes haviam morrido por estarem destinadas à isso, mas dentre aqueles que morreram por ato de um ser que não deveria existir estavam rompendo as linhas que o destino havia construído para ela, alguns como Starlet que morrera por ambição, mesmo a morte tendo chegado através de Desmontt não mereciam retornar à vida e tiveram isto como escolha e seguiram o caminho para o mundo dos vivos, mas sua alma foi destruída na tentativa e outros como Kaliel que se arrependeu de seus atos e realmente tinha uma alma pura escolheram o caminho da morte, este já deveria ter chegado à ela há novecentos anos e não era natural ela continuar viva, então seguiu pelo portal com sua filha nos braços, estavam felizes apesar da escolha.

Erin, A Chave Dos MundosWhere stories live. Discover now