Capítulo 23 Acordo

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Ahri

Desmontt não conseguia olhar para Erin e não ver o amor de sua vida. Kazzandre, a garota que escolhera deixá-lo. Ele queria até o mais profundo de sua alma machucar Erin, precisava disso tanto quanto precisava respirar.

Era um desejo antigo e avassalador, sentia a necessidade de saciá-lo. Bater nela e a machucar até que a raiva passasse ou que ela morresse, não sabia qual viria primeiro.

Desmontt levantou a mão para bater em Erin, mas algo dentro dele o impediu, por mais que quisesse não conseguia ferir alguém tão parecido com Kazzandre, mesmo ela sendo quem ele realmente queria machucar.

Havia planejado mil vezes cada passo que daria no passado, mas o destino gosta de jogar o jogo mais diabólico de todos, o destino havia levado seus planos à um final imprevisível e com um desfecho nada agradável à nenhum dos jogadores.

Kaltz e Kazzandre haviam perdido suas vidas, os seus pais haviam morrido, sua Casa havia sido sido arruinada por uma guerra fracassada e o mundo estava ferido.

Até que Desmontt morreu e mil anos não foi o suficiente para ele se arrepender ou esquecer os sentimentos do passado.

E hoje, mesmo depois de tanto tempo, o destino ainda dava suas cartadas de forma ardilosa.

Desmontt usaria Erin para abrir passagem para outros mundos, mas isso levaria tempo, ele a veria crescer novamente, seria muito diferente da vida que teve com Kazzandre, mas ele nunca deixaria de lembrar dela, de comparar as duas, nunca conseguiria esquecer o amor de sua vida.

Se Desmontt pudesse ter Kazzandre atualmente ou no passado ele desistiria de tudo, mas ela nunca quis ficar ao seu lado e o mundo sofria por isso. Erin principalmente.

Após três dias de viagem forçada de volta para o segundo mundo, Desmontt a trancou em um dos muitos quartos de um palácio de alguma Casa importante que ele destruiu e ali ela estava desde então, já havia um dia completo e o pior de tudo, ele havia levado Eme.

Nada de bom poderia surgir disso. O medo dele fazer mal ao seu dragão à dominava e era aterrorizante.

Tudo parecia perdido e não era diferente para Ahri. Não sabia o que fariam com ele, com seu dragão, o que haviam feito com Erin, os soldados que deixavam comida não respondiam suas perguntas e após dois dias ele estava desesperado por respostas, não ter informações o consumia de uma forma que ele jamais imaginou ser possível.

Na manhã seguinte um homem de terno entrou sala de celas de vidro, a expressão que assumia era de verdadeiro desalento.

- Garoto, meu nome é Harrison Miller, sou ex-chanceler da República Federativa de Darkos e fundador da Coalizão Internacional. Nos últimos dias meus homens tentaram descobrir quem é  você e qual a sua participação em tudo isso e caso esteja certo você será de grande valia para interesses mútuos, quem é você?

Ahri ouviu atento as palavras do presidente, sabia que aquele homem tinha intenção apenas de satisfazer o próprio interesse, nas não havia muita coisa que pudesse fazer é quem sabe não tivesse alguns benefícios com isso, mesmo que fosse arriscado propor o que estava em mente.

- Sou Ahri, herdeiro de uma das principais casas de meu mundo, uma das poucas que resiste ao domínio de Desmontt.

Harrison riu e Ahri sabia que o jogo estava virando ao seu favor.

- Como eu imaginava, não se trata de qualquer pessoa. E a garota? Qual a ligação de Eri com tudo isso? - disse pronunciando o nome de Erin errado e isso aborreceu Ahri como se ele a tivesse ofendido. Fora criado para ser sempre tão sereno e controlado, não entendia como deixou se afetar tão facilmente.

- Erin! - destacou pronunciando corretamente antes de tudo. - Não sei o que Desmontt deseja com ela. - e mesmo que soubesse não revelaria, do mesmo modo que não revelou a capacidade dela de trazer pessoas da morte.

- A humanidade ainda pode lutar, precisamos disso, mas perdemos a guerra sem em nenhum momento termos a chance de vencer.

- Isso é por que vocês se superestimaram, mas dragões são melhores armas que seus veículos aéreos, nossas guerras sempre foram vencidas nos céus e por isso não tiveram chances, mas eu posso oferecer esse poder também à vocês.

O presidente aproximou-se com aparente entusiasmo. O ser humano tem um péssimo hábito de desejar revanche e isso o impede de admitir a derrota.

- E, o que você deseja em troca?

- Minha liberdade, o controle de seus exércitos e Erin devolta.

- Aceito seus termos, em troca de dragões e presença militar e futuramente civil em seu mundo, nontanto entregamos a garota à Desmontt.

- Vocês fizeram o quê?! - gritou irritado batendo na parede de vidro que vibrou com sua força. Novamente saira de si, contudo dessa vez fora justificado, isso foi um enorme erro e todos pagariam por ele. - Vocês não sabem o que fizeram.

- Isso nos livrou daquele monstro e no momento basta para nós.

- Todos os mundos sofrerão por essa sua escolha egoísta. Mas agora não adianta mais de nada lamentar, nossa prioridade é resgatar Erin.

- Então temos um acordo? - Ele perguntou e Ahri assentiu. Finalmente os dois mundos caminhariam juntos para a derrota de Desmontt.

Assim que o presidente saiu o Capitão Madson entrou e libertou Ahri. Assim que livre teve seu dragão solto da jaula que o prendia, uma pata estava ferida e coberta por uma camada de sangue coagulado.

Como que para se alongar o dragão abriu as asas e bateu, as asas longas quase grandes demais para o cômodo roçaram o teto, os ossos estalaram com o movimento livre após tanto tempo apertado na jaula.

Espreguiçado, o dragão correu até Ahri e passou sua cabeça no corpo do rapaz que respondeu alisando o pescoço de seu amigo que ansiava pelo contato.

Ahri deu um banho em Jade e tratou seu ferimento, então tomou um longo banho no quarto de hotel que recebeu do presidente e quando saiu enrolado na toalha havia uma farda completa sobre a cama, parecia com a do Capitão Madson, com a diferença de ser em um verde dois tons mais escuro.

Mesmo não sabendo quais eram as intenções em lhe darem algo assim a vestiu e ao sair do quarto viu que uma garota pouco mais velha que ele o aguardava.

- Senhor, meu nome é Alice, pode me acompanhar. - disse ela assumundo uma expressão séria.

- Aonde vamos? - perguntou após alguns minutos atravessando a cidade  em um veículo militar.

- À sua condecoração. - respondeu, mas não deu chance alguma de começar um diálogo.

Cerca de uma hora depois estava em um saguão com muitos militares, alguns de alto escalão e o presidente o nomeou comandante destituindo seu antecessor do cargo máximo do exército, contudo tal posto teria valia apenas quando os primeiros soldados humanos recebessem seus dragões.

***
Desculpem pela demora...
Foi difícil as últimas semanas
Mas está aí o novo capítulo
Quero muito saber o que acharam de tudo que aconteceu.
Finalmente uma luz começa à se mostrar no final desse túnel e no próximo capítulo essa luz irá ganhar forças.
Então não seja um fantasma 👻
Participe, afinal não é qualquer livro que você pode comentar e conversar com o autor.

Erin, A Chave Dos MundosWhere stories live. Discover now