Bônus

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A luz do dia invadiu a janela do quarto pueril, banhando os cabelos loiros da garotinha e incidindo sobre o rosto de alguém que pegara no sono com muita dificuldade na noite anterior, os olhos se abriram e a garota inspirou carregando o peito não apenas de ar, mas também de felicidade.

Ela estava com sono e seus olhos insistiam em se fechar, mas então uma lembrança a invadiu de modo súbito, é hoje!

Finalmente havia chegado o dia.

A garotinha estava tão entusiasmada e apreensiva que deixara a janela aberta e dormiu no pé da cama para levantar assim que o sol nascesse e havia funcionado.

Ela levantou, correu até seu guarda roupas, escolheu uma saia balão e uma camiseta sem mangas para facilitar o processo mais tarde, embora odiasse agulhas e fugia disso com todas suas forças, dessa vez valeria a pena.

Ela correu para o banheiro, abriu a torneira e deixou a banheira enchendo enquanto voltou ao seu quarto, pegou a cadeira e a arrastou pelo corredor para o banheiro, todos ainda estavam dormindo ou iriam ir ver o que ela estava aprontando.

Assim que estava novamente no banheiro, apoiou a cadeira na parede e pegou espuma de banho, o shampoo de seu mãe e o perfume, pois queria ficar igual a ela.

Fechou a torneira, destampou a embalagem da espuma de banho, mas ao virar na banheira deixo todo o frasco cair na água, tentou o recuperar, mas já era tarde, mais da metade do frasco havia se dissolvido e o que restara era uma massa molhada no fundo do frasco.

Tirou o pijama, que deixou jogado no chão e entrou na água, tomou um banho rápido, muito diferente dos que tinha costume, pois ela estava tão ansiosa que não pode se demorar.

Assim que saiu, vestiu as roupas que pegara, como era muito desastrada não conseguiu usar o perfume sem derrubar na camisa, então teve que trocá-la. Já pronta, correu para o quarto dos pais, sem esvaziar a banheira antes.

Ao passar pelo quarto do irmão chutou a porta e o chamou aos gritos, mas não obteve resposta.

Escancarou a porta, foi até o canto da parede, contornando o dragão de sua mãe, Eme despertou e a seguiu com a cabeça. Ela puxou as cortinas para deixar a luz entrar, seu pai resmungou algo incompreensível e cobriu o rosto com o travesseiro. Então ela teria que ser mais radical, subiu na cama, entre os pais e começou a pular.

- Mãe, pai, é hoje! É hoje!

- O que "é hoje"? - perguntou o pai, sem tirar o travesseiro do rosto, querendo voltar a dormir.

A mãe estava mais dispersa, sentou-se na cama, agarrou a filha e a beijou na bochecha.

- Eca! Melecado. - reclamou a menina.

- Sabia que não iria dormir hoje, aposta ganha que ela nos tiraria da cama antes das oito. - disse chacoalhando o ombro do marido que desistiu de tentar voltar à dormir.

- Que cheiro de perfume é esse?

- Já tomei banho papai.

- Com perfume, né?

- Não... Com água. - respondeu sem entender o sarcasmo.

Erin levantou-se e levou a filha com ela para que Ahri pudesse ter mais um pouco de paz.

- Você não vai com essas roupas e vai tomar outro banho, aposto que não se esfregou direito.

- Esfreguei sim. - disse errado e ficou emburrada.

- Vamos preparar uns biscoitos para o café com a mãe?

- Vamos!

Ambas desceram e começaram a preparar o café, Dalen, o filho mais velho se juntou à elas, mais para beliscar do que para ajudar na preparação da refeição que fizeram em família como todos os dias, mas hoje era especial.

Erin, A Chave Dos MundosWhere stories live. Discover now