Capítulo 10 Caçada

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Desmontt

Nell já estava no limite de suas forças, ela corria por sua vida e estava sendo perseguida. Ela podia ouvir com clareza os cães latindo e correndo até ela, se aproximando rapidamente, logo eles a alcançaria e ela estaria acabada.

As árvores se abriam cada vez mais conforme ela seguia a leste, sabia que logo chegaria à pequena cidade de Elk, mas depois do que vira duvidava se estaria segura lá.

Ela já podia ver as casas perfeitamente alinhadas de Elk e a faixa onde a floresta terminava e começava a campina, mas antes de chagar nessa divisa um enorme cão de caça saltou sobre ela. Nell segurou a cabeça do cachorro que tentava loucamente chegar à sua garganta.

Ele era muito forte para ela o deter por muito tempo, então seu salvador chegou, o dragão da garota, ele antes ficara para trás para matar os cães, mas um havia passado por eles e chegado à Nell.

O dragão de Nell era do tipo terra e tinha apenas seu tamanho e força mais acentuado, ele planou sobre o cão e o atacou vorazmente com as garras e dentes tão afiados quanto lâminas de diamante, até conseguir morder o pescoço do animal e rasgar uma artéria importante, o cão geme e cai vencido, morrendo.

Salva dos cães, Nell chegou à cidade. Ofegava e suas pernas tremiam quando ela batia a porta da casa de seu tio, ele a atendeu logo.

- O que foi? - perguntou assustado ao ver o estado da garota, que estava descalça e toda arranhada, mas principalmente em pânico. Sem hesitar ele a acolhe para dentro de sua casa envolvendo os braços em volta dela de modo carinhoso como se fosse sua própria filha.

- Me ajude tio, estão atrás de mim, estão atrás de mim! - dizia ela, a expressão em seu rosto partia o coração daquele homem.

- Quem está atrás de você?

- Um monstro! Ele queria ver todas as crianças de nossa cidade e quando meus pais tentaram me esconder, ele os matou.

- Não se preocupe querida, ninguém vai te machucar aqui.

- Não estamos seguros aqui, ele vai nos matar! Temos que fugir agora! - dizia ela desesperada, mas já era tarde demais para eles fugirem. Desmontt já havia chegado e estava no lado de fora, muitos dos homens da cidade já estavam mortos.

- Não quero perder tempo com vocês, quero apenas a garota e o seu Dragão. - Ela não sabia quem era aquele homem que estava reunido as crianças nas redondezas, todas aquelas agora mortas, o que ele queria? Por quê ela também? Todos eles eram crianças inocentes que só sabiam ser pequenos cidadães da cidade onde vivem, não havia motivo aparente para tanta crueldade.

- Se esconda querida, eu não vou deixar ninguém te ferir.

- Mas você nem tem um dragão...

- Não se preocupe, não vou deixar meu irmão ter morrido em vão.

Ela não queria fazer aquilo, não queria que eles também morressem por ela, era egoísmo demais ficar escondida enquanto pessoas perdiam suas vidas para defendê-la, entretanto seu medo era maior que qualquer outro sentimento, então ela não relutou em ser escondida pela tio junto dos primos menores.

Nell estava escondida atrás de uma parede falsa, mas de onde estava podia ver e ouvir tudo através de frestas que deixava feixes de luz entrarem. Ela viu um dos homens de Desmontt derrubar a porta e eles entrarem, eram em seis, um pior que o outro.

O que derrubou a porta era enorme, maior que qualquer humano e musculoso, cheio de cicatrizes espalhadas pelo corpo e seus dentes eram encravados para fora da boca, mal parecia um humano. Ele pegou o tio de Nell pelo pescoço e o apertou até ele parar de se mexer. Nell queria lamentar e chorar, ela estava perdida e todos que tentavam protegê-la estavam morrendo. Seus pais, seus tios e todas aquelas pessoas inocentes.

Havia um ano que ela tinha feito o ritual de troca e desde então entrara para a juventude de elite draconiana, estava treinando para o combate, combate que chegara agora, ela não devia se esconder, devia lutar por sua vida e sua cidade.

- Cadê garota?! - repetia ele repetidamente, chutando sua tia que estava caída no chão, cada pergunta era um chute.

Ela saiu do esconderijo, pegou a primeira coisa que viu, uma faca de serra sobre a mesa, escalou o homem como se ele fosse uma montanha e o golpeou no pescoço com toda sua sua força, cravando a lâmina o mais fundo que podia.

O grandalhão pareceu nem sentir o golpe, a pegou pela blusa, ergueu-a e a jogou contra a parede. Ela ainda tinha forças, mas repentinamente sentiu seu corpo ficar pesado e sonolento.

Ela sabia que isso se devia a seu dragão que havia sido capturado, uma mulher muito tatuada erguia uma lâmina em chamas sobre seu dragão dominado e indefeso.

- Seraph, deusa da sabedoria mostre se este é o escolhido preservando sua vida ou então queime-o até os ossos! - recitou ela em forma de cântico e quando terminou golpeou o dragão de nell. Levou apenas um segundo para o dragão começar a queimar como se tivesse banhado em um combustível extremamente inflamável e instantes depois Nell agonizou até a morte como se um órgão vital seu tivesse sido apunhalado.

- Também não era esse, meu senhor. - disse a sacerdotisa Easi.

- Você falhou comigo novamente.

- Me perdoe meu suserano, isso não vai acontecer novamente. - dizia ela tremendo e suando, sabia que sua vida estava em risco.

- Não mesmo, mortos não falham!

- Espera! A encontrei!

- Onde exatamente? - disse Desmontt, na realidade ela ainda estar viva era um sinal de que ele ainda precisava dela e não a mataria, não agora. - Sua vida depende desta garota, se ela não estiver com o meu dragão o rosto dela será a ultima coisa que verá antes de você mesma queimar.

- Eu não sei. - disse ela hesitando com medo da reação de Desmosntt. - Mas eu sei quem sabe, está escondido ali! - Easi apontou para o esconderijo atrás da parede e a prima caçula de Nell gritou assustada.

Momentos depois os dois primos de Nell estavam caídos de joelho no chão e debruçavam-se em lágrimas, eles haviam assistido a morte dos próprios pais assim como Nell antes de fugir e acabar morta.

- Qual dos dois?

- O menino.

Assim que Easi respondeu, Desmontt pegou a garota pela cabeça, sua mão fechando todo o crânio daquela pobre e inocente criança. Ele a ergueu do chão pressionando toda a cabeça da garota como se esmagasse um inseto.

- Onde posso achar a garota ladra e meu dragão? - perguntou Desmontt como se isso fosse o suficiente para classificar apenas uma garota em meio a tantas outras que possuía um dragão.

- Eu não sei! - disse ele. - Eu não sei, por favor, deixa a minha irmã em paz.

- Você está me irritando, vou esmagar a cabeça dessa garota se não falar logo. Seus pais não sofreram tanto quanto vocês sofrerão.

- Eu realmente não sei.

- Então vamos jogar, você tem trinta segundo para se lembrar de algo importante.

Desmontt começou apertar cada vez mais e na mesma intensidade ela gritava e se debatia de dor, completamente incapacitada.

- Tudo bem! - disse ele desesperado para para salvar a irmã. - Duas cidades ao norte há a cidade-estado Soren, lá estão organizando o ritual de troca, todas as crianças estão lá.

- Matem todos que resistir, façam o povo dessa cidade de escravos e venda-os para comprar um exército. - ordena Desmontt a seus seguidores.

- Você disse que não nos mataria se eu dissesse algo importante!

- Eu nunca prometi isso!!! - gritou Desmontt esmagando a cabeça da garota, pouco antes de matar também o garoto.

Fim do capítulo
Venho aqui para comemorar o décimo capítulo escrito, os noventa votos e as trezentas visualizações.
Grato à todos e obrigado pelo carinho com minha obra
Votem vamos chegar a cem...

Erin, A Chave Dos MundosWhere stories live. Discover now