Capítulo 62: Símbolos

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Erin

Antes de sair Ravel me disse que Levi não foi enviado para a cripta da família e nem incinerado como a maioria, disse que o colocara em um quarto esvaziado para isso e embalsamado para ter o corpo preservado.

No final das contas ela havia confiado que Erin iria trazer ele de volta à vida mesmo não tendo demonstrado isso e tentado por conta própria.

Quando estavam próximos de onde fora colocado o corpo de Levi Ahri pegou na mão de Erin e mais tarde ela descreveu esse momento como único, nunca tinha visto Ahri com medo ou abalado, ele era sempre tão sereno, contudo ela teve a oportunidade de vê-lo irado quando eles foram separados pelos soldados de seu mundo, mas nunca o vira com medo. Ele tinha um medo justificado de ver o irmão morto, em estado de decomposição como o homem na cripta e nunca mais poder olhar para ele da mesma forma, mesmo que Levi voltasse à vida, a cena de seu corpo em putrefação jamais sairia de sua mente.

A temperatura corporal das pessoas daquele mundo era levemente mais alta que do mundo de Erin ou o de Carter devido à seu mundo ser alguns graus mais frio, contudo, naquele momento a mão de Ahri estava mais gelada que a de Erin.

Ahri parou no corredor, ao lado da porta que Ravel indicou como sendo a do quarto em que Levi estava.

- Eu posso não entrar com você? - perguntou, ele realmente não queria presenciar aquilo e era compreensível, ele sentia que estava falhando em sua promessa pessoal de a partir do momento que a reencontrou estar com ela em todos os momentos, mas a compensaria por isso. Na verdade seria Erin que estaria falhando se não estivesse ao lado dele nesse momento, se o deixasse sofrer sozinho, seus trauma pela perda do irmão era esmagadoramente maior de o que ela sentiu por sua morte.

- Não tem problema, você o verá apenas como se ele estivesse dormindo. - Erin pegou a mão de Ahri com suas duas mãos e o puxou de forma delicada.

Mesmo distante e sem vê-lo, Erin conseguia empregar sua magia no corpo de Levi, regenerando seus músculos, as veias e sua pele até o tom mais rosado e saudável possível. Usar sua magia à cinquenta metros de distância é através de uma parede era difícil, mais difícil do que regenerar um dragão, mas ela faria qualquer coisa para ver Levi bem e acima disso para poupar Ahri de sentir a dor de ver um ente querido entregue à morte e putrefação.

- Está tudo bem. - disse Erin de forma decidida e o guiou, Ahri caminhou de forma e quando viu o irmão percebeu que ela falara a verdade, Levi não estava diferente do estado que estaria cada tivesse dado seu último suspiro um minuto atrás. Tinha a expressão serena, embora seus olhos estavam abertos, a pupila dilatada e a íris opaca, do preto estava quase cinza.

Ahri fechou seus olhos e o vendo agora quase dava para imaginar que estava dormindo, tranquilo como o anjo que sempre fora, apenas o que quebrava essa ilusão era seu peito não se mover para oxigenar seu corpo, era estranho, mas não doloroso.

Erin deu um minuto para ele, precisava de um para si também. Pegou a adaga que Kaliel a tinha dado e tirou a lâmina da bainha que fora improvisada para ela.

- Posso?

- Sim... - Ahri se afastou.

Erin sabia em teoria o que era para ser feito, Kaliel descrevera exatamente como era a magia e como teria que fazer para funcionar, mas ainda sim Erin estava apreensiva, só teria uma única chance, se falhasse estava tudo acabado, pois quando o eclipse terminasse Desmontt seria imortal.

Erin levantou a camisa de Levi, não era a que ele usará quando morreu, ela lembrava todos os dias de como ele estava vestido quando foi morto por Desmontt ao recobrar a consciência, esta era branca e bonita, era parte de seu ritual fúnebre que não seria completado.

Erin, A Chave Dos MundosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora