Capítulo 52: Ruínas do Santuário

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Erin

Mäisselair usara sua memória e Erin sua habilidade de geolocalização para encontrar todos os responsáveis atuais por tornarem o Mercado Central um lugar tão ruim. O dragão tinha razão, ele era justo e Erin não poderia discordar disso, os culpados eram realmente pessoas terríveis, de modo que nenhum inocente sofrera, mas discordava da sentença, a morte por fogo não purificava os culpados, fazia alguns se arrepender através da dor, mas eles morriam e depois da morte não há nada, então era inútil seu arrependimento sem redenção.

Matá-los apenas garantia que não cometeriam seus crimes novamente e servia de exemplo para aqueles que pensavam que fazer algum mal à um dragão.

No início caçadores os perseguiram e armaram armadilhas para Erin e Mäisselair, os queriam mortos para compensar suas perdas, no entanto conforme foram sucumbindo aos justiceiros de dragões o medo de seu julgamento tornou-se sólido entre caçadores, escravistas e comerciantes, então houve paz e segurança para os dragões de Draiken, algo que não possuíam à mil anos.

Mäisselair pousou na margem de um lago para matar a sede, após anunciarem o fim do comércio de dragões no coração do Mercado Central alguns mercadores os atacaram e haviam acabado de julgar e executar o último. Dentre tudo que Erin fizera, isso parecia ser o mais errado.

Poderia justificar que eles eram pessoas horríveis, que seus crimes não poderiam ser perdoados ou que isso traria paz e evitaria novos crimes, essa parecia a mais errada das justificativas que quando faladas em voz alta pareceriam desculpas ditas a si mesma para dormir a noite. Parecia muito errado executar pessoas, como alguém poderia decidir sobre a vida de outra pessoa? Algum crime justifica a execução de uma vida ou esse é só mais um crime em nome da justiça? Mesmo que a ave Liberten havia dado suas habilidades a ela e isso a tornava a pessoa com a melhor percepção da verdade, poderia confiar em seu senso de justiça para isso?

- Eu preciso ir... - disse Erin, ela não queria continuar executando pessoas, mesmo que eles realmente mereciam, cada pessoa que condenaram era realmente culpada de seus crimes e Erin via a mentira em seus olhos e nas palavras que saiam de suas bocas para tentar se defender ou justificar seus crimes e ela os via na fronteira dos mundos após suas execuções, eles não seguiam o caminho dos mortos, eram devorados por aqueles seres de sombra que ela vira quando visitou esse mundo pela primeira vez, eles eram consumidos pelas trevas e se tornavam parte daquela massa negra e densa para buscar se alimentar daqueles que estavam perdidos. Eles não haviam sido boas pessoas em vida e não seriam após a morte. - Eu não quero continuar matando pessoas, mesmo que elas sejam culpadas e eu preciso seguir com Kaliel, preciso me fortalecer até o eclipse das três luas.

- Eu não confio naquela mulher.

- Eu também não, mas é minha maior chance, sem ela eu ainda seria uma garotinha perdida nas mãos de Desmontt, ela está me dando as armas para lutar a guerra que estamos travando.

- Eu sei o que Desmontt quer, todo dragão que conhece a história ancestral sabe e para isso ele precisa de você, Kaliel e você são as últimas que viajam entre os mundos, se eu matar Kaliel poderá viver em Draiken sem medo dele te alcançar, em uma semana você trouxe mais segurança à nós que os dragões viram em mil anos, estaremos seguros de Desmontt no Santuário.

- Kaliel está me ajudando, matar ela seria uma traição horrível.

- Até onde você sabe ela está te tornando uma sarcedotisa de Liberten, pode ser para você destruir Desmontt, pode ser para ele usá-la quando chegar a hora ou pode ser para ela ter o que Desmontt deseja, possuir a alma dos dragões.

- Como você sabe que eu penso isso?

- Você não é a única que pode ver o coração das pessoas, a ave Liberten te deu essa habilidade, mas ela também pretende aos dragões e eu não consigo ver as intenções de Kaliel, mas vejo que ela deseja algo com muita profundidade, ela faria qualquer coisa por isso.

Erin, A Chave Dos MundosWhere stories live. Discover now