Capítulo 50: Amor Executado

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Ravel

Ravel e Carter não dormiram aquela noite, contudo não foi por estarem jogando escondidos à luz da lanterna, nem por ficarem horas conversando na sacada do quarto de Ravel ou mesmo por ficarem admirando o rio luminoso na escuridão absoluta da noite.

Carter não dormiu por que seria executado no outro dia, por que não sabia se era culpado ou inocente e por ter traído o amor de Ravel.

Ravel não dormiu por que executaria o único amigo e talvez amor que já tivera, por que daria a ordem para matá-lo por se aliar à Desmontt, um crime que ela mesmo tinha cometido, como poderia condenar alguém por isso? Mas como poderia salvá-lo se ele provocara a morte do amado líder Draien e esse ato clamava por sangue?

Ambos sentiam medo do dia que se aproximava.

Havia mais duas pessoas acordadas naquela noite, um estava feliz e não dormia para comemorar sua vitória com música e uma garrafa de vinho e a outra pessoa estava assustada com o que ela mesma faria e com as consequências de fazê-lo ou de ficar quieta à mercê de tudo isso, conforme as horas passavam seus pés ficavam cada vez mais exaustos de caminhar, não podia pedir que seu dragão a carregasse mais. Viajaram tanto desde que souberam da morte de Kahri e agora estavam próximas de Soren, chegariam pela manhã se tudo corresse bem.

Preso na cela nos porões do palácio Carter lembrou de já ter estado ali, lembrou das paredes frias, do fedor de bolor que impregnava o lugar e da tortura que recebeu ali logo que chegara, havia dito tudo sabia e esquecido como se não tivesse acontecido, sem memórias da dor e sem marcas no corpo nada daquilo fora real, não até ele se lembrar.

Mas lembrar disso não o ajudava em nada, apenas o fazia acreditar que havia realmente sido um fantoche de Desmontt, um peão que ele havia manipulado contra sua vontade e agora que o movimento tinha sido feito ele fora descartado. O próprio Carter não acreditou quando Doriah Mattel alegou ter sido enfeitiçado para atentar contra a vida de Kahri, como poderia esperar que acreditassem nele?

Carter queria fugir, era sua única chance de não ser morto, mas ele não tinha o dom da magia e os guardas não eram leais a ele, ao contrário disso, muitos tinham inveja de como ele havia crescido tão rápido na carreira militar, privilégios de ser o preferido do General Ariel, não podia contar com isso, talvez suas únicas chances seriam Ariel e Ravel, talvez intercedessem por ele.

O dia seguinte começou ruim para Ravel, primeiro haveria os rituais fúnebres para seu pai e os soldados mortos em combate na luta que a libertou e depois seria o julgamento de Carter e talvez sua execução, ela não se envolveria no julgamento, não era imparcial ao réu e isso iria fazer com que seu julgamento fosse errado.

A única punição para traição era a morte, sempre fora assim, Doriah foi absorvido desse fim por Ahri é um acordo de guerra, mas encontrou o mesmo fim, não teria outra sentença para Carter se ele fosse condenado.

Ravel foi até o quarto de Ahri e ele estava dormindo, então chegou ao Memorial acompanhada apenas de Ariel.

Passou pela câmara de preparo dos corpos, os soldados seriam queimados em uma grande pira sustentada com alicerces de metal, um para cada vítima da guerra e os alicerces ficariam ali para lembrar à todos o preço da guerra e para apaziguar os corações dos entes queridos.

Todos das casas menores que morriam passavam por isso, mas entre as grandes casas era diferente, os cadáveres seriam carbonados e depois revestidos de bronze e massa de gesso, assim os eternizando em estátuas vivas.

Todos os saldados e familiares estavam reunidos ali para se despedirem dos mortos, antes da pira ser acessa.

Ravel não esperou o fogo se apagar naturalmente, era desonroso sair antes que a última chama se apagasse, mas era compreensível, já que Kahri estava sendo preparado para seu próprio ritual fúnebre.

Erin, A Chave Dos MundosWhere stories live. Discover now