Capítulo 05 Fosso do Esquecimento

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Erin

"Um dragão por outro" - foi o que ele disse, Erin não sabia se podia conseguir outro dragão, existir um já parecia fantasia demais, mas se mais alguém o possuísse ela poderia comprá-lo, a pessoa não se recusaria a vender, mesmo Montal o tendo feito todos tem um preço, era óbvio que tinha um problema com aquele homem e não era somente a cafonice de sua loja e roupas.

Talvez se desse o que ele queria, ele a deixaria em paz. Erin pegou o revólver do pai para caso se ele tentasse algo contra ela e também podia contar com a ajuda do dragão, mesmo não sabendo o quão forte ele era.

Assim que deu a hora ela escondeu o dragão na bolsa semi-fechada e partiu para encontrar-se com o mercador no principal parque da cidade. Ele vestia um sobretudo preto e luvas e o receio da Erin quanto às suas reais intensões aumentou exponencialmente. O local onde estavam era isolado, mas ele não tentaria nada, periodicamente uma ou outra pessoa passava por ali e a passarela de carros que passava ao lado tinha uma ótima visão periférica dali, no entanto ela segurava o punho da arma com força no Bolso da blusa pronta para usá-la caso fosse necessário.

Erin reconheceu o caminho que estava fazendo, não longe dali a trilha era cortada por um rio, e seguindo sua margem chegava a um buraco com pouco mais de dois metros de diâmetro, toda a água do rio desaguava nele e ninguém nunca descobrira para onde ia depois, apenas sabiam que o lago em seu fundo não aumentava de volume, mesmo com toda aquela água caindo e sem nenhuma rota de saída aparente, era o ponto mais famoso da cidade e onde as pessoas iam para jogar tudo que queriam esquecer, entre eles alianças de casamento após o divórcio e objetos de pessoas queridas já falecidas.

- Por quê você me trouxe ao fosso do esquecimento? - perguntou ela com receio, ali era o local perfeito para se livrar de seu corpo, mesmo que a procurassem ali seria difícil de encontrá-la.

- É simples, você vai descer o fosso e abrir a passagem para mim, se não encontrarem seu corpo lá embaixo é por que viveu à queda e eu finalmente tive sucesso escolhendo a criança correta.

Erin lembrou-se que nos últimos três anos foram tirados três corpos daquele fosso, todos eram meninos quase da idade dela e haviam sido tirados do lago subterrâneo dia 1 de abril, sendo que os legistas sempre constataram a morte tendo ocorrido na noite anterior, seu psicopata ficara conhecido como o assassino do solstício, o mesmo dia de hoje.

Isso era obra daquele homem? Ele era tão perigoso assim? Era o assassino do solstício que matara as crianças? E o que ele queria dizer com "abrir a passagem" Desde a primeira vez que o vira ela percebeu que ele era capaz de fazer qualquer coisa para chegar ao seu objetivo.

O mercador deu um passo na direção dela que recuou para manter a distância entre eles constante. Ele se aproximou bruscamente ignorando os avisos dela mesmo quando a Erin sacou o revólver.

Vendo que ele não pararia sem ser forçado ela fechou os olhos com força e puxou o gatilho duas vezes, os projéteis atingiram ele em cheio e a queima roupa, mas quando Erin abriu os olhos viu o mercador ainda em pé parado ao alcance de seu braço, seu dragão cuspia fogo nele e mesmo estando tão perto ela podia ver apenas um vulto negro em meio às chamas tão intensas e clara que a forçava a fechar os olhos, enquanto seu calor aumentava a temperatura do ar ao seu redor. Ignorando por completo os ferimentos à bala e a labareda de fogo que o cercava sem efeito o mercador pegou Erin pelo pescoço e a ergueu até seus pés ficarem suspensos no ar, ele a levou a boca do fosso e a soltou.

Erin caiu com velocidade e logo chegara ao fundo, por sorte ou pelo destino não chocou-se contra nenhuma pedra na queda. Imediatamente o dragão saltou no buraco atrás dela.

Mas não foi uma simples queda, na metade ela sentiu como se atravessa-se um lençol de seda finíssimo, tão fino que ele rasgasse com seu toque e quando o atravessou sentiu a temperatura cair alguns graus ao mesmo tempo em que o ar se tornara mais puro. Quando chegou ao fundo, seu corpo caiu pesadamente na água e afundou com o impacto antes de conseguir nadar de volta à superfície.

Ela olhou para cima, mas ela não conseguiu ver nada devido a enorme vazão de água que alimentava aquele rio. Erin nadou até a margem rochosa e íngreme que tinha muitos objetos jogados ali, todos que desapareciam ao serem jogados no esquecimento, os mais leves boiavam e ficavam presos naquela cratera alagada. um pensamento idiota e persistente surgiu em sua cabeça, e se ela também deixasse de existir para as pessoas que ama.

Estava muito escuro, mas de alguma forma inexplicável ela enxergava com clareza. Erin estava rodeada de paredes altas, com um teto que tinha apenas o buraco de onde ela caira, foi só então que percebeu o vórtice que a água fazia ao sair por algum buraco no fundo. Ela mergulhou e logo encontrou uma fissura na rocha grande o suficiente para ela passar e foi o que fez, do outro lado havia uma gruta parcialmente submersa, ela nadou para fora e então para a margem.

Erin sentia-se muito cansada e sabia que não era devido ao pouco que nadou, fora quando ela atravessou e rompeu aquele "lençol de seda" na queda, ele se desfez com facilidade, mas para isso, drenou suas forças.

Ela se atirou involuntariamente no chão, grata por ter chegado ao chão firme e ficara assim por alguns minutos recuperando o fôlego. Logo após ela, seu dragão saiu do rio, ele parecia com frio, então ela o abraçou para aquecê-lo, sabendo que animais de sangue gelado podem chegar a morrer se a temperatura corporal despencar rapidamente.

O sol parecia estranho, alguns milímetros maior e mais vermelho que de costume, essa impressão podia ser devido ao do pôr do sol. Então ela lembrou-se num susto que já era noite quando se encontrou com o mercador no parque, Erin levantou-se rapidamente e olhou ao seu redor, tudo que podia ver era árvores e animais como em uma floresta, não havia nenhum prédio em nenhum dos quatro pontos cardeais e não havia o som da cidade sempre tão barulhenta e nem dos carros que deviam estar passando na avenida próxima onde ela estava.

Erin não estava mais em sua cidade e havia apenas duas respostas racionais para isso, ela poderia estar em algum país mais ao sul ou, tão improvável quanto, estar em outro mundo.

Eles caminharam seguindo o rio, Erin sabia que não importando onde estivesse ela encontraria uma cidade próxima ao rio ou algum indício de pessoas que viviam naquela região, o ser humano sempre construiu cidades assim.

Erin e o dragão em seu colo não foram longe, logo depararam-se com a maior aranha que se pode imaginar, ela estava bebendo água do rio e ergueu o corpo quando Erin se aproximou, seu rosto e busto era humano, de uma mulher muito bonita e peituda, mas o resto era aracnídeo, abdômen, tórax e patas, oito ao todo sem contar os dois braços humanos.

- Como eu estou com sorte, estou morrendo de sede e apenas água não me sacia, quero sangue!!! - disse ela, a última frase num grito, já avançando contra a garota. O dragão em seus braços tragou o ar para cuspir fogo no inimigo, mas saiu apenas fumaça de sua boca, seu corpo ainda estava frio demais para isso.

A aranha lhe deu um golpe com a pata dianteira e Erin foi jogada com a força descomunal da criatura, quando ela estava no chão a aranha lhe mordeu a barriga e sentindo seu sangue ser substituído por veneno ela perdeu a consciência.

Fim do capítulo 5...
Obrigado por ler...

Atenção!!! Isso não faz parte da história! É apenas um devaneio do autor em resposta à sua enquete não votada.

Comentem, vocês gostam mais da Erin ou da Ravel?
Shiii até agora nenhum comentário, parece que as duas são odiadas por todos.

- Por que você está chorando? - perguntou Levi estendendo a mão e abraçando Erin com carinho e ternura.

- Por que eu não ganhei nenhum voto. - diz ela entre lágrimas com a voz entrecortada pelos sentimentos que queriam escapar de seu peito.

- Eu também não ganhei voto nessa enquete idiota do autor e nem por isso estou me desfazendo em lágrimas.

- Não precisa ser tão dura Ravel. - disse Levi tentando defender Erin.

- A culpa é do leitor que não vota. - disse Erin secando as lágrimas com as mãos.

- Não é preciso é claro que eu venço, mesmo sem votos. - vangloriou-se Ravel

Erin, A Chave Dos MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora