Erin, A Chave Dos Mundos

Capítulo 37: Monstros Também Tem Coração

O exército da Coalizão entre mundos chegou até o castelo de Desmontt no final da tarde no terceiro dia após iniciarem o confronto. A marcha forçadas que os movia com rapidez até o final de sua campanha na sala do trono de Desmontt fora atrasada, havia picos de confronto em alguns vilarejos e cidadelas pelo caminho e o dia ficou chuvoso quando chegaram aos portões da fortaleza.

A marcha parou e foram levantadas barracas e tendas para os soldados. Ahri encarava a muralha à sua frente com preocupação, ele sabia que quando o dia clareasse haveria um confronto, talvez antes, podiam ser atacados durante a madrugada de forma covarde, mas isso não o preocupava.

Esse era um momento decisivo para ele recuperar Erin, tudo o que fizera desde que ela foi levada foi para resgatá-la e tinha medo de falhar, assim como falhara com sua família, Levi estava morto, seu pai talvez não sobreviveria, não sabia onde Ravel estava e sua casa estava em guerra, algo que não acontecia há três séculos.

Tinha que deter Desmontt antes que mais vidas inocentes fossem perdidas.

Ahri sabia que podiam ser atacados a qualquer momento, mas seu exército precisava descansar antes do primeiro confronto decisivo dessa guerra, ter homens alimentados e restaurados durante a manhã era tão importante quanto ter um grande número de tropas, até por que dois terços de seu exército não tinha experiência em combater montados em dragões tão ferozes quanto os do inimigo, há um mês atrás a considerável parcela humana duvidaria que isso existe.

Ahri garantiu para que a Casa Valley estivesse na coalizão, graças a magia única que possuem de criar enormes barreiras inquebráveis e só um seleto grupo sabe como desfazê-las. Graças à isso a maioria pode descansar.

Mas não Ahri, ele estava tenso demais para dormir. Pegou uma cadeira dobrável da mesa de estratégia e se sentou ao lado de fora de sua tenda.

O céu estava claro e ele adoraria ver as estrelas, mas a barreira não permitia, uma densa névoa sobrevoava o acampamento e nada de fora era capaz de entrar, nem mesmo a luz.

Jade se aproximou, o grande dragão fêmea de Ahri também estava tensa. Ela sempre foi um espelho de Ahri, a maior ligação paladino-dragão que qualquer um poderia viver.

Um dragão nasce destinado à um paladino e vice versa, pode haver anos de diferença entre eles ou até séculos, mas o dragão sempre aguarda encontrar sua outra metade, mesmo o mais selvagens ansea por isso e o destino sempre dá uma oportunidade desse encontro.

Apenas depois da troca de sangue podem compartilhar pensamentos e sentimentos e somente depois desse momento é que conhecem o nome um do outro.

Com Ahri e Jade foi diferente, a ligação existia antes de se verem pela primeira vez, assim como Ravel e Mehnir. Ahri saiu para capturar um dragão qualquer, o mais forte da região para fazer jus ao nome da família. Não acreditava nas lendas de haver um dragão destinado à certas pessoas, mas passou a acreditar quando Jade pousou à sua frente e o tirou da armadilha que havia caído naquele dia.

Ahri estava machucado e gritou por ajuda, preso em um buraco com a tibia rasgando a carne para fora. Jade o ouviu e antes que qualquer inspetor pudesse ajudar Ahri, ela o retirou de lá e depois, mesmo sendo um imponente dragão adulto deitou aos pés de Ahri, mostrando subordinação. Fato que o tornou um herói famoso de sua Casa.

No entanto Ahri sabia que não merecia o prestígio que teve, nem as histórias de bravura que contaram sobre ele, Ahri apenas caiu em um buraco e nada mais, Jade era incrível não ele e tinha medo de falhar com ela também.

- Não se preocupe meu amigo. - incentivou Jade. - Nossos nomes serão contados em histórias daqui mil anos, você criou a conta que destruirá o segundo reinado de Desmontt.