Erin, A Chave Dos Mundos

Capítulo 30 Fuga

Erin

Erin olhava para a perna de Levi e não conseguia acreditar que havia funcionado.

Mesmo não vendo isso, a promessa havia sido cumprida, Kaliel havia trazido um corpo vazio à vida, mas fora Erin que trouxe Levi à vida e seria à isso que ele seria grato até o último dia da vida que ele tinha graças à ela.

Os dois jovens andavam apressados pelo palácio usurpado dos Verdah. O mesmo não tinha mais os serviçais que mantinham-o limpo e por isso a poeira repousava livre sobre todo o local, a numerosa família principal da Casa estavam todos mortos e sem suas risadas ou conversas os corredores estavam silenciosos, aumentando assim o som de cada passo que davam e indicando quando alguém se aproximava na direção deles e fosse necessário se esconder.

Os jovens não sabiam para onde estavam indo, o palácio era grande demais e muitos dos cômodos e corredores eram tão iguais que dava a impressão de se repetir periodicamente, frustrando-os com a sensação de que não saiam do lugar.

Seguiram cegamente torcendo para que não fossem pegos ou que não percebessem a ausência deles, mas cada um queria chegar à um lugar, apenas não sabiam disso ainda.

- Eu reconheço esse lugar. - disse Levi ao chegarem à um salão com uma enorme escadaria. - É como se fosse em um sonho, mas eu já estive aqui.

- E sabe para onde devemos ir? - perguntou ela feliz com a esperança de que ele pudesse se lembrar e os guiar.

- Vamos sair daqui.

- Você se lembrou... Sabe onde está Eme? - disse vendo a compreensão surgir na mente dele com as peças que se alinhavam e encaixavam-se uma às outras, preenchendo os espaços vazios na mente dele.

- Eu disse, vamos sair daqui! - repetiu ele com mais firmeza na voz, mesmo que suas pernas tremiam ele queria parecer firme, tinha de ser.

- Você sabe onde ela está, eu não saio daqui sem Eme.

- Então vai continuar aqui por que eu não vou entrar lá.

- Entrar lá aonde? Do que você está com medo?

- Ela está sendo guardado por um monstro... Lick... - disse ele sussurrando como se pudessem ser ouvidos.

- Aonde? Eu vou lá.

- Eu não vou falar mais nada! - disse com tanta convicção que Erin sentiu medo de Levi, alguns dias antes isso seria impossível, mas ele ainda não era totalmente o mesmo, talvez jamais voltasse a ser.

- Muito prudente essa decisão... - a voz de Desmontt surgiu do outro lado do salão. - Mas agora é tarde para isso.

Desmontt se moveu, mas foi tão rápido que para as crianças ele desapareceu do local em que estava e no instante seguinte estava entre Erin e Levi, dependurando o garoto pelo pescoço.

- Você aprenderá o preço da traição... Eu não preciso mais da imprestável da sua irmã e apenas isso o mantinha vivo.

- Larga ele! - gritou Erin, avançando sobre Desmontt, mas a pobrezinha não teve chance alguma, ele a jogou no chão e agarrou Levi com as duas mãos.

- Você viveu esse tempo mais por que eu permiti, mas isso chegou ao fim. - essas foram as últimas palavras que Levi ouviu antes de ter seu pescoço quebrado e de a morte abraçá-lo novamente.

Num instante estavam felizes com a chance de fuga e por ele ter recobrado a consciência e no outro Erin estava estirada no chão, vendo Desmontt matar Levi e sem poder fazer nada para impedir.

Ela queria ser mais forte, queria ser capaz de tirar a vida dele, mas uma vez mais em sua vida, apenas querer não era o suficiente.

A vida não permite que tenhamos tudo o que desejamos e ela começava a entender isso, desde o momento que seus pais decidiram entrar naquela loja na Arthur's Bach nada mais era como ela queria.

Desmontt largou o corpo do garoto e ele caiu já sem vida aos seus pés e tão rápido quanto a morte abateu-se sobre aquele corpo pequeno foram as lágrimas de Erin que desceram suas bochechas com a intenção de lavar seu rosto e assim apaziguar seu coração.

Easi entrou no salão acompanhada de Traso.

- Meu sucerano. - disse, com exagerada reverência. - As visões voltaram senhor e como o esperado me foi revelado a localização do terceiro dragão, precisamos partir agora.

- Traso, leve Erin para o quarto e vigie ela em minha ausência.

Agora nada mais daria errado, mesmo por caminhos tortuosos e um milênio atrasado, seus planos estava saindo como o planejamento e agora faltava pouco para ser concluído.