Erin, A Chave Dos Mundos

Capítulo 34: Queda do Forte

Erin acordou após poucas horas de sono, leve e desconfortável. Sentou-se na cama frustada, já não aguentava mais ficar presa ali, trancada como um animal enjaulado. Ficar longe de Eme era uma tortura incomparável, sentia como se a força que os unia estivesse diminuindo de intensidade lentamente, como uma vaso de areia derramando e esvaziando, isso a preocupava tanto quanto o fato dele estar à mercê das vontades de Desmontt.

Ainda se sentia mal por Levi ter morrido e ela não ter conseguido fazer nada por ele, talvez se não fosse por sua tentativa boba de fuga ele ainda estaria ali. Ele poderia fingir que nada mudava ao estar na presença de Erin e talvez usar isso contra Desmontt, tramar algo, mas não foi o que fizeram e jamais saberia se esse não teria sido um melhor caminho do que aquele que escolheram, o eterno preço de escolher em uma encruzilhada o caminho que não gera frutos.

Erin foi tirada de seus pensamentos com o soar de uma trombeta, parecia próximo, vir de todas as direções e ela sabia que esse som era de um alarme, um som que a garota jamais ouvira, mas que de alguma maneira sabia o que ele queria transmitir.

A guerra batia as portas do usurpado castelo de Desmontt, e ele não estava presente para comandar a defesa e um contragolpe.

Quando os guerreiros de Desmontt ouviram o alarme ou foram alertados do ataque inimigo duvidaram do tamanho do exército que se reunira contra eles e acreditavam estar em vantagem em números de dragões, então quando o golpe foi dado eles não estavam preparados para combater. Rapidamente as tropas guiadas pelo general da Casa Draien tomaram a cidade que fora invadida por Desmontt ao que parecia uma eternidade. Dragões percorriam todas as ruas em direção ao castelo ao leste do centro da cidade, a fortaleza criada para resistir à ataques de dragões caiu por uma invasão massiva de humanos e suas armas enquanto os paladinos distraiam os guerreiros em perseguições no céu.

A fortaleza pouco antes do castelo foi neutralizada em poucas horas e no final da tarde o exército invasor montara acampamento ao redor do castelo, cercando-o à uma distância que as flechas não os alcançava, apenas esperando o momento que pudessem invadir.

O exército de Desmontt estava fraco, parecia cansado e sem seu líder, desmotivado, mas eles ainda não haviam visto um único acólito, o que era estranho e mostrava que a real batalha ainda estava por vir.

Traso caminhava sem rumo pelo castelo, estava preocupado, era o maior comandante que já existira e apenas não aparecia em livros de história por ter servido à Desmontt e tudo que ele fizera ao longo de sua vida foi apagado por esta escolha, mas isso foi em seu tempo, mil anos no passado, agora o mundo estava muito mudado, aprendera à adaptar suas estratégias de batalha com a tecnologia atual e poderia guiar seu exército à vitória contra os invasores caso realmente estivesse motivado, mas a época de lutar por Desmontt já passara, nenhum dos acólitos realmente lutava pelos ideais do líder, cada um, mesmo que lutando juntos e seguindo as ordens de Desmontt desejavam coisas pessoais e com ele não era diferente.

Traso foi aos aposentos de Kaliel para mandar ela atacar o acampamento durante a noite. Traso encontrou o quarto vazio e o que viu espalhado pelo quarto o fez pensar a respeito do porquê fora trazido de volta a vida e até onde se estendia o poder de Kaliel, o fez duvidar da capacidade de Desmontt cumprir a promessa que fora feita com ele mil anos antes. Era a única esperança que possuía, no entanto Desmontt já fracassara uma vez e a história tende a se repetir.

Traso tinha que assegurar que Erin ficasse inalcançável, ele sabia que ela era a chave disso tudo e Desmontt precisava dela mais que tudo, a posse dela influenciaria o resultado de sua batalha. Ele foi até o quarto de Erin, a garota se assustou quando ele entrou batendo a porta contra a parede num estrondo alto, caminhou com passos rígidos até ela, a pegou pelo braço e arrastou a garota pelo castelo até a sala do trono.