Erin, A Chave Dos Mundos

Capítulo 51: Mercado de Sangue

Erin

No universo há incontáveis mundos e todos eles possuem semelhanças por terem um passado em comum e diferenças por terem se separados à séculos, mas por muito tempo eles foram um e eles eram unidos por Draiken, a capital dos mundos.

Em Draiken havia o maior centro comercial de todos os mundos, centenas de lojas que formavam ruas e avenidas cheias apenas de comerciantes com barracas e compradores de todos os mundos.

No Mercado Central era comercializado legalmente tudo que tinha algum valor e mesmo pessoas que não viviam do comércio o frequentavam para vender pertences de valor. Quando Destine autorizou que derrubassem o pilar que mantinha os mundos unidos o Mercado Central quebrou, milhares ficaram presos naquele mundo e morreram sem poder voltar ao lar.

O prestigiado centro comercial se tornou infame, em poucos meses a miséria dominou a maioria dos moradores e surgiu o comércio irregular de bens, hoje se você ir no Mercado Central verá escravistas vendendo pessoas, alguns na parte mais nobre do centro comercial sendo leiloados por fortunas para satisfazer diferentes ambições e desejos, contudo, a maioria são comercializados em troca de misérias, forçando caçadores de escravos a fazerem incontáveis vítimas para se sustentar. Também é comum o comércio de carne ou pele de diferentes animais, alguns cultuados como deuses em diferentes mundos, se procurar direito até pode encontrar carne de um dragão e seu paladino e quem provou diz ser a melhor carne de todas se comida juntas, mesmo que seja canibalismo comer outro humano e comer um dragão seja algo repugnante quanto.

Kaliel estivera naquele comércio muitas vezes, nas primeiras ela era apenas um garotinha e ficara maravilhada com a beleza das jóias em tantas lojas e bancas, os sabores das comidas tão diversificadas e as roupas tão lindas e os melhores perfumes, tudo vindo de todos os mundos, mas então Draiken foi atacada e ela viveu sete meses naquelas ruas, agora imundas, vendo o centro comercial ruir.

A última vez Desmontt a levara ali para comprar um dragão para ela e agora estava de volta e iria comprar um dragão para Erin.

Erin caminhou atrás de Kaliel com receio, tentava não se afastar demais e olhar para a mulher à sua frente, fixar a atenção nas costas de Kaliel e em seus próprios passos para não olhar as barbaridades à sua volta, mas mesmo assim as via.

Erin viu um homem passar com os esclavos recém adquiridos, três crianças não mais velhas que ela sendo arrematadas em uma barganha onde apenas elas perderam, viu mulheres seminuas se insinuarem tentando fisgar os transeuntes e um homem escolher à dedo um filhote de raposa das neves e um matador decapitou o animal para seu comprador, Erin desviou o olhar quando a raposa emitiu seu último ruído cheio de vida, um lamento final.

Erin não acreditava como um lugar como aquele podia existir. Ela não sabia por que estavam ali, mas queria ir embora o mais rápido possível, Kaliel nem havia falado por que a levara ali, ela nunca falava quais eram suas intenções e isso frustrava Erin mais que tudo em Kaliel.

- Isso me trás lembranças... - disse Kaliel, era a primeira frase que dizia desde a tarde anterior e não respondia nenhuma das perguntas de Erin. - A primeira coisa que Desmontt fez de bom para mim foi me trazer aqui e comprar um dragão, eu não lembrava do meu verdadeiro dragão então amei Desmontt como um pai por isso, ele me acolheu, me deu um nome e me fez esquecer tudo que me atormentava.

- Eu não posso acreditar que você está falando daquele cara para mim... Eu odeio ele! Tudo que está acontecendo é por culpa dele.

- O caminho do ódio não é o melhor para se trilhar... - respondeu ela com voz profunda, Kaliel estava diferente aquela manhã, era como se estar em um lugar tão familiar a modificasse profundamente. A verdade, é que Desmontt havia usado sua magia para fazer Kaliel esquecer o passado, mas essa magia se desgastara ao longo do tempo, quase se estinguindo mais rápido com a presença de Erin e mesmo Desmontt tendo a renovado, não tinha o mesmo efeito de antes, de modo que ela não esquecera realmente o passado que a atormentava cada vez mais forte. - Vamos encontrar um dragão para você...