Capítulo 45: Campo de Refugiados

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Erin encarou seus pais e nem acreditou que realmente estava olhando para eles, havia dois motivos, o primeiro era por que havia tanto tempo que não os via, tudo estava tão mudado, com ela e com o mundo, parecia anos desde que saíra coagida aquela tarde para encontrar Montal no Fosso do Esquecimento e o segundo motivo era por que seus pais estavam tão diferentes, vestiam-se de forma simples e estavam em um campo de refugiados.

Erin demorou para convencer Kaliel de deixá-la vê seus pais antes de deixarem seu mundo e ainda não acreditava que conseguiu, mas se ela era boa em algo, era em convencer as pessoas a realizar suas vontades, mesmo que fosse a inflexível Kaliel.

Ela não podia ficar muito tempo, pois estavam sendo seguidas, Kaliel a alertara antes de sair caminhando e deixar Erin sozinha em uma rua próxima ao centro da cidade.

Era muito estranho, Erin sentia a presença de todas as pessoas naquele mundo e sentia quando estava próxima de fendas entre esse mundo e algum outro, sentia os seres vivos de ambos quando estava perto das fendas, mas quando se afastava sentia apenas os seres do mundo em que se encontrava e se parasse por um minuto, fechasse os olhos e respirasse bem devagar podia sentir como se todos estavam ligados à ela, podia ver um fita branca saindo de seu corpo e a ligando a cada ser vivo existente e havia uma fita preta que ela sabia sem ser preciso ninguém dizer que essa a ligava à Eme.

Ela precisava apenas escolher uma fita à sua volta de forma automática e esta a levaria à quem ela estivesse pensando, era tão fácil quanto andar, andar não, era mais como enxergar, uma habilidade que não precisava ser ensinada e nem ser comandada para usar.

Ela escolheu aparentemente de forma aleatória uma fita, abriu os olhos e a seguiu, contornou o centro da cidade até o parque industrial e em um campo aberto onde se encontrava centenas de enormes terres de energia eólica havia um campo de refugiados, era temporário, apenas um remanejamento de pessoas que haviam perdido suas casas no conflito contra Desmontt, principalmente devido ao incêndio que queimou por quase uma semana e consumiu metade da cidade.

As cabanas militares haviam sido montadas entre as torres eólicas sem as tocar, formava corredores largos e vias apertadas e se encontravam no centro do campo que era um local ainda aberto onde o exercício distribuía recursos.

Nessa hora, não importa quanto dinheiro você tem no banco ou no cartão, os mercados estavam vazios, as mercadorias não chegavam por que muitas das principais estradas e avenidas estavam em ruínas, no norte  um ataque destruira a repressa e a água não chegava nas três cidades que abastecia e a energia elétrica estava sendo reestabilizada.

Não era apenas Mao Bei que estava em estado de alerta, sessenta por cento da nação se encontrava em estado crítico e outros países também, principalmente naqueles que resestiram mais ao domínio de Desmontt, seus generais ainda mantinham controle de algumas regiões no mundo de Erin, mas com o sumiço de Desmontt o acordo de paz havia sido quebrado por ambos os lados e o conflito recomeçara.

Em muitas cidades sob domínio dos generais de Desmontt haviam focos de insurgências, as capitais desse mundo estavam reconquistando seus territórios perdidos e reestabelecendo o controle e com isso era revelado a podridão que Desmontt deixava por onde passava, todos que resistiram a venerá-lo como um deus, foram mortos por eresia, haviam seitas que cultuavam seu nome, perseguição religiosa a quem resistia e seus seguidores o chamavam de Salvador da Morte.

Desmontt prometia livrar todos que o seguisse da morte, usava os poderes das sacerdotisas que o seguia para ressucitar mortos queridos do povo e criar a ilusão que ele estava acima da lei e da morte, prometia destruir com a morte e libertar todos os seres vivos desse fim, de sofrerem a perda de alguém, dizia-se um salvador, mas era a doença.

Erin, A Chave Dos MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora