4. Sentimental

639 68 2
                                    


POV REGINA

Fiquei ali parada vendo aquela estranha se afastar parecendo estar muito ofendida ao ouvir minhas palavras. E eu nem sequer perguntei seu nome. Afinal de contas, o que disse de tão ruim? Ela parecia tão agradável e me fez sentir, enfim, compreendida. Fiquei sentida ao vê-la sair daquele jeito e parecia estar contendo o choro.

- Regina... A voz de Zelena interrompeu meus pensamentos. - Por Deus mulher! Estou te procurando a horas. Ruby já levou mamãe pra nossa casa e está voltando para nos buscar. Onde você se meteu esse tempo todo? Perguntou ao sentar na minha frente.

- Àquela barulheira estava me tirando do sério. Vim buscar um pouco de sossego aqui em cima.

- Poderia ao menos ter nos avisado.

- Me desculpa. Virei as últimas gotas do martini. Zelena encarou o bolo de dinheiro sobre a mesa.

- O que é isso? Perguntou, mas eu não respondi.

- Garçom, pode trazer a conta, por favor!

- Regina, esse dinheiro é seu? Você bebeu tudo isso mulher!

- Não. O garçom chegou e eu recolhi o dinheiro deixando apenas o suficiente para cobrir a conta e dar uma gorjeta. O restante guardei na bolsa.

- Vai mesmo me ignorar?! Zelena ficou brava.

- Não estou te ignorando.

- Regina, o que houve?

- Posso dormir na sua casa hoje? Perguntei desanimada e ela franziu o cenho estranhando. - Não quero ficar sozinha.

- Irmã, alguém te fez alguma coisa? Você parece distante...

- Posso ou não, Zelena? Falei ríspida desta vez.

- Claro que sim.

- Então, vamos, preciso sair desse lugar.

Quando chegamos na saída, Ruby já nos aguardava em sua Range Rover azul marinho. Entrei no carro sem dizer uma palavra. Zelena assumiu o banco do carona e pediu para Luccas seguir direto para a casa delas, pois eu ficaria por lá naquela noite. Enquanto o veículo seguia caminho, eu observava as ruas pouco movimentadas pelo avançar da hora. Jovens moças ganhando a vida a seu modo na porta de outros bares e boates. Prédios altos e elegantes. Lojas chiques. Los Angeles era mesmo uma cidade cheia de excentricidade.

Não sabia dizer o motivo, mas aquela mulher continuava latente em meus pensamentos. Repassei cada momento. Nossa conversa fácil, coisas incomuns, sua paixão por whisky e seu sorriso encantador de moleca foi o que mais ficou registrado em minha memória. Tudo parecia fluir tão bem que nem ao menos perguntei seu nome e, por final, minha obsessão por entender o que é o amor acabou estragando tudo. Mais um indicativo de que isso não foi feito pra mim. Quando dei por mim Ruby já estava estacionando o carro.

Ruby e Zelena tinham uma casa lindíssima. Na verdade, a vida delas era tipo um conto de fadas. Logo depois que me casei e mudei para Los Angeles, minha irmã veio me visitar e numa saída noturna conheceu Ruby e, desde então, nunca mais se separaram. Elas começaram um namoro à distância que acreditei não durar muito, mas fui surpreendida. As duas continuaram firmes até Zelena terminar sua faculdade de administração. Para surpresa de todos, Luccas a pediu em casamento no jantar de ação de graça que organizei em meu apartamento após oito meses de namoro pela internet. Em menos de dois meses elas se casaram. Ruby mexeu os pauzinhos e conseguiu o visto permanente de Zelena, algo que Robin não tinha se preocupado muito. Agora, com a ideia de adotar um bebê, certamente minha irmã não teria mais problemas com a imigração.

É inevitável te amarOnde histórias criam vida. Descubra agora