19. Confissão

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POV EMMA

Se um dia inteiro sem ver ou ouvir a voz de Regina já estava sendo um martírio, imagina mais quatorze. Se pelo menos eu estivesse trabalhando de verdade, minha mente poderia ter alguns momentos de folga. As horas passavam tão lentas que chegava a ser irritante olhar para o relógio. Depois de almoçar resolvi tirar um cochilo. Mesmo com os medicamentos, a mão doía dia e noite, o que tornava meu sono um tédio. Quando meu corpo começou a relaxar e, enfim, achei que conseguiria dormir, a campainha tocou. Xinguei por dentro sem nem imaginar quem estaria do outro lado da porta. Antes de chegar, a campainha tocou de novo.

- Já vai... Gritei nervosa. Quando abri, o nervoso virou paralisia. Regina, com os olhos semicerrados e seu maxilar travado. Fodeu!!! Pensei e tratei de esconder a mão machucada. Ela nada disse, entrou e se sentou no sofá, cruzando pernas e braços como se estivesse esperando uma resposta. - Regina...

- Por que mentiu pra mim? Foi direta.

- Olha eu tenho uma explicação.

- Não me venha dizer que cancelaram a tal conferência.

- Não existe nenhuma conferência, nem curso algum. Falei tentando manter a mão pra trás.

- Então você mentiu! Afirmou.

- Sim, eu menti e sobre Mary estar aqui também ontem.

- Disso eu já sei. Ela mesma se entregou ao dizer que tinha ido ao banheiro quando eu liguei e você me disse que ela tinha saído para comprar comida... Caramba, Emma! Se levantou e veio em minha direção, me encurralando contra a parede, literalmente. - Por que você mentiu pra mim? Me deu um empurrão nos ombro e eu bati com tudo a mão na maçaneta na porta.

- AI!!! MERDA! Gritei e sai de perto dela balançando o braço na tentativa inútil de conter a dor. Ela arregalou os olhos ao ver minha mão enfaixada.

- Meu Deus, Emma! O que aconteceu com a sua mão? Correu para me amparar.

- Um incidente com o espelho do banheiro. Falei com lágrimas nos olhos de tanta dor.

- Mas, quando... quando isso aconteceu?

- Ai, que dor dos infernos!!! Estava doendo tanto que nem entendi direito sua pergunta.

- Vem, senta aqui. Me conduziu até o sofá. - Me diz o que fazer, por favor. Como posso ajudar? Ela estava apavorada.

- Pega aqueles remédios pra mim. Prontamente ela o fez e trouxe um copo com água. Virei tudo goela a baixo.

- E agora? Ela apertava minha outra mão

- Só preciso de um tempo. A dor vai passar. Ficamos em silêncio até que eu estabilizasse. Eu estava sentada com as costas apoiadas e a cabeça inclinada para trás enquanto Regina enxugava com seu polegar as lágrimas que saíam dos meus olhos.

- Emma, o que está acontecendo? Eu preciso de respostas.

- Ontem, depois que a gente se desentendeu e você foi embora, eu fui tomar banho, mas parei diante do espelho, precisava olhar para mim mesma. Falei mantendo a mesma posição e com os olhos fechados. - Mas tudo que vi dentro dos meus olhos era você. Foi incrível, mas depois a cena do seu marido te beijando e roçando no seu corpo apareceram como imagens na tv e fez crescer uma irá gigante dentro de mim. Num surto dei um soco certeiro no espelho. Ele se quebrou e cortou minha mão. Nesse momento a campainha tocou e Regina foi atender.

É inevitável te amarWhere stories live. Discover now