66. Briga

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POV REGINA

Tudo o que vem fácil, vai fácil. Quantas vezes você já ouviu essa frase por aí desde que era uma criança? Acredito que incontáveis vezes... Ao ponto disso ter se cristalizado como uma verdade absoluta na vida. Não é mesmo? Sempre ouvimos de nossos avós e pais que tudo que conquistamos vem na base de muito esforço. E o que não vem assim, é nuvem passageira! Melhor até desconfiar, porque nem pode ser coisa boa. E foi repetindo esse mantra que dei início às atividades do meu dia. Depois de Emma seguir seu caminho naquela manhã de terça, cheguei até minha sala, tranquei a porta e caminhei até a parede de vidro. Os ruídos eram praticamente nulos ali dentro, mas o movimento lá fora dizia exatamente o contrário. O céu estava ensolarado e colidiu de frente com a nuvem cinza que pairava sobre a minha mente. A notícia de ontem mexeu demais comigo e, por mais que tentasse, a frustração continuava estampada no meu rosto. Passei a manhã inteira sem conseguir produzir absolutamente nada e aquilo, também, estava me tirando do sério. O interfone tocou, me assustando.

- Dona Regina, a senhora tem visita. Anna anunciou.

- Tenho alguma coisa agendada por agora?

- Não senhora. A dona Zelena e sua mãe estão aqui.

- Obrigada. Desliguei e caminhei até a porta. Quando abri, as duas logo entraram e antes mesmo de conseguir fechar a porta, recebi um abraço coletivo. - Gente, estão me sufocando. Falei realmente sem conseguir respirar.

- Filha, por que não nos ligou? Mamãe perguntou.

- Regina, achei que tinha parado com isso de ficar sofrendo sozinha.

- Gente, do que estão falando? As duas se entreolharam perdidas. - Dá pra alguém me explicar o que está havendo?

- Emma me contou sobre a reunião ontem. Fechei o semblante na hora.

- Minha querida, não fique brava com a senhorita Swan. Ela está aflita sem saber como agir e pediu nossa ajuda. Ouvi minha mãe dizer enquanto caminhei de volta até minha mesa

- Ela não precisava fazer isso. Conversamos ontem mesmo e já está tudo resolvido.

- Sua cara não diz a mesma coisa. Pode deixar de ser tão durona só desta vez? Disse Zelena. Recostei o quadril no móvel e pus as mãos no rosto.

- Estou tão arrasada... Não deu mais para conter o choro e tapei o rosto. Senti as duas me envolverem num abraço.

- Regina, vamos pensar num jeito de mudar isso. Disse mamãe beijando meu ombro.

- Eu vou contatar todos os meus conhecidos da época em que fiz esse curso. Tenho certeza de que podemos mudar esse quadro. Zelena falou firme.

- A psicóloga foi muito clara ao citar cada critério de eletividade. Enxuguei os olhos. - Eu não entendo, por que tudo precisa ser tão difícil pra mim?

- Não pense assim, minha filha.

- É uma verdade imutável, mamãe. E essa prerrogativa da adoção só é mais uma confirmação.

- Se acredita mesmo nisso, deveria estar pronta para a guerra. Irmã, você é mais forte do que pensa e pode lutar mais essa batalha.

- Filha, vocês já vão se casar mesmo, só terão que antecipar as coisas.

- Não é uma decisão tão simples, mamãe. Também estou pensando na Emma. Quero que tenhamos um casamento como ela sonha. Apesar do baque da notícia ter me abalado bastante, eu posso esperar os trâmites legais até eles terem 12 anos. O importante é tê-los conosco. Era mais indigesto do que parecia dizer aquilo.

É inevitável te amarWhere stories live. Discover now