16. Desolação

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POV EMMA

Se eu pudesse descrever o que senti ao ver aquele homem asqueroso beijar e tocar Regina como se ela pertencesse a ele, eu passaria a vida toda tentando e não conseguiria. A única coisa que posso dizer é que a sensação se assemelha a um castelo de areia em ruínas. Você passa horas no sol quente recolhendo a areia certa para fazer cada pequeno detalhe e quando você pensa que já pode brincar, o mar vem e leva tudo sem fazer menor esforço.

Desci todos os andares daquele edifício com lágrimas nos olhos. Lágrimas que eu não conseguia controlar. Uma dor mortal atingiu meu peito como uma bala de fuzil, estraçalhando tudo que podia. Pior, é que eu sabia que esse dia chegaria, mas escolhi não lutar contra o sentimento que estava dentro de mim e me entregar a essa loucura. Agora aqui estou eu, recolhendo os cacos que poderia ter evitado de quebrar, sem saber o que fazer para manter minha palavra com Regina. Eu já tinha falhado uma vez e não faria de novo, só não sabia como iria cumprir isso depois do que havia acontecido entre nós.

Me mantive longe dela o quanto pude. Nunca deixava de atender suas ligações ou responder suas mensagens, mas não era a mesma coisa. Nossos assuntos eram, na maioria das vezes, sobre a matéria, quais seriam as perguntas, sobre sua mãe e como ela havia simpatizado comigo, dentre outros, mas em momento algum falamos sobre a noite que passamos juntas e tudo o que fizemos. Já era noite de sexta quando cheguei em casa após um dia cheio de trabalho. Enquanto encostava meu carro na garagem, vi de relance um carro parecido com o de Regina. Peguei o elevador e subi até meu apartamento. Deixei uma música tocando e fui tomar um banho. Depois de me vestir com uma roupa confortável, o interfone tocou.

- Boa noite, senhora Swan, a dona Regina está aqui embaixo. Meu coração gelou na hora.

- Pode deixar ela subir e registre no controle de vocês que ela tem passagem livre aqui para o meu apartamento.

- Sim, senhora. Em menos de cinco minutos a campainha tocou. Corri para abrir a porta e ali estava ela. Vestindo uma saia lápis preta, botas de couro também pretas, uma blusa vermelha coberta por uma jaqueta em couro preta. Estava pouco maquiada, parecia estar voltando do trabalho.

- Oi! Disse meio sem jeito. - Espero não estar atrapalhando.

- Imagina. Entra, só não repara a bagunça.

- Estou muito cansada pra isso... Disse colocando sua bolsa num canto qualquer da sala.

- Dia cheio? Perguntei. - Senta aí. Quer beber alguma coisa? Ela se sentou e negou a bebida.

- Emma, nós precisamos conversar sobre o que aconteceu... Girou seu corpo na minha direção.

- Regina, não precisa tá! Eu entrei nessa sabendo...

- Mas não é justo! Cruzou os braços.

- A vida nunca foi muito justa comigo mesmo... Já estou até me acostumando.

- Emma... Ela se aproximou demais.

- Regina, olha... Foi a minha vez de chegar mais para trás. - Eu sei que prometi a você que não me afastaria e, Deus sabe o quão difícil tem sido isso, mas preciso que você colabore comigo.

- Eu não quero voltar para aquela casa hoje. Ela disse com o olhar voltado para o chão.

- Quer que eu te leve até a casa da sua irmã?

É inevitável te amarUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum