É inevitável te amar

30. Reflexão

POV EMMA CONTINUAÇÃO

Sair de casa e deixar Regina daquele jeito foi tão doido quanto ouvir as verdades que saíram da boca de minha melhor amiga. A noite estava indo bem demais, tudo de acordo com o esperado, até o percalço com o tal senhor Gold deixei passar despercebido. Queria e iria levar meu plano a diante. Por sorte a música perfeita tocou na hora exata e, finalmente, pude olhar nos olhos dela e fazer meu pedido. Ao ouvir o seu "sim" me senti voando alto novamente, mergulhando mais fundo naquele amor, mas infelizmente, nem tudo acabou em flores. As palavras de Mary martelavam minha mente trazendo à tona todas as turbulências que eu havia passado antes e depois de Regina entrar na minha vida. Me senti sem refúgio e precisava sair do olho daquele furacão que minha vida estava se tornando. Bem cedo peguei o carro e dirigi até San Diego. O único lugar em que poderia encontrar um momento de paz e sossego real; o cemitério onde meus pais estavam enterrados. Estacionei o carro e caminhei pela grama verdinha e bem cuidada do lugar até os túmulos onde meus pais foram enterrados, um ao lado do outro. Me ajoelhei e deixei a emoção falar através de muitas lágrimas que vinham ficando acumuladas dentro do meu peito a tantos anos.

- Mãe, pai. Eu sei que faz tempo que não venho visitar vocês, mas é difícil vir e olhar seus nomes nessas lápides. Falei um pouco mais calma. - Sinto tanto a falta de vocês. Passo os dias me fazendo de forte, mas lá no fundo essa ferida não fecha. A vida anda muito complicada e, às vezes, acho que a culpa é minha. Me sinto como um cão correndo atrás do próprio rabo. Continuei minha conversa solitária. - Pai, você vai me achar inconsequente, mas me apaixonei por alguém, porém a situação é complicada. Não, mãe. A Lilith já é um passado distante pra mim. Eu achei que era verdadeiro, mas o coração me passou a perna. Foi difícil levantar, mas, quando consegui me erguer, senti esse camarada aqui... apontei para o peito. - Bater por outra pessoa. Eu sei, isso é realmente maravilhoso, mãe. O nome dela é Regina. Quem passava por ali até poderia achar que eu era louca, mas aquele era o único diálogo, ou melhor, monólogo que eu poderia desejar naquele momento. - Ela é casada. Falei. - Não! Eu não estou desviando alguém de caminho nenhum. A história é mais complicada do que parece. Tecnicamente ela já não vive a muito tempo uma vida de casada com o cara, só continua com ele porque está em busca de vingança. Eu sei, eu sei... Vingança nos destrói de dentro para fora, mas, pode se dizer que ela tem um bom motivo. Respirei aquele ar fresco. - Se eu a amo? Com tanta certeza que até me assusta. Se é recíproco? Não duvido que seja. O que está me incomodando? Não sei se ela está disposta a largar tudo pra ficar comigo. Olhei para o céu. - O pior é o medo que estou de perdê-la. Fechei os olhos. - Eu precisaria tanto de vocês aqui comigo. Agora, mais do que nunca. Ontem a pedi em namoro... Pai, eu sei que isso não tem sentido, mas ouvi-la dizer "sim" me arrebatou e não sei se quero voltar atrás. Explicar o que sinto por ela, mãe? Cocei a cabeça e dei uma risada. - Como responder isso? Bem, ela é tudo... Sei que não vou conseguir falar o que ela significa pra mim, nem se eu ficasse aqui a eternidade. Regina é um conjunto de todas as coisas perfeitas que existem no céu, o anjo mais lindo, com um sorriso esplêndido, é perfeita a forma em que seus lábios desenham um sorriso, com um olhar mais radiante que uma estrela cadente, um olhar que me mostra o profundo do seu ser, então me paraliso com tamanha beleza que sua alma me passa... Meu coração bate mais forte ao lado dela, bate tão forte que nem precisa de colocar a mão para senti-lo... Sinto meu corpo tremer com a força das batidas dele. Eu a amo muito além de qualquer emoção. É como estar vivendo um sonho na realidade. Quando terminei de falar, senti uma brisa suave tocar meu rosto e envolver meu corpo, como se estivesse recebendo um abraço. Comecei a chorar só que agora com o coração acalentado e a mente mais tranquila. Me levantei limpando a grama da calça. - Obrigada por me ouvirem e prometo vir vê-los mais vezes. Eu amo vocês. Beijei os dedos e depositei numa lápide e depois na outra. - Continuem felizes como sei que estão... Falei olhando para o céu azul e ensolarado.