80. Mamães

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POV EMMA

Depois que Cora voltou para sua cidade, Regina teve que dividir seu tempo entre a Vogue, a Alavon e nossa família, e isso já estava deixando-a estressada, especialmente por conta da festa de aniversário da revista. Naquela sexta-feira, ela passou a maior parte do dia atarefada e chegou em casa já era tarde da noite.

- Isso é o que menos queria que acontecesse. Disse ao chegar e constatar que os pequenos já estavam dormindo. - Me desculpe, Emma, não planejei nada disso. Fui até ela, tirando a bolsa do seu ombro e colocando sobre o sofá.

- Eu sei disso, meu amor. A festa já é amanhã e logo as coisas irão se acalmar. Virei seu corpo de costas para tirar o sobretudo.

- Nunca desejei tanto que uma festa chegasse logo. Só para ter o prazer de aproveitar quando ela terminar. Envolvi sua cintura por trás e senti seu corpo relaxar nos meus braços. - Queria teletransportar nós quatro para Bahamas agora.

- Por hora eu só consigo te levar para tomar um banho relaxante e depois uma massagem. Seu rosto virou para buscar meus lábios. Ela estava cansada e eu respeitei aquele momento, deixando-a adormecer em meio ao deslizar dos meus dedos nos seus pés. Quando o dia amanheceu, deixei minha esposa dormir mais um pouco e fui agilizar nosso desjejum. No meio do caminho me deparei com Henry esfregando os olhos depois de bocejar. - Ei, garoto, bom dia. Ele me abraçou forte. - Opa, que coisa boa. Quer me ajudar na cozinha de novo? Um sorriso se abriu.

- Sem farinha desta vez? Estreitei os olhos na sua direção.

- Vou te dar uma trégua. A gente se dava bem na cozinha, mas éramos dois desengonçados e tudo virava uma completa bagunça.

- Emma, posso perguntar uma coisa?

- Claro, Henry. Pode perguntar o que quiser.

- É que eu quero muito uma coisa, mas estou com medo. Larguei tudo o que estava fazendo para voltar o corpo na sua direção.

- Filho, você não precisa sentir medo de nada. Eu estou aqui e não vou deixar nada de ruim acontecer.

- Eu tive uma mãe, sabia? Seu olhar se fixou num canto qualquer da parede. - Ela era bonita. Tinha o cabelo igual ao da vovó. Sentei no chão ao seu lado.

- Senta aí. Me conta mais. Ele assim o fez, apoiando os cotovelos nos joelhos.

- Era só nós dois. Não tinha mais ninguém e ela chorava muito. Eu queria saber porquê chorava tanto, mas ela nunca me contava. As mãos agora sustentavam a cabeça. - Um dia, minha mãe brigou com outra mulher e depois me levou até o parque. Eu gostava de ir naquele parque. Respirou fundo. - Ela me disse que eu não deveria chamá-la de mãe e começou a chorar de novo.

- Mas qual foi o motivo da briga?

- Não sei. Fiquei triste por vê-la daquele jeito e daí eu disse que ela era minha mãe, sim. Falei eu te amo bem alto, mas ela não sorriu e me mandou ir brincar.

- E como você se viu sozinho?

- Não percebi. Ela não estava em lugar nenhum. Tinha ido embora. Foi ficando escuro e me escondi debaixo do escorrega, mas aí fiquei com frio e sai andando. Uma outra vovó igual a minha me achou e me deu leite com biscoito. Depois a polícia chegou e começou a perguntar sobre a minha mãe. Sua voz falhou e ele começou a querer chorar. Abracei seu corpo.

É inevitável te amarOnde histórias criam vida. Descubra agora