29. A festa Parte II

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POV EMMA

Depois que Regina saiu não tive sucesso algum em elaborar aquele maldito discurso. Liguei a tv, assisti a um filme, depois fui deitar. Quando acordei, desci até a farmácia e expliquei minha situação. O farmacêutico me indicou um produto que mascararia a lesão, mas, como não tinha na tonalidade na minha pele, resolvi levar a que mais se aproximou. O relógio marcava 19h e sabia que Regina estava no salão naquele momento, então, eu mesma resolvi tentar tomar banho sozinha. Resultado: um fracasso. Sorte a minha ter comprado dois kits de emergência a mais. Eu acabei molhando tudo e tive que retirar. Me enrolei na toalha, coloquei o segundo e tentei outra estratégia, mas nada funcionava. Molhou novamente. Eu precisava lavar e secar meu cabelo para fazer o penteado que planejei. Quando estava no meio da minha saga, Regina chegou e, mesmo chamando minha atenção, ela me ajudou a terminar. Quando, enfim, tinha acabado. Usei a mão livre para secar aquela cabeleira toda e finalizar com o penteado que, na verdade, ficou muito mal feito, mas, quando vesti o vestido e olhei no espelho, até que não parecia tão ruim assim. Enquanto estava finalizando minha maquiagem, Regina saiu do banho e paralisou ao me ver. Pensei em ir ao seu encontro e perguntar se estava tudo bem, mas notei que sua inércia era por conta do meu figurino. Dei uma volta para que ela tivesse uma visão mais ampla e perguntei se havia exagerado, mas seu silêncio respondeu que estava tudo perfeito. Passei por ela, deixei um selinho nos seus lábios e resolvi esperá-la na sala.

Mesmo toda produzida, a ausência daquele discurso ainda perturbava minha cabeça. Se fazer algo assim com antecedência já era difícil, imagina no improviso. Pensei em centenas de coisas, mas nada parecia fazer sentido. Fiquei ali queimando fusível e nem me dei conta da hora. Somente quando Regina apareceu na sala foi que me dei conta da hora e do quanto ela estava linda de morrer. Vestindo um vestido azul trançado, curto um pouco acima dos joelhos e de um ombro só. Cabelos presos num tipo de coque que realçou seus brincos compridos. Uma maquiagem marcante nos olhos e discreta nos lábios. Era incrível como ela tinha o dom de dosar as coisas, talvez seja por isso que ela havia negado maquiadores no seu ensaio fotográfico.

No caminho até o local do evento notei seus constantes olhares pelo canto do olho e não perdi a oportunidade de incitá-la, mas Regina se saiu muito bem de todas as minhas investidas e, para minha sorte, ela estava com razão do que eu. Quando chegamos já era de se esperar um aglomerado de fotógrafos e repórteres a espera de uma oportunidade para entrevista e registros. Saltei do carro e abri a porta para que minha Regina saísse. Eu não tinha a intenção de chamar a atenção, mas isso era impossível em se tratando dela. Segurei firmemente sua mão e passamos pelo tapete vermelho sem dar qualquer margem para furo de reportagem barata. Quando encontramos sua família, pedi que ela me esperasse pois precisava encontrar com Elsa.

- Mais o quê? Swan não acha meio tarde pra isso?

- Eu tentei Elsa, mas não tive ideia nenhuma.

- E por que não me avisou. Eu teria contratado alguém para fazer isso, daí era só ler. Ela estava uma fera. - E agora, como vou improvisar?

- Eu não sei...

- Ah, você não sabe? Então se vira porque quem vai subir lá é você.

- Mas eu...

- Sem, mas. Se vira, arruma alguma inspiração espiritual ou sei lá o que e faz essa porra de discurso. Me deu as costas. Eu não tinha escolha a não ser passar vergonha na frente de trezentos convidados, inclusive minha Regina. No caminho até o espaço onde faria o inexistente discurso, minha vida com Regina passou como um filme na minha cabeça. Como a vida poderia ter sido tão generosa e me presentear com aquela mulher? Mesmo com seus inúmeros problemas que a poderiam fazer desistir no primeiro obstáculo, ela persistia e continuava lutando sem desistir de mim. Enfim eu tinha minha inspiração.

É inevitável te amarWhere stories live. Discover now