Capítulo 13: O bloco A

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EVA

Bloco A.

Encarei o prédio principal assim que cheguei na faculdade, me dando conta de que não sabia onde era o bloco A, porque nunca estive lá antes. Minha sorte é que eu sempre chegava cedo na faculdade. Por via das dúvidas, peguei o celular e mandei uma mensagem para Júlia, para ver se ela já estava perto. Era melhor encontrarmos nosso bloco juntas.

No entanto, minha amiga não respondeu e eu sentei nas escadas do prédio principal. E se Júlia não visse a mensagem e fosse direto ao bloco A? Não era melhor eu sair para procurar? Eu poderia perguntar na recepção da faculdade. Uma olhada para dentro da instituição me fez mudar de ideia. A recepção estava lotada de gente. Eu só queria tirar uma dúvida. Era comum todo início de semestre os estudantes perambularem pelo prédio, em busca de suas salas e blocos. Os primeiros dias de aula eram infernais, um caos total. Isto é, ainda tinha os calouros, alunos que só entravam em um curso a partir do segundo semestre.

Bufei, frustrada.

Por que a gente teria aula no bloco A? Sempre tivemos aula no prédio principal,no bloco C ou B, no máximo, que é onde estavam os laboratórios de informática. No semestre passado utilizamos bastante os laboratórios para produzir matérias e trabalhos de jornalismo digital. Eu nem sabia o que havia no outro bloco e não era o tipo de pessoa que saía por aí, para explorar.

Chequei o celular. Júlia ainda não me respondeu, a mensagem sequer chegou lá. Talvez, estivesse sem internet ou com conexão fraca. Eu sabia como o wifi da faculdade podia ser ruim, às vezes. Ergui os olhos do aparelho e o guardei no bolso. Olhei para frente ao mesmo tempo em que uma figura conhecida e atrapalhada passava praticamente correndo por mim, saindo de dentro da faculdade.

Num impulso, fiquei de pé e gritei:

— Manoel!

Ele parou de andar. Levou alguns segundos para se virar. Tentei ignorar o quanto sua roupa de cima não tinha nada a ver com a de baixo. Quem usava blusa xadrez com uma calça de moletom? Talvez, gostasse de chamar atenção. Desse jeito, era impossível ignorar sua presença mesmo.

Ele sorriu ao me ver, como sempre.

— Eva, oi! Desculpa, não te vi.

Suspirei, já arrependida de tê-lo chamado. Mas ainda não vi ninguém da minha sala e tinha vergonha de perguntar a estranhos onde era o bloco A. Já ia fazer dois anos que estudava aqui, não é como se eu fosse uma caloura perdida.

— Oi. É... você sabe onde fica o bloco A?

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Eu tô indo pra lá agora.

Que ótimo! Maravilha. A última coisa que eu queria era ir com ele a algum lugar. Mas que escolha tinha?

Ajustei a mochila nas costas.

— Tenho aula lá.

— Maravilha. Vamos juntos então.

Eu assenti e me aproximei dele. Caminhamos lado a lado, passando por um grupo de estudantes que estava fumando.

— É muito longe?

— É nada. Só dar a volta no prédio principal. Fica na outra quadra.

— Ah.

Isso me daria cinco minutos na presença de Manoel e não gostei da ideia. A boa notícia é que ele andava rápido e me esforcei um pouco para acompanhar suas passadas largas.

— Tô fazendo você correr? — questionou, relanceando o olhar para mim. — Foi mal, é que eu tô bem atrasado pra aula.

Engoli em seco. Então ele percebeu meu esforço em acompanhá-lo. Havia algum movimento meu que lhe passasse despercebido?

Entre o amor e a maçã | Livro 1 [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now