Capítulo 40: O revellion - parte 2

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MANOEL

Fechei os olhos e respirei fundo. Parecia que meu rosto ia explodir. Não queria olhar para Vera e encontrar ódio em seus olhos. Tinha certeza que seria expulso da casa dela em dois segundos. Cara, como pude arruinar minhas chances com Eva tão depressa? Só um milagre mesmo para fazer a mãe dela gostar de mim.

Abri os olhos quando ela não disse nada. Arrisquei encará-la. Suas sobrancelhas estavam franzidas.

— E por que Eva nunca me disse essas coisas? — questionou, em tom inquisitivo.

— Porque ela tem medo. Vocês a sufocam tanto que ela tem medo de tudo.

Vera me deu as costas e voltou a cortar alguma coisa.

— Ora, que bobagem. Sou a mãe dela. Eu sei o que é melhor pra minha filha.

— Não. A senhora não sabe. Se soubesse, a gente não estaria tendo essa conversa na véspera de ano novo. E minha intenção não é te desrespeitar. Mas não vou aceitar que desrespeitem Eva na minha frente, ainda mais quando ela não tá aqui pra se defender.

Ela olhou para mim por cima do ombro.

— Hum. Ainda tô decidindo se gostei ou não de você, Manoel.

Eu sorri, ainda tenso, e cocei a cabeça.

— Creio que até o fim da noite terá sua resposta, senhora.

E eu esperava que fosse boa, apesar das broncas que dei nela. Eva me mataria quando soubesse. Ofélia olhou para mim com os olhos cheios de orgulho e piscou em cumplicidade. Depois, virou-se para terminar de fazer o mousse que Eva começou.

No minuto seguinte, um homem alto de óculos e bigode gigante apareceu. Presumi que era o pai de Eva.

Me coloquei na sua frente e estendi a mão, tomado de adrenalina.

— Oi. Sou Manoel, amigo da sua filha. — Abri um sorriso, apesar de tudo. Se tive coragem de enfrentar a mãe dela, também teria coragem pra enfrentar o pai. Talvez, minha gentileza não funcionasse com essa família. Pior é que eu não tinha um plano B.

Ele apertou minha mão com força demais. Quase ouvi o som dos ossos dos meus dedos se quebrando. Ok, foi exagero.

— Quais suas intenções com a minha filha, rapaz?

O sorriso congelou nos meus lábios.

Meu Deus, não esperava que o homem fosse tão direto. A noite só melhora. Impressionante.

— As melhores possíveis, não se preocupe.

— Hum. Depois vamos conversar melhor sobre isso.

Engoli em seco, mas assenti.

— Como o senhor quiser.

— Gosta de futebol, rapaz?

— Adoro. Eu assisto toda quarta-feira, quando chego da faculdade. Ah, eu também jogava na quadra do meu bairro, com os amigos, quando a gente era adolescente. Antes da vida de proletariado me consumir. — Soltei uma risada fraca.

Ele não riu da minha piada.

Uma pessoa não riu da minha piada. Como assim? Meu cérebro demorou para assimilar essa informação, quase deu pane no sistema.

— Quer jogar?

Ergui uma sobrancelha, surpreso.

— A essa hora? Como vamos enxergar a bola?

Ele apontou para a sala com a cabeça.

— No videogame.

— Ah. Beleza, eu topo!

Entre o amor e a maçã | Livro 1 [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now