Capítulo 52: As discussões

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EVA

Minha respiraçáo falhou e meus olhos marejaram. 

Não, Jesus. Não pode ser. Eu orei tanto, estudei tanto... 

Manoel se envolveu tanto nos meus estudos comigo. Por um momento cheguei mesmo a pensar que daria certo continuar a faculdade, estar apaixonada e até namorar. De alguma forma, ele me fez acreditar que seria possível conciliar tudo. Então, como é possível eu ter reprovado em Estatísticas? 

Fiquei atualizando a página da faculdade feito louca, só para ter certeza de que essa era mesmo minha nota. Não tinha jeito. Era quatro e meio mesmo. Passei a mão pelos cabelos, enxuguei as lágrimas e reprimi um soluço. No instante seguinte, meus ombros encolheram e recomecei o choro, colocando a mão na boca. 

Meus pais vão me esquartejar.

— Eva? 

Quando minha mãe apareceu na porta do quarto, fechei o notebook com força e soltei um gritinho, tamanho o susto. 

— Que foi? — perguntei, limpando as lágrimas. 

Ela entrou no quarto. Não tinha o costume de pedir licença, nem bater na porta.

— Eu que pergunto. O que foi, menina? 

— Nada.

— Ouvi seu grito lá da sala. E acabei de me lembrar que você me disse que as notas saíam hoje. 

Eu disse? Devia ter calado a boca.

— Ah. 

Ela colocou a mão na cintura.

— Por que você tá segurando esse notebook com tanta força?

Porque eu reprovei em Estatísticas, mãe. 

— Por nada.

— Então me mostra.

— O quê?

— Suas notas. Anda logo, menina. 

Ofeguei. Acabou para mim. 

Meus olhos se encheram de lágrimas de novo. Sou uma decepção.

— Eu tirei notas altas em quase tudo, mãe. M-mas... tinha uma disciplina que... Era muito difícil. O professor não passou trabalho. Tive que fazer tudo sozinha. 

Enquanto eu falava, ela perdeu a paciência e tomou o notebook das minhas mãos. Simplesmente. Fingi que o gesto abrupto não me magoou. 

Fiquei de pé e caminhei até a janela enquanto ela abria a tela e passava os olhos no meu boletim. 

Minha mãe nunca pedia as coisas. Ela tomava. 

Odiava isso nela. 

Ouvi quando fechou o notebook e a encarei. Ela ficou de pé, a expressão carrancuda.

— Vou falar com seu pai. 

Quando caminhou até a porta, o pânico me tomou, me coloquei na sua frente e me esparramei na porta. 

— Mãe, não! Eu vou melhorar. Eu posso... eu posso... — Cadê as porcarias das palavras?

— Eva, já basta! — Ela ergueu a mão, autoritária. — Vou resolver isso com seu pai. Agora sai da minha frente. — Quando não me movi, ela disse alto: — Anda! 

Me movi, assustada com a intensidade de suas palavras, e voltei para a cama. Assim que ela saiu do quarto, batendo a porta, eu desabei. Pus a mão na testa e deixei as lágrimas escorrerem. 

Entre o amor e a maçã | Livro 1 [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora