EVA
Minha respiraçáo falhou e meus olhos marejaram.
Não, Jesus. Não pode ser. Eu orei tanto, estudei tanto...
Manoel se envolveu tanto nos meus estudos comigo. Por um momento cheguei mesmo a pensar que daria certo continuar a faculdade, estar apaixonada e até namorar. De alguma forma, ele me fez acreditar que seria possível conciliar tudo. Então, como é possível eu ter reprovado em Estatísticas?
Fiquei atualizando a página da faculdade feito louca, só para ter certeza de que essa era mesmo minha nota. Não tinha jeito. Era quatro e meio mesmo. Passei a mão pelos cabelos, enxuguei as lágrimas e reprimi um soluço. No instante seguinte, meus ombros encolheram e recomecei o choro, colocando a mão na boca.
Meus pais vão me esquartejar.
— Eva?
Quando minha mãe apareceu na porta do quarto, fechei o notebook com força e soltei um gritinho, tamanho o susto.
— Que foi? — perguntei, limpando as lágrimas.
Ela entrou no quarto. Não tinha o costume de pedir licença, nem bater na porta.
— Eu que pergunto. O que foi, menina?
— Nada.
— Ouvi seu grito lá da sala. E acabei de me lembrar que você me disse que as notas saíam hoje.
Eu disse? Devia ter calado a boca.
— Ah.
Ela colocou a mão na cintura.
— Por que você tá segurando esse notebook com tanta força?
Porque eu reprovei em Estatísticas, mãe.
— Por nada.
— Então me mostra.
— O quê?
— Suas notas. Anda logo, menina.
Ofeguei. Acabou para mim.
Meus olhos se encheram de lágrimas de novo. Sou uma decepção.
— Eu tirei notas altas em quase tudo, mãe. M-mas... tinha uma disciplina que... Era muito difícil. O professor não passou trabalho. Tive que fazer tudo sozinha.
Enquanto eu falava, ela perdeu a paciência e tomou o notebook das minhas mãos. Simplesmente. Fingi que o gesto abrupto não me magoou.
Fiquei de pé e caminhei até a janela enquanto ela abria a tela e passava os olhos no meu boletim.
Minha mãe nunca pedia as coisas. Ela tomava.
Odiava isso nela.
Ouvi quando fechou o notebook e a encarei. Ela ficou de pé, a expressão carrancuda.
— Vou falar com seu pai.
Quando caminhou até a porta, o pânico me tomou, me coloquei na sua frente e me esparramei na porta.
— Mãe, não! Eu vou melhorar. Eu posso... eu posso... — Cadê as porcarias das palavras?
— Eva, já basta! — Ela ergueu a mão, autoritária. — Vou resolver isso com seu pai. Agora sai da minha frente. — Quando não me movi, ela disse alto: — Anda!
Me movi, assustada com a intensidade de suas palavras, e voltei para a cama. Assim que ela saiu do quarto, batendo a porta, eu desabei. Pus a mão na testa e deixei as lágrimas escorrerem.
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Entre o amor e a maçã | Livro 1 [CONCLUÍDO]
RomanceEva e Manoel não poderiam ter se conhecido de forma menos convencional. Ela numa festinha de fim de semestre da faculdade, ele surgindo, de repente, interrompendo uma conversa para lhe passar a cantada mais ridícula de todas. O que devia ser uma noi...