Capítulo 61: O jantar

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EVA

Ergui a mão sobre a cama e peguei meu celular, os dedos trêmulos. Mandei mensagem para Júlia. Precisava saber se ela comentou com Manoel sobre minha lista. Enquanto minha amiga não respondia, guardei a lista dentro de um livro que estava lendo e continuei arrumando as coisas. Cerca de meia hora depois, recebi uma mensagem da garota.

Júlia: Oi, Eva! Então… que eu saiba não. Quer dizer, eu comentei sobre a lista com Manoel no começo, quando ele nem te conhecia direito ainda. Mas não citei aquelas características que você falou, acho que era umas três, as únicas que se lembrava. Aí, ele perguntou o que tinha na lista, só que eu não falei. A questão ficou meio no ar. Pq pergunta ???

Manoel não sabe quais as qualidades que eu queria no meu namorado. 

— Ai, meu Deus! Não acredito…— falei sozinha, as lágrimas tomando conta do meu rosto.

E Deus respondeu no meu pensamento: “Você esqueceu boa parte dos itens daquela lista, mas eu não esqueci”. 

Desabei no chão do quarto por um tempo, enquanto tocava uns louvores em toda altura. Sequer respondi a mensagem de Júlia. Manoel sempre foi o cara certo e demorei para perceber. Me deixei levar por preconceitos bobos, pois ele se vestia mal, era atrapalhado demais e cínico. Tudo o que vi foram defeitos, no início. E mesmo reconhecendo suas qualidades depois, jamais associei à lista. 

Agora, meu peito explodiu em várias cores e sensações, como fogos de artifício que rasgam o céu à noite. Deus atendeu minhas orações de anos atrás. 

Obrigada, Senhor. Obrigada. 

Quando consegui me controlar, levantei e voltei a arrumar o quarto. Na hora do almoço, já tinha terminado. Até agora Manoel não me mandou nenhuma mensagem, o que foi estranho, porque todo dia ele mandava alguma coisa antes de ir pro trabalho. Em vários momentos, abri o chat das nossas conversas e notei que ele estava online. Certo, o que estava acontecendo?

Com quem está conversando? 

Tipo, como assim online sem falar nada comigo? Até pensei em mandar mensagem perguntando se ele estava chateado ou se fiz algo errado, mas não queria parecer desesperada (embora estivesse, agora que sabia a verdade). 

Meu pai PRECISA deixar a gente ficar junto.

Passei o restante do dia limpando outras áreas da casa. Só pude relaxar por volta de seis horas da tarde, que foi quando tomei um banho caprichado para esperar Manoel. Não tinha ideia do que meu pai pretendia, mas vesti uma roupa melhorzinha. Uma saia preta na altura dos joelhos, uma camiseta branca com estampa de fones de ouvido e sandálias sem salto. 

Depois de pronta, sentei no sofá e fiquei vendo episódios de Dawson’s Creek. Meu pai chegou do serviço, disse que ia no mercado comprar um refrigerante de guaraná pro jantar. Pouco depois, minha mãe também chegou e foi tomar um banho.

Quando peguei o celular, reparei em um e-mail do meu professor sobre o seminário de ontem. Ele me parabenizou e disse que as notas já estavam disponíveis na área do aluno. Acessei o site da faculdade no celular mesmo e abri a boca ao ver minha nota. 

Dez. Soltei uma risada sincera e extasiada pela primeira vez depois de perder a vovó. Estava oficialmente de férias!

Alguns segundos depois, a campainha tocou e eu pulei do sofá para abrir o portão. Quase fui saltitando até lá, mas Manoel pensaria que eu fosse louca.  Talvez fosse, porque saber da minha nota e o negócio da lista modificou totalmente a química do meu cérebro. Meu coração se encontrava num estado de euforia transbordante, incapaz de se conter no peito.

Entre o amor e a maçã | Livro 1 [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now