Capítulo 18: O debate

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EVA

Na sexta à noite, cheguei na faculdade e fui direto ao bloco B. Ansiava pelas aulas de fotojornalismo. Assim que entrei na sala, encontrei Júlia sentada numa mesa conversando com Diana e Bianca animadamente.

Eu as cumprimentei e sentei no meu lugar.

- Eva, que lenço legal! - minha amiga elogiou depois de um tempo, quando as meninas saíram.

Eu usava um lenço azul no pescoço que ganhei de presente da vovó em meu último aniversário. Achava que ele combinava muito com minha jaqueta de couro preta e uma blusa branca por baixo.

- Obrigada!

Ela saiu de cima da mesa e sentou ao meu lado.

- E ai, como estão as coisas?

Fiz uma careta.

- Quais coisas?

- Entre Eva e Manoel ou Eva e Thiago, sei lá.

- Ah. Primeiro, não tem nada entre mim e Manoel. Segundo, eu tô na mesma com Thiago. Tipo, ele continua lá, todo lindo. E eu continuo admirando de longe, como se olhasse pra uma vitrine.

- Ué. Então aquele breve contato entre vocês não deu em nada?

Encolhi os ombros.

- Não. Pensei que algo mudaria entre a gente, mas estamos na mesma. De qualquer forma, talvez seja melhor assim. Deus sabe que não preciso namorar agora. Tenho uma carreira pra construir. Você já namora e estuda e, sinceramente, não sei como consegue conciliar ambos. Deu sorte de encontrar um rapaz tão compreensivo.

- Ah, meu namorado também passa por uns perrecos na facul dele. Então, a gente se entende.

- Eu prefiro focar numa coisa de cada vez, assim nada tira o meu foco.

Júlia pegou seus materiais e ficou rabiscando algo no caderno.

- Se você diz. Mas escuta. Esses dias Manoel veio me procurar, querendo saber onde você tava e tal. Tem alguma coisa que você não tá me contando? Estudo jornalismo, se você não falar, eu investigo. - Ela sorriu.

- Nada demais. Pegamos a mesma optativa de paleontologia.

- Sério? Não sabia que você gostava dessas coisas.

- Eu tenho interesse nos dinossauros.

- Só você mesmo, Eva. Como pode amar uma coisa que poderia te destruir?

- É complicado de explicar.

Assim que acabei de falar, o professor entrou na sala, já carregando uma câmera profissional pendurada no pescoço. Dei um sorriso fraco, pressentindo que essa aula seria a melhor do semestre.

Ele se apresentou como Edson e começou a aula contando como a fotografia surgiu.

Em algum momento, o professor começou a desenhar na lousa, fazendo rabiscos que pudessem representar a câmera obscura e sua relação com a luz e a imagem invertida. Era nítido o amor com o qual ensinava. Ele falava como se vivesse na antiguidade, bem na época em que os primeiros registros fotográficos surgiram.

Eu apoiei a mão no queixo e bebi das suas palavras como quem matasse uma sede que não sabia existir. Se antes, já tinha uma queda pela fotografia, agora estava rendida. Próximo passo: comprar uma câmera semi profissional o mais rápido possível. Sairia por aí feito doida, batendo fotos de tudo o que achasse bonito. Já não achava a qualidade da câmera do meu celular tão boa.

Quando a aula acabou, Júlia foi embora. Tínhamos só aquela aula na sexta e eu ficava feliz em sair mais cedo. No entanto, estava faminta. Então fui à praça de alimentação e comprei um pote de mini salgado para comer um suco de laranja natural.

Entre o amor e a maçã | Livro 1 [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now