Capítulo 36: O natal - parte 3

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EVA

Ele não soltou meu punho enquanto não chegamos na garagem, que agora estava coberta com um cheiro de fumaça. Olhei para o outro lado e vi um homem de costas numa churrasqueira.

Nos aproximamos de um grupo com umas cinco pessoas. Duas garotas e três garotos. Eles conversavam animadamente com um copo de refrigerante em mãos. Uma das meninas usava um vestido preto com flores vermelhas e a outra, uma jardineira jeans e sapatilhas.

— Pessoal, essa é minha mais nova amiga, Eva — disse Manoel, colocando as mãos em meus ombros, fazendo meu coração acelerar.

O nervosismo pairava sobre a boca do meu estômago. Não estava acostumada com tanta exposição e muito menos com tantos toques de Manoel. O punho, as mãos, os ombros...

O grupo parou de conversar. A menina de cabelo loiro escuro, do vestido preto, sorriu e foi a primeira a me cumprimentar, com um beijo no rosto. Tinha um perfume doce levemente enjoativo.

— Oi! Eu sou Amanda, amiga de infância do Manoel.

Sua voz era melodiosa e doce. E aliás, ela parecia um amor de pessoa.

— Oi — respondi.

A moça ao seu lado disse se chamar Karen e era bem diferente de Amanda, pois tinha pele negra e longas tranças, além de uma voz um pouco mais grave. Ela também me deu um beijo no rosto. Os meninos eram Felipe, Lucas e Maycon. Nomes demais para eu armazenar. Cada um deles me cumprimentou com um aperto de mão.

Manoel mantinha as mãos nos meus ombros.

— Karen, você sabia que a Eva estuda jornalismo? — disse.

A menina arregalou os olhos.

— Sério? Menina, me conta como é? Eu tô querendo fazer uma faculdade e tava pensando em Jornalismo, mas fiquei dividida, porque também pensei em Letras. O que você estuda lá?

Eu lhe contei coisas que eu amava e as que não gostava tanto. Ela me contou sobre seu interesse em fotografias e eu lhe dei informações de coisas que eu aprendi no curso. Quando dei por mim, falava sobre meu curso com toda empolgação do mundo.

Os meninos saíram para buscar carne, mas Amanda e Karen continuaram lá, me ouvindo atentamente. Quase não notei quando Manoel saiu também. Digo quase, porque senti quando suas mãos deixaram meus ombros.

Não queria ter notado algo assim. Mas notei.

Depois de um tempo, os assuntos que eu tinha com as meninas fugiram da área acadêmica. Logo estávamos falando sobre filmes românticos, um gosto que nós três tínhamos em comum. E depois falamos sobre nossas épocas de escola e a infância. Descobri que Manoel conhecia Karen da rua, porque já foram vizinhos, e também estudaram na mesma escola.

Já Amanda, ele conheceu no jardim de infância. Ela relatou que ele era um menino encrenqueiro e gostava de puxar o cabelo das meninas. E que de alguma forma, os dois formavam uma dupla apocalíptica na escola. Em alguns momentos da conversa, eu olhava para os lados, me perguntando onde Manoel estava. Então, sorria levemente ao vê-lo tentando dar atenção para todo mundo na festa. O vi pegando carne na churrasqueira, cortando numa tábua e distribuindo para as pessoas em uma bandeja.

— De onde você e Manoel se conhecem, Eva? — Amanda puxou minha atenção de volta.

— Da faculdade. Ele invadiu a festa de confraternização do curso de Jornalismo.

Ela riu.

— Isso é bem a cara dele mesmo. Queria estar na mesma faculdade que ele, aposto que a gente ia zoar tanto. Mas escolhi estudar Biomedicina em outro lugar.

Entre o amor e a maçã | Livro 1 [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now