Capítulo 39: O revellion - parte 1

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MANOEL

Alguns dias se passaram e consegui retomar minha relação com Eva. Voltamos a ser o que éramos antes daquele dia no shopping. E mais uma vez, chegamos ao ponto de não saber quem chamou quem no chat. Mandamos fotos de coisas aleatórias um para o outro e ríamos de tudo. No minuto seguinte, entrávamos em umas conversas muito profundas sobre Deus, vida espiritual e a existência humana em si.

Eu ainda achava incrível como nossas vidas se conectavam em diversos pontos e, se eu acreditasse nisso, diria que éramos almas gêmeas. Não tocamos muito no assunto do abraço ou do meu comentário impulsivo sobre sua mão ser como uma nuvem. Passei dias me recriminando por ter dito isso e por querer beijá-la antes da hora. Não falávamos de nenhum assunto que a incomodasse, porque eu sabia que mais cedo ou mais tarde ela contaria para mim, voluntariamente, sem pressão. Aprendi que Eva era assim. Havia muitas coisas que ela me dizia hoje que não teria coragem de dizê-las há alguns meses, por exemplo.

No dia do réveillon, me olhei no espelho, tirei uma foto da minha roupa e mandei para minha irmã, só para ela não pegar no meu pé depois, falando que eu me vestia como um espantalho.

Gabi: Adorei a blusa social branca com essa calça jeans. Agora sim. Só tira esses sapatos sociais cafonas e coloca um tênis branco, daqueles moderninhos que eu sei que você tem.

Suspirei. Garotas eram exigentes demais. Eu não via nada demais nos meus sapatos, mas escolhi dar ouvidos à minha irmã. Depois, peguei o celular para lhe mandar uma nova mensagem.

Eu: E meu cabelo? Vc nunca diz nada sobre ele. Devo pentear pra trás? Jogá-lo mais no rosto? Pensei em cortar ele um pouco, mais pra frente.
Gabi: Nãaaaaaaao! NEM PENSE NISSO! Se vc cortar, eu arranco sua cabeça inteira, viu?
Eu: Ué, pq? kkkkkk
Gabi: Seu charme tá todo concentrado nesse cabelinho ridículo. Tipo, eu particularmente acho feio. Mas por alguma razão esquisita, as meninas adoram esse cabelo. Até Eva deve gostar. Ele faz parte da sua identidade, não pode se desfazer dele.

Só de ler o nome dela eu sorri. Digitei um ok para Gabi e soltei o celular na cama. Minha família saiu bem cedo de casa, porque Itu era meio longe e eles queriam ir para tomar café.

Minha mãe esteve no meu quarto antes de ir para me dar um beijo de despedida e me desejar boa sorte na casa da Eva. Para minha alegria, deixou comida pronta. Não precisei enfiar as caras na cozinha e estragar os ingredientes da minha mãe com comidas horríveis que nem os cachorros conseguiriam comer.

Depois de arrumar o cabelo, passei meu novo perfume, peguei minha jaqueta jeans e saí do quarto. Eva me passou o endereço mais cedo e eu chamei um Uber.

Fiquei conversando com o motorista durante o trajeto. Em menos de cinco minutos ele já sabia tudo sobre minha vida. Porém, eu estava inquieto. Minha perna não parava de balançar, como se ganhasse vida própria.

Pelas coisas que Eva sempre falou dos pais, eles eram rigorosos e superprotetores. Eu não tinha ideia de como lidar com pessoas assim. Provavelmente, pisaria em ovos.

O motorista do carro riu das minhas brincadeiras e histórias divertidas que já aconteceram comigo. E ele também tentou me incentivar quando lhe contei que estava indo conhecer os pais da minha futura namorada.

- Obrigado pela corrida e pelos conselhos, meu parceiro. Infelizmente só tenho o dinheiro da corrida. Vou ficar devendo da sessão de terapia que você me deu.

O moço riu e se despediu de mim desejando boas festas depois que o paguei e desci do carro. Eu lhe desejei o mesmo.

Olhei para o portão vermelho e para o carro prata estacionado na garagem. Mandei uma mensagem para Eva avisando que já tinha chegado. Ela apenas visualizou. Esperei alguns segundos até vê-la saindo de casa com um vestido branco esvoaçante, cheio de desenhos de alguma coisa que não dava pra ver, porque a iluminação era fraca.

Entre o amor e a maçã | Livro 1 [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora