Capítulo 35: O natal - parte 2

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EVA

Manoel me conduziu a uma escada, me alertando para tomar cuidado com o primeiro degrau porque havia uma parte quebrada que já o fez cair várias vezes. No andar de cima, entramos em um corredor e paramos na frente da segunda porta.

Eu me perguntei se a primeira porta era um banheiro, o quarto de seus pais dele.

Manoel deu uma batida na porta.

- Gabi! Alguém aqui quer te ver.

- Se não for o Papai Noel com a fórmula mágica do emagrecimento eu não quero ver ninguém! - ela gritou.

Eu ri e Manoel me encarou.

- Ela fez cinco meses de gestação esses dias e a barriga nem tá tão grande assim, mas já está aparecendo. Aí, a roupa que ela comprou pra usar hoje não é larga o bastante pra esconder. Ela tá morrendo de vergonha que a vejam assim - explicou.

- Pra quem você tá falando sobre mim, irmão? - Gabi perguntou, a voz abafada.

- Abre a porta e você vai saber.

Momentos depois, ouvi o barulho dos trincos e a cabeleira escura dela despontou no corredor. Ela tentava esconder o corpo, porém seus olhos claros se arregalaram um pouco ao me ver.

Então, notei que Gabi era muito parecida com a mãe de rosto, exceto pelo cabelo. Mas também era óbvio que o cabelo da mulher não era de um loiro natural.

- Eva? Você veio! -Ela encarou Manoel. - Você me deve cem reais.

Ele apertou os lábios.

- Bom, eu trouxe uma garota pra ver se ela te entende. Agora fui.

Ele saiu, descendo as escadas apressadamente. Pouco depois, ouvi um som abafado seguido de um xingamento.

Gabi riu.

- Ele deve ter caído no último degrau da escada, de novo. Manoel sempre faz isso - explicou.

- Ah...

- Então, eu deixo você entrar se prometer que não vai rir de mim, porque estou obesa.

- Não se preocupe. Eu não vou rir.

Ela abriu mais a porta e eu entrei. O ar abafado veio de encontro à minha pele enquanto observava o ambiente caótico. Havia pilhas de roupas jogadas sobre a cama, sapatos e sandálias caídos nos chão, mais roupas e até bolsas penduradas numa cadeira.

- Tá, não repara muito nessa bagunça aqui. É meu mundinho particular. E se eu não estivesse precisando tanto de ajuda, nem te deixaria entrar. As únicas pessoas que vêm aqui são meus pais e Manoel. Mas hoje é exceção.

Então, eu a encarei.

Ela vestia um vestido dourado, cheio de glitter, que deixava os ombros à mostra. Seus pés estavam descalços e seus cabelos, revoltos. O vestido marcava um pouco sua barriga.

- Eva! Para de olhar pra mim! - Ela tentou cobrir o corpo com os braços.

Desviei o olhar.

- Desculpa.

- Cara, Manoel tem razão. Você fica encarando as pessoas. Isso é irritante.

- Peraí, ele disse que é irritante?

Gabi sorriu, as expressões em seu rosto suavizando. Caminhou até uma penteadeira, jogou umas roupas no chão e sentou. Essas roupas estão limpas ou sujas? Jesus...

O vestido estava aberto em suas costas, revelando uma parte de seu sutiã e um sinal de nascença.

Ela me encarou através do espelho da penteadeira.

Entre o amor e a maçã | Livro 1 [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora