Capítulo 64: O encontro - parte final

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EVA

— Como soube que eu estava apaixonada por você? — perguntei.

— Você não é muito boa em disfarçar. Na verdade, acho que nem tentou. — Ele se aproximou de mim e pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos, erguendo-a por um momento para dar um beijo nela. Um novo tipo de nervosismo me atingiu. — Agora, me conta a história. Quero ouvir. 

Estreitei as sobrancelhas.

— Que história? 

— A história de como você se apaixonou por mim. Foi o meu cabelo charmoso? — perguntou, inclinando e balançando seus cachos na minha direção.

A pergunta me arrancou uma risada, apesar de toda tensão. 

— Eu não sei. 

Minha respiração vacilou. Me sentia tão exposta que era como se estivesse nua na frente de uma multidão de pessoas vestidas. 

— Você precisa relaxar mais, querida. 

Por que está tão calmo?!

— Por que está tão calmo? 

Ele sorriu, incrédulo.

— Calmo? 

Levou minha mão até seu peito. Seu coração batia desenfreadamente. 

— Ah. 

— Então, qual é a história?  

Ele abaixou minha mão, porém  não a soltou.

— É que eu não sei por onde começar. Digo... — Olhei para frente por um momento, buscando as palavras certas. — Eu não sei quando me apaixonei. A sensação... é de que sempre estive assim, mas sei que não é verdade. Eu te odiei quando nos conhecemos. 

Ele sorriu. 

— Então quando foi que percebeu?

— Acho que foi no ano novo, enquanto você dançava com a vovó. Vi que você se dava bem com minha família e eles adoraram você. Mas sei lá... não quero que fique se gabando, você entrou na minha mente e no meu coração em algum momento que não me dei conta. Não sei se foi quando me deu o abajur, ou se foi quando a gente se encontrou no cinema por acaso. Ou se foi quando você esperou comigo na porta da faculdade pra me proteger e me deu sua blusa para sentar. Ou se foi quando apareceu na casa da vovó com aquela plantinha e consertou a lâmpada dela. Ou quando a gente saiu pra comprar sorvete. Ou quando você orou comigo no telefone. — Deixei escapar uma risada, me dando conta de que em todos esses momentos eu senti alguma coisa. — Começou como uma uma faísca. Algo que só cresceu quanto mais eu te conhecia. 

"Lembro de não querer nem sua amizade. Você me intimidava e me incomodava muito até certo ponto. Mas aí, eu não entendo direito porque escolhi a mesma optativa que você, na faculdade. Eu amo dinossauros e realmente tomei a decisão depois de ver Jurassic Park, mas essa não era bem uma opção pra mim até eu descobrir que você escolheu paleontologia. Eu não entendi porque estava fazendo isso se não te suportava. O seu cabelo... ele foi extremamente irritante no começo e eu achava que precisava de um corte, urgente. Suas roupas? Todas desconexas! Seu jeito de andar? Era como se estivesse bêbado o tempo todo. Até suas manias linguísticas me irritavam. Você usava um perfume insuportável, e eu tinha alergia ao cheiro. 

"Depois de um tempo, seu cabelo não me incomodava mais e eu passei a reparar no formato dos cachos e em como se movimentavam quando você andava. Suas roupas passaram de feias para engraçadinhas. E suas manias... eu me apeguei a elas. Você trocou o perfume por um infinitamente melhor. De algum jeito você se infiltrou tanto na minha vida e na minha mente que eu não sei dizer quando eu me apaixonei. Só... aconteceu.

Entre o amor e a maçã | Livro 1 [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now