Eu não ouvi mais o restante do que ele disse As palavras se dissolveram em um zumbido surdo. O chão pareceu desaparecer sob meus pés. O nome dele, dito assim, no passado — como se já fosse apenas lembrança. - parece que algo foi rasgado dentro do meu peito.
Hadassa: Não... não, não, não, não — repito quase sem voz, apertando o telefone contra o ouvido como se pudesse mudar o que acabava de ouvir. Como se a força do meu desespero fosse capaz de trazê-lo de volta.
O quarto mergulhou em um silêncio pesado, quebrado apenas pelos soluços que agora escapavam do meu peito, profundos e desgovernados. A madrugada escura, fria, parecia zombar da ausência dele.
Ele se foi. E com ele, uma parte de mim também.
O Catete estava mergulhado em silêncio, exceto pelo barulho ocasional de um ônibus passando vazio e o uivo distante de uma sirene. Eu sai de casa como um fantasma — chinelos nos pés, uma calça, um casaco, e os olhos perdidos em um ponto que não existia.
Chamei um carro pelo aplicativo com dedos trêmulos. Hospital São Gabriel, zona norte. A corrida começou sem que eu tivesse consciência do tempo. O motorista, percebendo o meu estado, não disse uma palavra. O rádio desligado, o carro deslizando pelas avenidas molhadas de uma garoa fina e fria.
Passamos pelo Aterro do Flamengo, e olhei as luzes distantes refletidas na Baía de Guanabara. Quantas vezes ele dirigiu por ali, contando piadas ruins, cantando alto, rindo com aquele jeito bobo que só ele tinha?
mordi os lábios com força. Precisava se manter inteira. Só mais um pouco. Só até vê-lo.
O hospital surgiu como um gigante de concreto e luzes frias. Quando desci do carro, os pés vacilaram. O porteiro a viu me aproximar e, antes que dissesse qualquer coisa, já me guiava para dentro, como se a minha dor já estivesse anunciada em cada passo hesitante.

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✨Hadassa✨
Storie brevi✨Que o destino traçou Que não me deixa em paz Sou eu sua doença Você minha cura...✨