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Eu respirava fundo, mas parecia que o ar não entrava direito.
Ela... ali, nos braços de outro. Beijando outro.
Minha amante, a mulher que eu tava ficando cada vez mais preso. E eu ali, com a mãe do meu filho do lado, de cenário.
Segurei o copo com força, a mão suando. Não podia dar na cara. Não ali. Não na frente de geral. Tinha segurança da VK, tinha aliado meu, tinha gente do movimento, tinha política e tinha a Viviane... se eu desse bandeira, virava assunto no outro dia.
Mas por dentro... por dentro eu tava pegando fogo.
“Respira, Henrique, respira. Tu não é moleque...”, fiquei repetindo na mente.
Mas era foda.
Ciúme, ódio, arrependimento... tudo misturado.
Queria sair dali e ir atrás dela na hora. Tomar ela pelo braço, botar as ideia em dia. Falar que porra nenhuma de vereador ia ficar com ela.
Mas como? No meio daquele show? Na frente de todo mundo?
Não podia.
Tinha que ser na maciota. No momento certo.
Então comecei a bolar:
“Vou esperar. No camarote dela, ela não vai ficar a noite toda. Renan é desses que gosta de circular, vai querer aparecer. Quando ela sair... eu dou um jeito de cruzar. Vou chamar ela no canto. Nem que for no estacionamento, mas vou falar. Não vou deixar passar.”
a cabeça fervendo.
Mas o orgulho... esse já tava ferido. E o medo?
De já ter perdido ela de vez...
Engoli o whisky de uma vez, tentei me recompor. Mas a mente não saía dali:
Como falar com ela? Como reverter esse jogo?
Porque uma coisa eu tinha certeza:
Não ia aceitar ver Hadassa virando mulher de outro homem.
Ainda mais aquele Renan.
Não mesmo.
Deixei a Viviane com as mulheres dos caras mais a frente e fiquei com os caras mais atrás, porém minha visão estava só no outro camarote. Ela estava toda toda, Desgraçada, filha da puta. Renan toda hora puxava ela pela nuca e falava umas graças no ouvido dela e ela só ria, tava gostando...
Kaio: Po irmão, tu tá dando muita pinta. - disse só pra eu ouvir.
Henrique: Eu vou sumir com esse cara, papo reto.
Kaio: Ta maluco, H? Tua mulher aí pô.
Henrique: Que mulher? Aô, se mete não, kaizin. Quando aquele comédia sumir, tu vai na tua mina e vai dizer pra ela ir pro estacionamento com a Hadassa.
Kaio: Vou ficar te devendo essa, irmãozinho. Aquela mina é mandada pô. Olha como ela tá ali, cheio de fogo com vagabundo, quero papo com essa mandada não. Tô cheio de ódio da cara dela já
Henrique: toma no cú, caralho...

Viviane narrando...
A quadra fervendo, geral curtindo, o show pegando fogo... mas eu, de canto de olho, já tava percebendo.
Henrique tava esquisito.
Desde que a gente entrou, ele ficou estranho.
No começo até disfarçou — pegou whisky, cumprimentou uns conhecidos, ficou no canto. Mas depois... sei lá. O olhar dele começou a mudar. Dava pra ver que a cabeça dele não tava ali.
Eu falava, tentava puxar um papo ou outro... ele só respondia no automático, seco.
De vez em quando olhava pro outro camarote. Olhar fixo. Parecia procurando alguém.
"Tem alguma coisa aí...”, pensei. Mulher sente essas coisas. Não é só intuição, é olhar, é jeito, é presença.
E foi só bater o olho na cena:
Ela.
Aquela tal de Hadassa. Bonita, gostosa, não posso negar. Tava ali, de vestido colado, grudada com o Renan.
Mas o que me chamou atenção foi o olhar do Henrique. Quando viu ela beijando o outro, o homem ficou branco. Sério. Mudei até de posição, fiquei observando. Ele fingia normalidade, mas a mão no copo tremia.
Não é possível... Será que tô vendo coisa ou realmente é isso mesmo?. Acho que tô vendo coisa, tanto tempo sem beber... Não era só ele olhando pra ela, a maioria dos caras ali presente. A mulher é linda e chama atenção mesmo. E homem olha, mas porra, na cara de pau? Botei meu copo na mesa e fui na direção dele.

✨Hadassa✨Donde viven las historias. Descúbrelo ahora