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Ele me contou tudo, detalhe por detalhe...
Eu tô tentando respirar. Juro que tô. Mas tem uma coisa aqui dentro... que não solta. Parece que alguém enfiou a mão dentro do meu peito e apertou meu coração com tanta força, que ele virou só um caco pulsando.
Eu me sinto idiota.
Ridícula.
Como é que eu não percebi? Como é que eu acreditei em tudo? Nos “tô cansado”, “tô no corre”, “tô sem cabeça hoje”. E eu ali, compreensiva, passando pano, achando que era fase, que era estresse.
E o pior... é que eu tava feliz.
Eu tava confiando.
Achando que, sei lá, dessa vez era de verdade.
Tô com raiva dele.
Mas tô com mais raiva de mim.
Porque eu me entreguei, de corpo e alma. E ele... ele dividiu o que era nosso com outra. Fez da minha confiança um pano de chão.
Eu me lembro de tudo agora, com uma dor tão nítida...
O jeito que ele me beijava e parecia tão presente.
O olhar dele, tão convincente.
As noites que ele dormiu aqui comigo, sabendo que tava mentindo.
Tem hora que eu fico com vontade de gritar, de quebrar tudo, de sair correndo e sumir.
Mas aí eu só deito… e choro.
Choro baixinho, com medo de todo mundo ouvir o quanto eu fui feita de trouxa.
E ao mesmo tempo… dói mais ainda porque eu amo esse homem, olha que loucura.
Mesmo sabendo que nada era real.
Mesmo sabendo que, talvez, nem era comigo que ele queria estar.
É como se eu tivesse morrido um pouco.
E ninguém viu.
Porque a traição mata. Não o corpo… mas a parte que mais importa: a alma da gente.
Hoje, eu tô machucada.
Tô cansada.
Tô em pedaços.
Mas amanhã…
Amanhã talvez eu levante.
E comece a colar o que sobrou.
Por mim.
Pra mim.
Nunca mais por ninguém.

Hadassa narrando...
Assim que entrei pela casa da minha mãe , soltei o ar como se tivesse corrido uma maratona. Encostei as costas na parede da varanda, segurei Akira no colo, e só ali percebi que meu coração tava disparado. Não era calor. Não era cansaço. Era ele. Era Henrique.
Ver aquele homem de novo me desestabilizou num nível que nem na Bahia eu senti.
Ele tava igual. O mesmo olhar carregado, o mesmo jeito de me ler por dentro sem dizer uma palavra.
E quando nossos olhos se cruzaram ali na sorveteria…
Parecia que o tempo congelou.
Parecia que todo o esforço que eu fiz pra me reconstruir desmoronou por um segundo.
Mas só por um segundo.
Akira arfando ainda empolgada, como se tivesse saído de um reencontro.
Pra ela, foi festa.
Pra mim, foi um soco.
Mas eu sei que minha volta pra cá seria assim e isso não é nada do que tá por vim. Eu sei que vou ter que lidar com o que arrumei pra minha vida e eu tô preparada pra tudo... Ou não. Mas de uma coisa eu tenho certeza, eu voltei mais forte e não é qualquer coisa que vai me desestabilizar.
Nem sempre o gostar/amar é motivo pra gente aceitar certo tipo de coisas e situações. Hoje vou ficar na minha mãe pois tô cansada, precisando descansar e não tô afim de resolver pendências. Mas de uma coisa eu sei... Amanhã meu dia vai ser longo e eu vou precisar ser forte, vou ter que sustentar os problemas no peito.

✨Hadassa✨Where stories live. Discover now