✨Hadassa✨

135✨

Percebi Henrique travando do nada, olhei pra onde ele estava olhando paralisado. Entrava aquela menina que conheço tal de Hadassa e uma menina. Olhei pro Henrique de novo e ele continuava olhando com um olhar que dizia tantas coisas e eu conheço bem... Olhei pra entrada de novo e ela vinha andando e percebi que ela tá com uma barriguinha de grávida. A cachorra que ela segurava latia muito olhando pra cá. Até que por um momento a cachorra conseguiu sair do colo dela e veio correndo pro colo de Henrique. A cachorra lambia e cheirava ele todinho. Já tivemos um cachorro e fazia a mesma festa quando Henrique chegava em casa.
Lembrei do dia do baile da mangueira... Eu vi ele olhando pra ela a todo momento. Lembro que teve uma hora que questionei e tudo, disse que eu estava maluca. Eu sigo ela no Instagram a um tempão. Vi que passou um tempo na Bahia e foi esse tempo que esse homem mudou de um jeito... Só vivia bêbado e fumado. Henrique nunca foi muito de curtir baile, ultimamente estava indo todo fds. Estava muito mais frio. Nunca foi ignorante comigo, mas ultimamente estava sendo. Eu sabia que tinha algo por trás disso, sabia que tinha mulher... E agora tô começando a montar as peças do quebra cabeça. Teve uma vez que minha sobrinha disse que viu ele no baile conversando com uma mina de cabelo cacheado. Ela não tinha visto o rosto, mas viu que era baixinha e de cabelo cacheado. Era ela, com certeza. Mesmo na época da 48 ele vinha muito pra cá e as vezes ele não dizia, eu ficava sabendo pela minha sobrinha, que ama um baile e um bandido.
Ela entrou sem fazer barulho, mas meu marido pareceu mudar com a presença dela.
E os olhos dele?
Cravados nela.
Mas não de um jeito qualquer.
era surpresa.
Era reconhecimento.
Memória.
Saudade.
Ela não olhou pra mim, mas no começou ela cravou o olhar nele.
Mas a forma como ela manteve a cabeça erguida, como segurou a barriga com uma das mãos enquanto caminhava pro balcão…
Me doeu.
Porque eu entendi tudo.
Ela não precisava me dizer nada.
O corpo dela contava. O silêncio dela gritava.
Ela sabia de mim.
Mas eu…
eu só tava descobrindo ela agora.
E pelo jeito que ele olhou praquela barriga…
Não era só saudade.
Era dor.
Era culpa.
Era amor.
E eu ali.
Sentada.
Com o filho dele no colo.
E o coração estilhaçado…
sem ninguém notar o som da queda.