FINAL DA NOITE – ROCINHA
Já passava das três da manhã quando o pagode deu a última batida. O vocalista agradeceu, o público aplaudiu, e aos poucos o mirante começou a esvaziar. A galera da mesa de Henrique ainda resenhava, dando risada, mas ele e eu estavamos em outro ritmo — mais calados, mais grudados, mais íntimos.
Henrique pegou na minha mão e disse baixinho
— Bora.
Eu entendi sem perguntar. Me despedi do pessoal e da minha irmã. Descemos juntos pelas vielas da Rocinha, a moto dele estacionada num cantinho seguro, aonde estava os dois seguranças dele. O silêncio entre nós dois não era desconfortável — era denso, cheio de tudo que já tinham falado com os olhos naquela noite inteira
Assim que entramos na casa, ele trancou a porta e encostou em mim. Não teve pressa. Beijou com calma, como quem marca território e memória ao mesmo tempo.
Transamos mais uma vez. Dessa vez sem loucura, sem pressa. Foi intenso, mas sereno. Era mais do que corpo. Era alma tocando alma, como se nós dois tivéssemos guardado isso por muito tempo.
Dormimos abraçados, pele suada, respiração sincronizada.
Segunda feira.
Acordamos, tomamos banho juntos, transamos, tomamos banho de novo, tomamos café e chegou a hora de voltar pra realidade....
Henrique: Eu vou ir hoje de madrugada. Uber ta indo buscar sua irmã e tá vindo pra cá.
Hadassa: Ta bom!! - terminei de ajeitar minhas coisas. Óbvio que vou comprar as coisas que comprei aqui.
Henrique: Sem sumiço dessa vez em, se sumir vou mandar logo a tropa ir buscar. - me agarrou pelo pescoço e me deu um beijo.
Hadassa: olha... Eu não sei como vai ser daqui pra frente.
Henrique: Só não some, só isso. Nós vai vendo o que vai dar. Vou te deixar a vontade, tô ligado que você não quer levar as coisas mais a sério e tá tranquilo. Mas só não some, suave? - fiquei um tempo encarando ele e logo assenti com a cabeça.
Henrique: Bora, Uber chegou. - ele pegou minhas bolsas e saímos. Minha irmã estava já dentro do carro, olhava pela janela.
Hadassa: Se cuida, Henrique!
Henrique: E você também! Vamos se ver de novo, né?
Hadassa: vamos sim! - se beijamos e entrei no carro.
Hyurica: De volta a realidade agora, gatinha...
Hadassa: Foi bom, mas foi ontem... Agora só bora. - ele ficou lá parado, não sei por quanto tempo. As ruas da Rocinha já tinha saído de cenário e vamos de volta pra realidade.
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✨Hadassa✨
Short Story✨Que o destino traçou Que não me deixa em paz Sou eu sua doença Você minha cura...✨
