Lá na favela da 48.... Narração em 3° pessoa
Viviane estava dentro de casa nervosa com o confronto que rolava lá fora. Independente de não está mais com "Henrique" seu ex marido e pai do seu filho, ela ainda o amava e jamais ia querer perder seu amado.
O telefone tocou e Viviane sentiu o corpo gelar. estava escrito "Dona Cida" era avó do seu ex marido. Atendeu com o coração já disparado, e do outro lado da linha, a voz trêmula da vó.
_ Viviane, o Henrique foi baleado, mas não foi tão grave. Levaram ele lá pra nova Holanda. Estou te avisando pois ele pediu e não é pra ficar preocupada, ok? Graças a Deus o pior não aconteceu.
Por um instante, o mundo parou. Ela largou o celular no sofá e sentiu as pernas falharem. O chão parecia ter sumido. O pai do seu filho. O homem que, mesmo com os tropeços, era parte da vida dela como ninguém nunca foi.
O peito apertado. Não era só preocupação. Era dor, medo... e culpa.
"A gente não tava mais junto, mas... ele é meu. Sempre foi meu."
Eles haviam se separado há poucos meses. Brigas, desentendimentos, cobranças. Um desgaste silencioso que foi matando a relação aos poucos. Mas amor? Isso nunca deixou de existir. Viviane só não sabia mais como fazer dar certo. E, no fundo, desconfiava que havia outra. Tinha ouvido uns papos estranhos, umas fotos que sumiram do Instagram, umas ausências esquisitas. Nada concreto, só o sexto sentido de mulher... que nunca falha.
Peguei o celular de novo e dona Cida ainda estava na linha.
Viviane: Dona cida, eu... Eu... Eu vou lá. - estava nervosa, minha voz mal saia.
Dona Cida: Minha filha, calma. Ele está fora de perigo e o tiro tá comendo solto ainda. Você não está em casa com o menino, então... Calma, espera.
Viviane: Quando a operação der uma acalmada, vou ligar pra Luana e pedir pra ela vim pra cá e eu vou pra Nh. - trocamos mais algumas palavras e desliguei.
"Eu não vou perder ele. Eu vou na NH. Eu vou lutar por essa família. Mesmo que tenha outra, mesmo que ele tenha se perdido um pouco... é agora que ele vai ver quem sempre esteve aqui."
Ela chorava sentada no sofá, sozinha.. o filho dormia no quarto.
"Deus, que nada de ruim aconteça. Me dá uma chance de consertar tudo... De ser melhor. De fazer por onde. Me dá uma chance com ele de novo."
Henrique narrando....
Acordei com a boca seca e o gosto de ferro na garganta. O teto era baixo, forro mofado, luz fraca piscando. A respiração vinha difícil, costurada de dor e morfina. A bala tinha pegado de raspão na coluna. Se tivesse entrado um pouco mais pro lado... já era.
Kaio: eai meu patrão, como tu tá? - chegou mais perto da maca. Os enfermeiros tudo ficaram de longe olhando. São tudo enfermeiros da clínica da família ou da UPA daqui da maré. Quando acontece uns bagulhos desse, os manos mandam logo buscar. Aqui tem umas paradas maneira, mas tá muito caído pô, bagulho tá esculachado. Vou dar um papo no alvarenga pra dar um trato nisso aqui. Já que nós não pode ir pra um bagulho mais pra cima, nossa clínica clandestina tem que com um suporte maneiro, nós merece pô.
Henrique: Tô vivo. Eai, o que pegou lá na favela?
Kaio: mesmo ko de sempre, perdemos uns bagulhos maneiro, desfalque vai ser grande.
Henrique: Já era de se esperar essa pica aí. Operação do nada não tem como evitar dor de cabeça. Alguém morreu?
Kaio: Só uns vapor que foi presos, morte não. Depois nós desenrola isso aí. Se liga... Já avisei tua família lá do ko.
Henrique: Correto!
Kaio: E tem outra... - coçou a cabeça - acho que tua novinha, irmã da mina que tô pegando já tá sabendo do ocorrido. Hyurica me mandou várias mensagens sobre o ocorrido, sei nem como ela ficou sabendo. Respondi ela por alto só.
Henrique: bota aí na conversa da tua mina. - ele mexeu no celular e logo me passou. Comecei gravar um áudio.
" Ae hyurica, Henrique aqui. Avisa tua irmã que perdi meu celular, mas tô bem na medida do possível. Avisa ela que foi dessa vez não e que ela vai ter que me aturar ainda. - soltei uma risada com dificuldade por conta da dor. - um abraço aí e cuida dessa morena aí pra mim em."
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✨Hadassa✨
Short Story✨Que o destino traçou Que não me deixa em paz Sou eu sua doença Você minha cura...✨
