Narração em terceira pessoa...
O carro seguia pela Avenida Dom Hélder, e o som do pagode que antes animava a noite agora parecia ecoar distante na memória. Hadassa tava no banco do carona, quieta, olhando pela janela como se procurasse alguma saída naquela cidade que nunca dorme.
Renan dirigia com uma mão só no volante, a outra apoiada no joelho. De vez em quando, olhava de rabo de olho pra ela, esperando alguma reação, alguma palavra, qualquer coisa. Mas Hadassa só respirava fundo, mexia nos dedos e encarava o reflexo no vidro. O rosto sério, a boca levemente trincada. A cabeça… longe.
Ela não conseguia parar de pensar em Henrique. No olhar dele. No jeito que ele falou que tava apaixonado. Na presença dele tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe. Tinha sido intenso. De novo. E sempre era.
E agora, ali, dentro do carro com um homem que tinha tudo pra dar certo, ela se sentia... vazia.
Renan tentou quebrar o silêncio.
Renan: tu não vai dizer nada? Depois de tudo que eu vi ali? - Já estavam na vk. Ele deixou primeiro as meninas em casa e por último Hadassa.
Ela piscou devagar, mas não respondeu de cara. Só quando o carro virou a rua da casa dela, na Vila Kennedy, é que ela finalmente se virou.
Hadassa: Para um minuto aí no portão.
Renan olhou estranho, mas encostou o carro.
Hadassa respirou fundo. O coração acelerado. A coragem coçando no peito. E a verdade, empurrando a garganta.
Hadassa: Eu vou te falar um bagulho, Renan… não sou dessas de fazer papel de sonsa.
Ele virou de frente pra ela, sério.
Renan: Fala então.
Hadassa: Aquilo que tu viu lá atrás… não foi só uma conversa simples e sim uma conversa mal resolvida. Não conheci Henrique nem hoje e nem ontem, ele faz parte já um tempo da minha vida. Sendo que hoje vi ele acompanhado da mulher dele e eu não sabia de nada. Eu e ele temos um passado...
Renan franziu a testa. — Passado ou presente?
Ela olhou nos olhos dele, sem fugir.
Hadassa: Presente demais pra ser esquecido. Mas confuso demais pra ser assumido.
Ele passou a língua nos lábios, respirando fundo. Ficou em silêncio por uns segundos antes de perguntar.
Henrique: você gosta dele? - hadassa ficou um tempo calada, até porque dentro dela estava uma confusão.
Hadassa: Eu não sei... Sinceramente. Não vou mentir, ver ele com uma outra pessoa hoje me balançou um pouco. Não sei se foi por conta da mentira ou ego ferido. Ta tudo muito confuso. Só que eu sei que não tem como dar certo. Ele é casado, tem filho, tem vida feita. E eu… tô tentando recomeçar a minha.
Ele assentiu e calado ficou.
Renan: Eu gostei de você, realmente. Te achei uma pessoa bem madura, sincera, engraçada e tem um bom papo. Mas eu não posso entrar nessa disputa, não com ele. Eu conheço Henrique de outros carnavais, então pra mim tô fora. Porém não quero perder o contato com você, tendeu? Podemos ser amigos e tô falando de coração mesmo.
Hadassa: Obrigada por entender! - trocaram mais umas palavras e foi isso. Ele abriu a porta do carro e saiu, deu a volta e abriu a porta dela. Ela desceu devagar, os olhos pesados. Ele segurou a maçaneta e olhou pra ela.
Renan: qualquer coisa se precisar pode contar comigo, ok? E não vou querer perder o contato com você não. E sobre vocês dois... Você merece o que você acha de melhor pra você e não se contenta com pouco não. Tu é foda e sou mais você em tudo. - Hadassa o abraçou abraçou e agradeceu pela conversa e pela noite.
E Hadassa… ficou ali no portão de casa. Sozinha. Coração na mão.
Porque às vezes, pra ser verdadeira com alguém, a gente precisa se quebrar primeiro.

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✨Hadassa✨
Short Story✨Que o destino traçou Que não me deixa em paz Sou eu sua doença Você minha cura...✨