**Capítulo 36**

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Maratona 02/03

Fiquei uma cota do caralho abraçado com a minha mãe, sem dizer nada. Parecia um sonho aquilo tudo mesmo.

Porra, eu finalmente estava aqui com a minha mãe, com a mulher mais importante da minha vida, pô. Dava pra acreditar não.

Ana: Eu tava com tanta saudades tua, Rafael...tu não tem noção!

Neguinho: Todo dia ela vinha querendo saber parada tua, ou se tu já tinha liberado pra ela te visitar.

Sinistro: Ala, quero a senhora dentro daquele presídio não. Tu não merece, pô, não merece.

Ela negou com a cabeça se afastando de mim, e secou as lágrimas. Olhei pro lado ainda vendo aquela menina me olhando estranho, com o cabo de vassoura na mão.

Sinistro: Na moral sua peste, ainda vou meter essa vassoura na tua goela, caralho. - falei serinho pra ela, com a cara fechadona mesmo.

- Só tenta que eu acabo de rachar sua cabeça ao meio com ela, euem. - retrucou, com a cara fechada também. Ala.

Ana: Rafaelly! Começa não em, porra!

Sinistro: Quem é essa peste aí, mãe?

Ana: Tua irmã...

Olhei pra ela na hora, nem entendendo nada mesmo. Ih.

Sinistro: Como é que é, tá tirando né? - ela negou com a cabeça, e eu fiquei mais confuso ainda.

Ana: Engravidei dela alguns anos depois de tu ter sido preso...

Cruzei os braços, e olhei sério pro Neguinho, que só virou o rosto pra mim.

Sinistro: Por que tu não disse isso antes, seu filho de uma puta? - me aproximei dele, e o cara já correu para o outro lado da sala.

Neguinho: Ia deixar tu saber disso só quando saísse...

Ana: Eu que pedi pra ele não contar, filho, então relaxa e nem pense em bater nele. - me olhou, e eu neguei com a cabeça.

Eu e Neguinho saia na porrada por qualquer merda, pô, e o bacana é que nossa amizade nunca acabou, e cada vez mais se fortalecia. Por mais que ele seja um cuzão, sei que me fortalece demais.

Mas naquele momento eu realmente queria socar um pouco a cara dele por esconder essa parada de mim.

Rafaelly: Pensei que não estaria mais aqui quando você saísse da prisão...- me olhando fazendo careta.

Sinistro: Nem sabia que você existia...

Rafaelly: Cresci ouvindo a mãe, o Ronaldo, e esse dai falando de você.

Sinistro: Falando no Ronaldo, cadê esse desgraçado?

Minha mãe olhou pro Neguinho na hora, que só abaixou a cabeça. Já tinha pegado tudo no ar, e como sempre comecei a ficar puto.

Sinistro: Qua foi, caralho? Vão continuar escondendo as paradas de mim mesmo, porra?

Ana: Eu não sei aonde seu irmão está, ok? Ele sumiu a dois anos com a mulher e o filho dele por aí, nunca mais ligou, ou deu notícias.

Sinistro: Por que não me falaram dessa porra também? Qual foi? Palhaçada esse bagulho.

Ana: Sinistro, você tava preso, cheio de problemas lá dentro, não iria levar mais um pra você.

Sinistro: Mas eu pelo menos deveria saber o que tinha rolado com o Ronaldo, né caralho? - já aumentei meu tom de voz, e ela me olhou fechando a cara.

Ana: Você não começa a gritar não, em! Tá achando que tá falando com quem, Rafael? - cruzou os braços, e eu só virei o rosto pra ela, me calando.

Ficou um silêncio do caralho ali na sala por maior cota mesmo. Só dava pra ouvir a menina lá resmungando alguns bagulhos que eu nem fazia questão de entender.

Sinistro: Depois eu vou falar com os caras pra tentar achar o Ronaldo...

Ana: Não, você não vai atrás disso, por que não quero mais saber do Ronaldo...

Sinistro: Ele te bateu outra vez, né? - ela ficou calada. - Não é? Caralho mãe...

O silêncio dela só me confirmou tudo, e saber daquilo só agora, me deixou mais nervoso do que eu já estava.

Odiava que escondiam parada seria de mim, pô, me deixa no puro ódio isso, na moral.

Neguinho: Ele espancou a tia maneiro pra poder pegar o relógio dela e comprar droga. Só que quando o Pirata ficou sabendo disso, foi atrás do Ronaldo, mas ele já tinha fugido.

Só balancei a cabeça e me sentei ali no sofá, tentando organizar meus pensamentos que estavam a milhão agora.

Diário de um DetentoOnde histórias criam vida. Descubra agora