Diário de um Detento

**Capítulo 87**

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• Magrão •

Olhava os caras ali no pátio conversando com seus parceiros e sentia mó falta do Sinistro.

Pô, que isso... Maior solidão mermo.

Saudades de ficar fofocando sobre os manos daqui de dentro, e falando mal de geral. Agora, só fico no meu canto pensando em altas paradas.

Tava todo pra baixo desde que ele foi embora, e até me arrependendo um pouco de não ter ido junto com ele.

Mas, pra que eu iria sair? Tenho mais ninguém lá fora. Faz mais sentido não!

Desde que a Ana Clara morreu, minha vida não tem mais sentido nenhum nessa porra. Vejo nem mais graça de continuar levando essa vida do caralho. Serinho mesmo.

Aquela mulher era tudo pra mim, pô. Tudo mesmo!

Conheci ela a uns anos, e já me apaixonei de cara. Nem acreditava nessas paradas de amor a primeira vista, mas assim que coloquei meus olhos naquela menina, senti maior parada boa, e de alguma maneira, sabia que era ela a mulher da minha vida.

Passamos por cada dificuldade, que ninguém tem noção. Só nós dois sabemos do que passamos pra depois ter alguns momentos de paz.

Depois que vim preso, parecia que tudo tinha mudado. Ela mudou! Mas meu amor por ela não!

Mesmo aqui dentro por anos, continuava amando ela igual a um maluco. Doidinho ainda por aquela garota!

E assim que ela me contou da doença, meu mundo acabou pô. Comecei já a pensar em um monte de merda, com um medo do caralho de perder aquela mulher.

Ela era tudo pra mim, tudo o que eu tinha. Não podia perder ela!

Fiquei cheio das neurose mesmo, com um pavor da porra. Conseguia nem dormir direito com medo de receber a notícia que eu já sabia que iria chegar pra mim.

E chegou... mãe dela que veio aqui dar a pior notícia da minha vida.

Ouvir que ela tinha ido foi o fim pra mim. Fiquei desesperado mesmo, sem saber o que fazer.

A única pessoa que eu tinha, se foi...

Me sentei em um dos bancos ali e fiquei vendo os manos com suas visitas.

Tava esperando o Neguinho, já que o cara desde que o Sinistro foi embora, agora vem me visitar, trazendo notícias lá de fora. E o melhor de tudo, trazendo minhas bolachas!

Ai, o mano fortalece demais mesmo, pô! Que isso...

Quando vi ele entrando ali, fiquei só esperando. Fizemos um toque e ele se sentou na minha frente.

Neguinho: Aí, tá de boa? - balancei a cabeça concordando. - Sinistro mandou falar que tá sentindo sua falta pra caralho, pô. Maior saudades mesmo.

Dei um sorriso de lado, e já fui abrindo uma bolacha salgada que ele tinha levado.

Ficamos trocando mó ideia ali sobre várias paradas e pá. Tava com maior consideração pelo Neguinho também, e sabia que era recíproco.

Cara é gente boa demais!

Ele falava sobre como estava o Sinistro e Jade lá fora, e tudo mais que rolava do outro lado do muro.

E eu assim que virei o rosto para olhar os outros caras ali, eu bati meu olhar em uma ruiva, que ria toda escandalosa enquanto conversava com o BN, o cara da cela da frente.

A menina ria que nem uma maluca, chamando a atenção de geral. Parecia uma retardada!

Mas na moral? Era lindona, pô.

Nunca tinha visto ela ali não, acho que era a primeira vez que ela estava por aqui. Ou já veio antes e eu nunca reparei.

A garota foi parando de rir, e eu com meu olhar cravado nela, enquanto mastigava minhas bolachas.

Até que ela olhou na minha direção, e parou seu olhar em mim também. Arqueou as sombrancelhaa fazendo uma careta, mas logo deu um sorrisinho de lado, desviando o olhar.

Ala.

Neguinho: Tá prestando a atenção no que, Magrão? Ih pô. - deu um tapinha na minha cabeça, e eu tirei o olhar da menina, desviando pra ele.

Magrão: Tava moscando, pô. - dei um sorriso falso, começando a prestar a atenção nele ali.

Com ele falando, eu ainda olhava as vezes para a menina lá, que também me olhava de vez em quando.

Menina tinha cara de uns 19 anos, não sei. Mas era bonitona mesmo, ainda mais com aqueles cabelos laranja dela destacando em tudo.

Ih, na moral, menina ficou na minha mente o resto do dia todo pô. Tava nem entendendo.

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Eu não tô querendo fazer uma história do Magrão não né?
Meo