**Capítulo 72**

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No domingo, Neguinho veio aí, fortalecendo como sempre pô. Trouxe vários bagulhos pra eu comer, inclusive notícias lá de fora.

Enquanto ele falava da minha mãe e da minha irmã, eu ficava ouvindo tudo, comendo as paradas que ele tinha levado ali pra mim.

Fiquei sabendo que Rafaelly tava metida em uma treta do caralho aí, que estavam envolvendo até os manos de patente alto do CDL.

Pelo o que o Neguinho estava falando, a menina, prima de um dos caras da facção, foi arranjar briga com a Rafaelly, e minha irmã sem paciência do jeito que é, meteu o cacete na menina, e a garota fez o que? Meteu os caras no meio, falando que ia chamar o primo pra deixar Rafaelly careca e levar uma surra.

Ala, deixo nem fodendo encostarem na minha irmã. A menina é uma peste, mas ninguém toca nessa garota não!

Assim que o Neguinho disse essa parada toda, já mandei ele avisar para os caras que se encostarem na minha irmã, o bagulho fica louco, pô.

A menina lá que tá errada e quer vir de caô. Tomar no cu, rapá.

Fico puto com um bagulho desses, na moral mesmo.

E minha mãe, Neguinho disse que tá de rolo sério mesmo com o engenheiro lá e pá. Fico feliz por ela, mas não confio naquele homem ainda não. Uma que eu nem conheço, e outra que não se pode confiar em ninguém hoje em dia.

Não é só porque a pessoa te trata bem e os caralhos que tu pode confiar nela, botando a mão no fogo de olhos fechados. Hoje em dia tá foda, cheio de vacilão por aí, pô.

Neguinho: Mas e aí, qual foi daquela parada ali, pô? - apontou com a cabeça, e eu olhei pra trás, vendo ainda o coração com meu vulgo e do Magrão dentro ali na parede daquele pátio.

Sinistro: Magrão que riscou isso daí ontem, pô. - dei risada, e ele fez careta.

Neguinho: Ala, tá me trocando mesmo. Mas firmeza Sinistro, os de verdade eu sei quem são. - fez jóia com a mão, abaixando a cabeça, e eu olhei pra ele serinho.

Sinistro: Ala, qual foi, Neguinho? Tu é um irmão pra mim, pô. Magrão também tem essa consideração de irmão e pá, mas tu sabe que a parada contigo é diferente.

Ele fez um bico lá, negando com a cabeça, e eu dei risada outra vez, dando um tapa na testa dele.

Sinistro: Mas e aí? Sabe algum bagulho da Jade?

Neguinho: Não descobri nada ainda, pô. Não sei nem aonde é a casa que a mulher mora, mas mandei uns crias aí ir atrás dessa parada pra mim. Mas ó, qualquer coisa te aviso, carai. Fica tranquilo.

Balancei a cabeça, e fiquei trocando maior ideia ali com ele. Dei uma olhada no pátio, e de longe vi o Magrão conversando com uma mulher lá.

O menor estava com uma cara estranha pra caralho, enquanto a mulher falava algumas paradas pra ele. Mas do nada, o cara parece que se revoltou com algo, e começou a jogar as coisas que estavam ali em cima da mesa de concreto, tudo no chão.

As comidas tudo foram para o chão, e vi até as bolachas dele indo também.

Na mesma hora eu já fiquei meio assim, e me levantei indo na direção dele. Neguinho me chamou algumas vezes perguntando aonde eu ia, mas eu nem respondi.

Cheguei perto do Magrão e o cara estava desnorteado, chorando pra caralho. Batia as mãos na mesa com força enquanto gritava, e já percebi o sangue escorrendo ali.

Sinistro: Qual foi, cara? - peguei ele por trás, segurando seus braços. O cara tentou se soltar, gritando mais, e eu só segurei ele mais força. - O que tá acontecendo, caralho?

Magrão: Me solta, Sinistro, porra! - gritou, tentando me empurrar.

Sinistro: Vou soltar porra nenhuma não, menor. O que tá rolando, cacete? - gritei também, travando os braços dele de uma vez.

O cara não me respondeu, apenas parou de se debater, e caiu de joelhos no chão, chorando mais ainda.

Eu não sabia o que fazer, já que não sabia que porra estava acontecendo.

Os guardas já estavam se aproximando, e todo mundo ali do pátio olhava sem entender porra nenhuma também.

Me agachei ao lado do Magrão, pegando no rosto dele.

Sinistro: O que rolou?

Magrão: A Ana...a Ana, ela morreu, pô. - disse baixo, e eu fechei os olhos, suspirando alto. - Ela morreu...

Eu não sabia o que dizer ali pra ele, naquele momento que eu sabia, e dava para perceber de longe que não estava sendo fácil, até porque esse cara amava aquela mina de um jeito puro pra caralho.

Então, sem dizer nada, eu abracei aquele moleque ali, meio sem jeito mesmo. Magrão encostou a cabeça em meu ombro e chorou por minutos.

Sinistro: Sinto muito, pô. - falei baixo, e ele negou com a cabeça.

Magrão: Ela me deixou, cara, ela...ela foi embora!

Antes mesmo que eu pudesse falar mais alguma parada, os guardas vieram e levaram o Magrão, que não parou de chorar por um momento.

Me levantei e dois guardas vieram na minha direção também, já com as algemas.

Sinistro: Ih...

- O detento precisa nos acompanhar até a sala do diretor. É uma ordem!

Eu fiquei sem entender mesmo, mas só deixei eles me algemarem, e me levarem dali.

Neguinho até tentou vir falar comigo pra tentar entender essa parada também, mas os caras não deixaram.

Fomos indo para a sala daquele verme do caralho, e eu só estava tentando saber o porquê de me levarem pra lá justo agora.

Assim que paramos na frente da sala, os caras abriram a porta e me empurraram ali dentro, fechando a porta logo em seguida.

Juliano: Bom dia, Wanderson, ou devo dizer... Rafael Menezes?!

Diário de um DetentoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora