**Capítulo 80**

23.9K 2.5K 801
                                    

+ 300 votos.
+ 170 comentários.

Semanas depois...

Já fazia três semanas que eu estava livre, em termos, já que não posso se quer sair da favela por conta que a polícia está rondando por aqui.

Até saiu no jornal que eu consegui fugir de Tremembé e essas paradas toda. Minha cara está estampada por todo lugar.

Tem até recompensa pra quem saber se quer alguma coisa sobre aonde eu estou!.

Ai já viu, né? Nem sair na rua normal agora eu posso. O povo fica me olhando torto, acho que querendo correr na polícia pra denunciar e ganhar a porra de 3 mil reais entregando minha cabeça.

Mas já passaram a visão que se falarem algo, para alguém daqui de fora, quando descobrirem, vão direto para o desenrolo. X9 aqui não, pô.

Esses dias atrás a polícia subiu aí, foi na casa da minha mãe e meteu mó pressão em cima da velha, querendo saber aonde eu estava.

Sorte mesmo é que nem morando lá eu estou. Só fui falar com ela quando cheguei, porque estava com saudades mesmo, mas depois logo arranjei um barraco pequeno pra mim e me enfiei nele.

O barraco da minha mãe já tá visado já, então só pedi para os caras arrumarem outro canto aqui pra ela, porque se não os caras vão tentar subir toda hora pra infernizar minha mãe.

Hoje mesmo minha mãe e Rafaelly já iriam se mudar para uma outra casa por aqui na favela mesmo, só que um pouco mais afastada da entrada e da antiga casa dela, pra não ter perigo mesmo.

Neguinho já tinha mandado alguns caras ir ajudar e pá. Logo mais ele já colava aqui.

Todo dia o mano vem me ver, pra ver se estou de boa, e dar notícias sobre a parada da Jade.

Semanas que os caras estão atrás do endereço dela, e até agora nada! Já estava ficando puto já, pô. Na moral mesmo.

Eu não podia ir atrás, já que estava sendo procurado, mas aqui mesmo dentro de casa ficava sabendo de tudo pelos caras.

Já estava vendo a parada de eu retornar de vez para o meu posto no comando. Quero meu lugar que eu sempre tive e já era pô!

Aonde eu mereço estar mesmo!

Por uma época eu já tinha comandado a Brasilândia, mas quando o PCC invadiu, e tomou quase metade desse bairro, a parada toda mudou e quem começou a tomar conta daqui foi um dos parentes altas da CDL.

Não podíamos perder aqui, já que era o maior ponto de droga nessa região. Se a gente perdesse, tava todo mundo fodido!

Neguinho: Rafael...- entrou em casa com tudo, todo afobado.

Sinistro: Qual foi, pô? Tá desse jeito aí porque? - cruzei os braços, olhando pra ele serinho.

Neguinho: O PN descobriu o endereço da casa que a Jade foi vista pela última vez...

Na mesma hora que ele disse isso, já me levantei todo pá, já me empolgando.

Sinistro: Então bora pra lá, pô.

Neguinho: Sinistro...tu tem certeza? É lá no centro, maior risco de tu ir preso, pô. - fez careta, e eu revirei os olhos. - E os caras falaram que esse endereço aí, é a casa do tal policial, noivo dela!

Sinistro: Tem caô não, Wellington. Quero achar a Jade logo e me resolver serinho com ela.

Neguinho: Mas a gente nem sabe se ela realmente está lá. É melhor mandar alguém ir ver primeiro.

Sinistro: Fica de boa, Neguinho, e vamo logo pra esse caralho. Se der merda, foi porque Deus quis assim.

Ele negou com a cabeça e foi saindo dali do barraco. Peguei minha ponto 40, e deixei na cintura, prontinho pra caso der alguma merda no caminho.

Mas se Deus quiser, vai dar em nada!

Diário de um DetentoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant