Diário de um Detento

**Capítulo 61**

+ 300 votos.
+ 170 comentários.

Os guardas me jogaram ali na solitária depois de me darem uma surra do caralho no corredor.

Tava todo estourado, mas tava de boa, felizin mesmo por ter amassado aquele cara, e ter descontado um pouco da raiva que sinto dele.

Estava sentado ali no chão, sabendo que iria ficar aqui pelo menos por uns 5 dias, sem comer nada, só bebendo água mesmo.

Foi assim da outra vez que eu vim, então acho que seria desse jeito novamente.

Pelo menos não fui para aquela outra salinha lá, ser torturado outra vez. Graças a Deus, pô.

Encostei minha cabeça ali na parede e fiquei pensando nos motivos de eu ter ido pra cima daquele filho da puta.

Fui por raiva mesmo, pela vontade de matar ele e também um pouco por não ter gostado de ouvir o que ele disse sobre a Jade.

Maluco acha mesmo que consegue comer a Jadeane, ala. Mina mete mó marra, nem sei como me deu confiança pra rolar o que já rolou entre a gente.

Bagulho doido!

Mas já deixei avisado pra mim mesmo que se ele um dia tentar fazer alguma parada com ela, sem a mina querer, me estouro de vez e acabo matando esse maluco da pior forma.

Tenho nada a perder aqui dentro. Pego mais alguns anos de cadeia e já era pô, só cumprir depois.

Depois de maior tempão ali dentro, pensando em altas paradas, ouvi a porta dali ser aberta e o diretor entrando ali, logo atrás a Jade.

A cara dela não tava a das melhores. Garota tava com a cara fechadona mesmo, e nem se quer olhava pra mim.

Juliano: Wanderson...pra primeiro de conversa, por que fez aquilo? - cruzou os braços.

Eu nem disse nada, fiquei calado na minha, e até virei o rosto nem se quer olhando pra esse comédia. Não devia satisfações pra esse cara estranho não, ala.

Ouvi a Jade falando algum bagulho baixo ali, mas nem se quer tive a vontade de prestar a atenção.

Mas logo depois ouvi a porta dali batendo, e percebi que aquele cara tinha saído.

Jade respirou fundo, e veio se aproximando devagar.

Jade: Por quê você fez aquilo? - perguntou baixo, se abaixando na minha frente.

Sinistro: Porque eu quis pô, euem.

Jade: Sinistro, eu vi o momento que você parou ao lado da rodinha que ele estava, e sei que você ouviu algum bagulho pra ter ido pra cima dele daquele jeito.

Eu nem dei bola, só continuei com o rosto virado, sem olhar pra ela.

Jade: Olha pra mim, inferno. - ela pegou no meu rosto, virando e me fazendo olhar pra cara dela. - O que ele disse?

Sinistro: Eu não vou falar não, pra depois de tu abrir a boca pra esse velho desgraçado aí?

Jade: Eu já disse que eu não falo nada pra ele, Sinistro, confia em mim...- pediu, olhando no meus olhos, e eu fiz careta. - O que ele disse? - insistiu, e eu bufei.

Sinistro: Ele disse...ele disse merda sobre você, pô. Falou várias paradas lá, e que não sei o que. Gostei não!

Jade: Sobre mim? Oxi...

Sinistro: É, pô. Cara sem noção mesmo. Parti pra cima dele porque já tava querendo amassar ele faz tempo.

Jade: Mas ficou com ciúmes do que ele falou de mim, e aí não se segurou. - falou dando risada, se sentando no chão em minha frente.

Sinistro: Ciúmes é o meu caralho, pô. Se liga, mulher. Ciúmes...doidona mesmo. - neguei com a cabeça, dando uma risada falsa.

Mulher tava maluca já achando que logo eu tava com ciúmes. Ala. Sinto ciúmes nem da minha mãe, quem dirá dela.

Jade: Tá, mas o que ele falou de mim?

Sinistro: Te chamou de cachorra e disse que não dá nem duas consultas pra estar de comendo naquela mesa lá. - fiz careta, e ela uma cara de nojo enorme.

Jade: Que cara nojento...

Sinistro: Ele fez alguma coisa contigo na consulta?

Jade: Não, só ficou me olhando de um jeito estranho, que na real? Me deu um pouco de medo.

Sinistro: Da um jeito de não atender mais ele, pô, serin. Cara não é gente boa não.

Jade: Eu não posso, Sinistro. Tu acha que é fácil assim? Euem.

Eu fiquei quieto, apenas neguei com a cabeça. Sabia que se ela continuasse atendendo aquele cuzão, uma hora ia dar merda, porque sei um pouco de como ele é, e tava ligado que ele iria tentar algo com ela.

E esse era um bagulho que eu não queria! De jeito nenhum, pô.