**Capítulo 89**

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Cai na cama mortão mesmo, e o sono já tava batendo, mas Jade nem deixou eu se quer dormir, já veio deitando nas minhas costas, passando as unhas ali.

Sinistro: Ó, se deixar marcado vou entender legal não.

Jade: Ué, tem alguém que não pode ver suas costas arranhadas? - fiquei em silêncio, e ela já saiu de cima de mim, deitando ao meu lado. - Sinistro?

Sinistro: O que é, porra? Euem, chatona mané. - bufei, negando com a cabeça.

Jade: Tu fica com outras? - perguntou baixo, olhando nos meus olhos. Ala.

Sinistro: Já fiquei, por quê?

Jade: Nada, euem. - fez careta. - Também fiquei com alguns caras nos pagodes que fui aqui na favela com a tua irmã.

Fiz belezinha com a mão pra ela, e fechei meus olhos pra tentar se quer dormir um pouco.

Tava cansadão mesmo. Já tinha acordado cedo, e depois de foda com a Jade, o cansaço me venceu legal.

Jade: Eu acho que...eu vou embora daqui!

Abri meus olhos na hora, olhando pra ela serinho. Ih pô.

Sinistro: Ala, qual foi, Jade? Tá maluca porra?

Jade: Minha mãe se mudou para Alagoas, e eu quero ir pra lá. - suspirou alto.

Sinistro: Ah não pô, que isso? - me sentei na cama, cruzando os braços. - Pra que disso, caralho?

Jade: Aqui eu nunca vou ter paz com o Leandro e a polícia atrás de mim e de você, cara. Eu não aguento mais me esconder, mal sair de casa, e quando eu saio o máximo é uma hora. Cansei disso!

Sinistro: Ala, tu cansou de mim? Beleza então, pô. Faz o que tu quiser ai.

Ela foi tentar falar mais algum bagulho, mas eu saí daquele quarto, pegando a fuzil do lado do sofá, logo saindo de casa.

Nem ia tentar impedir a Jade de ir embora. É a vida dela pô, e ela faz o que ela bem entender dessa porra.

Só não tava entendendo o porquê dela querer ir agora, justo agora que eu achei que as coisas entre nós dois ia mudar de vez.

Deveria ter ido antes, quando veio pra cá, no começo de tudo mesmo. Assim seria melhor.

Uma parada que eu não entendo de jeito nenhum é a cabeça das mulheres. Sei lá, pô.

Uma hora parece que estão de boa, querendo um bagulho mais sério, mas nos momentos seguintes já estão querendo mudar tudo essa porra, e até ir embora.

Euem, bagulho de louco mesmo!

Continuei subindo aquela favela, na direção da boca, e no caminho já encontrei o Neguinho, conversando com uma mina loira lá, mas assim que me viu, deixou a menina falando sozinha, e veio na minha direção.

Neguinho: Aí, qual foi? Tá de boa, pô? - fez um toque comigo, e eu neguei com a cabeça. - Ih, o que rolou?

Sinistro: Estresse demais pra minha cabeça.

Neguinho: É parada com Jadirene né? - concordei. - Ih...

Na hora que abri a boca pra começar a conversar com ele sobre essas paradas, ouvi um tiro, e logo em seguida um dos olheiros gritando no rádio que era a polícia subindo.

Neguinho perguntou se o Leandro estava junto, e o cara gritou outra vez, confirmando.

Neguinho: Melhor tu ir pra casa se esconder, Sinistro...

Sinistro: Ala, vou nada. É hoje que eu pego esse filho da puta, pô.

Ele respirou fundo, e eu já fui subindo na laje de uma das casas ali. Neguinho veio atrás, se abaixando por conta dos tiros.

Tava no ódio por aquele filho da puta do Leandro pô, doidinho pra pegar esse arrombado. Com sangue nos olhos mesmo.

Pulava de laje em laje, sempre me abaixando pra não tomar tiro. Atirava em alguns policiais que eu via tentando subir, mas nada do Leandro.

Tava maior trocação, e descendo, já via alguns corpos de moradores jogados no chão sem vida já.

Ai, maior parada.

Ficava malzão vendo esses bagulhos. Dava não!

- Aí Sinistro...- um dos caras me chamou no rádio, e eu me deitei em cima da laje que eu estava, prestando a atenção nele. - Melhor tu vir aqui na pracinha da entrada. Serião mesmo...

Ai na moral, assim que eu ouvi essa parada, meu ódio já subiu por pensar que poderia ser o Leandro fazendo alguma merda.

Fui descendo com o Neguinho até chegar perto da pracinha, e desci da laje que eu estava, mas ele ficou ali, atento pra qualquer merda. Os tiros ainda rolavam, mas lá pra cima. Aqui em baixo, não se ouvia muito tiro não.

Assim que consegui ver o que tava rolando na pracinha. Eu respirei bem fundo, tentando me controlar.

Leandro estava ali naquela porra, com uma arma apontada na cabeça da Rafaelly, fazendo ela de refém.

A menina por incrível que pareça não estava chorando desesperada. Apenas olhava para o Leandro, debochando da cara dele apenas com o olhar.

Leandro: Finalmente...- disse assim que me viu. - Estava esperando essa porra a meses já.

Sinistro: Aí pô, solta ela aí na moral. Essa parada é entre eu e você, caralho. - continuei apontando minha arma pra ele, que deu risada.

Leandro: Cadê a Jade?

Fiquei em silêncio, e ele negou com a cabeça, destravando a arma.

Leandro: Tu vai mesmo escolher aquela vagabunda, em vez da tua irmã?

Quando eu fui responder, só ouvi a voz dela gritando mais pra cima do morro.

Olhei pra ela na hora, negando com a cabeça, mas ela me ignorou.

Sinistro: Jade caralho...- gritei, respirando fundo. - Tu tá maluca, porra?

Jade: To aqui, Leandro. Agora tem como soltar a menina? Por favor...- se aproximou do cara, enquanto chorava.

Depois daquilo só ouvi dois disparos, e vi a Rafaelly caindo no chão. E quando fui correr até ela, outro disparo veio, e eu só senti a bala perfurando minha barriga...

Diário de um DetentoOnde histórias criam vida. Descubra agora