**Capítulo 78**

22.6K 2.5K 1.5K
                                    

+ 300 votos.
+ 170 comentários.

• Sinistro •

Dias depois...

A cada dia que se passava ali dentro, eu ficava contando até a hora da parada toda, e repassando o plano todo por minha cabeça.

Tinha que dar tudo certo, pô! Podia ter erro não. Qualquer merda que rolasse, pegaria mais anos aqui dentro e já era pra mim.

Sempre quis sim cumprir minha pena toda, sem tentar fugir, ou diminuir a pena, mas é que agora a parada é outra!

Antes quando queria ficar, tinha na cabeça que era só mais alguns anos e já era, eu estaria livre.

Mas com essa merda toda que está acontecendo, sei que vou pegar mais uns 10 anos, e sinceramente não estou mais aguentando ficar aqui nessa porra.

Uma que tô sendo visado já pelo PCC, e outra que lá fora quero ir atrás da Jade, trocar um papo serinho com ela e tentar entender que porra que ela fez.

Ai na moral, não vejo a hora de finalmente sair daqui.

Sinistro: Tá tudo pronto pra mais tarde? - olhei para o Magrão, que olhava para o chão, com uma cara super estranha. - Qual foi, pô?

Magrão: Aí Sinistro, não sei se quero ir hoje não...- me olhou, fazendo uma careta. - Pô, tô no maior pressentimento ruim, tá ligado? Quero ir não. E pô, pra que eu vou sair? Tenho mais ninguém lá fora! Prefiro ficar aqui dentro com os manos, e cumprir a pena que resta de boa mesmo.

Sinistro: Ah não, Magrão, vou sem tu não, pô. Ala. - cruzei os braços.

Magrão: Pode ir mano, vai na fé. Tu tem bagulho pra resolver lá fora, e o mais importante...tu tem família lá fora, pô. Vai, e fica de boa.

Sinistro: Magrão...na moral, velho.

Magrão: Tô falando, pô. Vai! Eu vou ficar bem aqui. Quando eu sair, vou atrás de tu.

Neguei com a cabeça bufando, e me ajeitei ali na minha cama.

Queria ir sem ele não, pô. Mas já que o cara não queria sair dessa porra aqui, eu tinha que ir sozinho mesmo.

Agora só pedir pra Deus preteger esse mano aqui dentro!

******

Já tinha escurecido fazia uma cota grande já. Provavelmente estava de madrugada, pois não tinha mais barulho nenhum nas outras celas, ou os guardas gritando com os manos.

Ali na nossa cela, só estava eu e o Magrão acordados, o resto já estava roncando e dormindo pesado mesmo.

Estava a espera do guarda comprado que iria vir me tirar daqui.

Magrão já tinha rezado pra caralho, pedindo pro mano lá de cima proteção pra mim enquanto saia daqui, e principalmente quando eu estivesse lá fora.

Tava já nervoso, e ansioso pra porra esperando o cara vir.

E quando veio, me levantei da minha cama devagar, junto com o Magrão.

Magrão: Aí, na moralzinha Sinistro, fica bem lá fora, pô. - me abraçou apertado, e eu sorri pra ele.

Sinistro: E tu fica de boa aqui dentro em, vacilão. Logo mais nós se vê lá fora...

Ele balançou a cabeça e já percebi que o cara estava segurando o choro. Ala.

O guardinha abriu a cela bem devagar, tentando não fazer barulho. Tinha mais dois ali com ele, olhando atentos para os lados.

Sai da cela e fiz um sinal para o Magrão, que fez um coração com as mãos pra mim.

Ai, ia sentir falta demais desse cara, pô, na moral mesmo.

Fui andando com os guardas até um corredor lá, cheio de canos na parede. Os caras abriram uma tampa enorme ali que dava para o bueiro.

- Segue reto, até tu começar a ouvir o barulho dos carros passando por cima de ti. Ali já vai ser a avenida principal, e assim que tu sair, vai ter um carro azul te esperando lá.

Sinistro: Tô ligado nisso já, pô. Valeu aí. - fiz um jóia pra eles, e entrei no esgoto.

É, finalmente minha liberdade estava vindo! Não do jeito que eu queria, mas estava vindo!

Diário de um DetentoWhere stories live. Discover now