**Capítulo 62**

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Jade: Você tá todo estourado...- passou a mão devagar por meu rosto, fazendo uma careta. - Te bateram?

Sinistro: Esses guardas, filhos de uma puta mesmo. Tão fodidos se eu pego eles pra amassar também. - bufei, negando com a cabeça.

Jade: Não mandei tu ir brigar com aquele cara né.

Sinistro: Qual foi, parceira? Fui te defender e tu tá nessa? Euem, garota. - tirei a mão dela do meu rosto, e ela revirou os olhos.

Jade: Eu sei disso, e obrigado, de verdade mesmo. Só que as vezes é preciso você ignorar certo tipo de coisa pra não se foder depois, Sinistro.

Respirei fundo e nem dei bola pra ela. Garota mó doida, defendi ela, me fodi por isso e ela vem com uma dessas? Euem caralho.

Me fodi, mas não me arrependi!

Cara merecia pelo menos uma surra a anos, pô. Tava prometendo faz tempo, e hoje finalmente cumpri, mas não matei a vontade de acabar com aquele desgraçado de uma vez.

Aquele porra merece morrer mesmo, pra caralho pô!

Jade: Eu vou ter que ir já, mas vou dar um jeito de te levarem pelo menos na enfermaria pra cuidar desses machucados aí.

Ela se inclinou pra frente, e me deu um selinho demorado. Eu nem me movi, só vi ela se levantando logo em seguida e saindo dali.

Trancaram a porta, e eu suspirei alto, fazendo uma careta.

O pior de ficar ali é que eu não tinha porra nenhuma pra fazer, e nessas horas até sentia falta do Magrão na minha orelha fofocando sobre os bagulhos que acontece aqui no presídio.

Solitária é foda mesmo, pô. Da não!

Mas se fosse pra vir pra cá outra vez, depois de dar uma outra surra naquele arrombado, eu não pensaria duas vezes.

O prazer que eu senti socando a cara daquele porra foi um bagulho foda pra caralho, mermão.

Coisa que eu não sentia a anos já.

Antes de cair, vivia socando os manos que vacilavam contra a CDL. Era uma parada boa, tá ligado? Descontava os bagulhos ruins que eu sentia naquela pessoa que merecia estar levando uma surra.

E o melhor era que eu nem me sentia mal, ou com a consciência pesada depois de tudo, já que eu tinha na minha cabeça que aquela pessoa tinha apanhado porque merecia, e porque era o certo a se fazer.

******

Acho que depois de algumas horas ali dentro, dois guardas vieram me buscar aqui nessa porra, e foram me levando em direção a enfermaria.

E não é que aquela mulher conseguiu essa porra? Ala, pô, tá com moral mermo.

Me deixaram dentro da salinha, e saíram dali fechando a porta, certamente ficando ali no corredor pra caso qualquer bagulho.

Uma ruiva entrou na sala também, com uma prancheta em mãos. Ela anotava alguma parada ali, enquanto eu, mesmo sem a intenção, reparava no corpo maneirinho dela.

A calça jeans branca marcava a bundona dela, e mesmo com o jaleco, percebi que a mulher tinha peito pra caralho também.

Essa mina era nova, porque nunca tinha visto ela por aqui não, ou só se quando eu vinha, não era o plantão dela.

- Wanderson Oliveira, certo?

Eu olhei pra ela confuso, mas logo me toquei que aquele era meu nome falso ali dentro.

Sinistro: Isso mesmo, pô, isso mesmo. - respondi baixo, e ela sorriu.

- Sou a Vanessa, enfermeira do plantão da manhã. - balancei a cabeça. - Levou uma surra feia, em. - fez uma careta, se aproximando de mim.

Ela deixou a prancheta de lado, e ficou olhando para os meus machucados.

Meu rosto eu sentia todo dolorido, e o sangue que escorria pelo pequeno corte em minha testa já tinha secado a maior cota.

A tal da Vanessa colocou luvas de látex e pegou alguns bagulhos ali pra limpar os machucados e acho que pra fazer os curativos.

Vanessa: Tu tá preso aqui dentro a quanto tempo? - perguntou, enquanto molhava o algodão com o soro.

Sinistro: A uns anos já, pô. Por quê?

Vanessa: Sério? Trabalho a dois anos aqui e nunca te vi.

Sinistro: É a quinta vez que venho pra enfermaria em quase 15 anos aqui dentro. - fiz careta assim que ela passou o algodão molhado na minha testa.

Vanessa: Seu vulgo?

Sinistro: É, Sinistro, pô. - respondi baixo, e logo resmunguei de dor.

Vanessa: Vulgo interessante. - falou dando risada.

Sinistro: Igual eu, carai.

Nós ficou conversando sobre alguns bagulhos bem aleatórios ali, enquanto ela limpava os machucados e fazia os curativos.

Mulher até que era maneirinha mesmo, pô. Tinha um papo bom.

Quando ela finalmente terminou de cuidar de tudo, eu me levantei da maca, ajeitando meus pulsos nas algemas que estavam apertadas pra caralho.

Sinistro: Aí foi uma satisfação conhecer tu, pô.

Vanessa: A satisfação foi toda minha...

Diário de um DetentoWhere stories live. Discover now